Anne 59

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Sem pensar, me inclinei um pouco para frente e alcancei sua mão, com um pouco mais de força do que desejava. 

Envolvi meus dedos nela, apertando com vontade sua pele e me acalmando um pouco ao sentir, novamente, o contato entre nós dois.

Era curioso como o toque dele me acalmava em certos momentos, e em outros me acendia. Mas eu não queria filosofar sobre aquilo.

Bruno pareceu se iluminar um pouco com meu ato, e eu sabia o porquê. 

Era a primeira vez que a atitude de procurá-lo, de diminuir a distância entre nós, havia partido de mim e não dele. 

Era a primeira vez que eu não esperava passivamente pelas suas decisões, e principalmente, era a primeira vez que eu demonstrava o que sentia por ele. 

– Me fale sobre a sua família. 

Os papéis haviam se invertido. Agora, era eu quem tentava passar confiança a ele. Era eu quem tentava conseguir dele alguma reação, alguma interação, mas ele, diferentemente de mim, me deu o que eu pedia. 

Bruno falou das pessoas que eu conheceria. 

Contou que cada um deles estavam espalhados pelo mundo, representando e tomando conta, em diferentes países, das empresas de seu pai. Pelo que ele deu a entender, passaríamos o Natal em uma festa pequena que incluía seus pais, uma irmã e seu marido, um irmão solteiro e nós dois, o que me fez ficar animada com o fato de que não haveria uma enorme quantidade de pessoas para me julgar como a mais nova biscate caça-fortunas da família. 

Enquanto ele falava, seus dedos voltaram a passear de forma suave pela minha mão, correndo pelas costas dela em pontos especificamente agradáveis, pela palma em círculos perfeitos, chegando ao pulso e parte interna do meu antebraço. Eu estava atenta a tudo que ele dizia, mas seu toque começou a tirar minha concentração assim que aceitei tomar uma (e só uma!) taça de algum vinho escolhido por ele. 

Não entendia o motivo daquilo, porque seus movimentos não eram fortes ou insinuantes. Era óbvio que grande parte daquelas sensações me assolavam por causa do pouco de vinho ingerido, suficiente para fazer com que eu me "soltasse", mas era como se Bruno remetesse ao ato de fazer amor através de simples toques, estimulando cada nó dos meus dedos, cada fio desencapado por baixo da minha pele, desenhando metodicamente em mim formas estranhas mas, ao mesmo tempo, incrivelmente sensuais. 

Comecei a sentir uma excitação crescente, e me dei conta de que tudo o que ele havia feito se resumia a tocar na porra da minha mão.

Cheguei à conclusão de que estava mais perdida do que imaginava.

Era um pouco antes das 23h quando finalmente chegamos ao apartamento dele. Durante todo o percurso do restaurante até o prédio, não deixei de pensar um segundo sequer em como diabos Bruno havia conseguido, com um carinho inocente na mão, me deixar completamente acesa de uma forma que ele mesmo parecia não saber. 

Fitei-o pelo canto do olho cada vez que parávamos em um cruzamento, encontrando-o descansando a cabeça no encosto de seu assento com os olhos fechados, então me dei conta de que ele devia estar realmente exausto e nem um pouco interessado em sexo aquela noite.

Merda. 

– Primeiro as damas. 

Entrei no apartamento escuro, tateando em busca do interruptor. Bruno o encontrou primeiro, acendendo as luzes e evitando que eu desse com o nariz na parede. 

Caminhei para o quarto onde estavam minhas coisas e ele me seguiu. 

– Você não tem outras malas, né? - Ele perguntou, olhando para as várias bolsas e sacolas deixadas no canto do quarto. 

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora