Anne 11

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Eu notei que ele estava contrariado, então tentei mudar de assunto. 

– Já que estamos aproveitando pra conhecer um pouco mais um do outro, qual é a sua cor favorita?
– Depende. Em você, vermelho.
Corei, feliz por saber que ele não podia ver minha vergonha.
– Sua cor favorita em geral.
– Preto. E a sua?
– Azul. Me dá paz. - Respondi.
– Azul me dá sono.
– E preto é muito sombrio. 

Ele riu, deixando-nos ficar em silêncio por mais algum tempo. 

– Qual é sua flor favorita? - Ele perguntou.
– Nossa, essa é difícil. Não sei, gosto de qualquer flor.
– Tem que ter uma favorita.
– Na verdade, não tenho. Acho qualquer flor linda.
– Hum. - Ele disse, finalmente cansado de conversar.

Eu sabia que ele estava exausto, mas aquela conversa era agradável, e eu não queria que ele dormisse. Queria saber mais dele, mais de sua personalidade.

– Que dia é o seu aniversário? - Tentei retomar nosso jogo de perguntas e respostas.
– 20 de junho. E o seu?
– 13 de setembro.
– 13 de setembro? Tipo semana que vem? - Ele levantou a cabeça, me encarando.
– Já é semana que vem? Eu não sabia. - Respondi, verdadeiramente surpresa. 
– Hoje é dia 7 de setembro. 

Me perguntei quando foi que comecei a esquecer a aproximação de meus próprios aniversários. Ele voltou a repousar sua cabeça em meu peito. 

– Vai ter festa? Vou ser convidado?
– Não vai ter festa, e se tivesse você não seria convidado. - Respondi.
– Por quê? - Ele perguntou, olhando-me como um cachorrinho rejeitado.
– Porque agora eu sei o quanto você odeia festas. - Sorri.
– Não gosto dos tipos de festa para as quais sou convidado. Mas se você me chamar, eu venho. - Ele sorriu para mim, e por algum motivo eu tive a certeza de que, se eu fizesse isso, ele realmente viria.
– Não vai ter festa. Vou sair.
– Pra onde?
– Por aí. - Respondi - Vou aproveitar a folga e sumir. Além do mais, eu não ia gostar de ser a aniversariante e todas as meninas olhassem só pra você. Ele riu com gosto.
– Não posso fazer nada se desperto os desejos mais íntimos e pecaminosos nas mulheres. Era verdade. Ele não podia fazer nada mesmo.
– Você é muito convencido. - Falei, enquanto passava o dedo indicador pela extensão de seu nariz, empregando uma voz falsamente crítica. 

– Pare de me criticar. Você me adora. - Ele respondeu, brincando.
– Adoro... - Suspirei baixo, ainda brincando com seu nariz. 

Eu me sentia confortável, mesmo naquela posição. Seria normal começar a sentir minhas pernas formigando, porque eu não me movia fazia algum tempo, mas eu não sentia nada além de um prazer genuíno e inocente por estar na companhia dele. Meu dedo deixou seu nariz, deslizando em vários pontos de seu rosto perfeito, até parar em seus lábios finos. Eu não sabia por que estava fazendo aquilo, mas de qualquer forma, me deixei levar. 

Ainda de olhos fechados, ele moveu seus lábios fechados, quase imperceptivelmente. Repetiu o movimento algumas vezes, cada vez com mais intensidade, então reparei que ele estava beijando, com muita delicadeza, a ponta do meu dedo. Sem pensar muito, forcei um pouco o indicador por entre seus lábios. 

Ele abriu-os um pouco, permitindo que meu dedo, pequeno para qualquer dimensão do corpo dele, entrasse completamente em sua boca. Bruno fechou os lábios em volta de minha pele, então fez algum tipo de força com a língua, deslizando-o de volta para fora, completamente molhado.  Não sei por que aquilo me excitou. Era um ato bobo, e ele estava só deixando um rastro com a sua língua no meu dedo! 

Não era como se ele estivesse lambendo minha barriga ou algum ponto mais sensível do meu corpo. Mesmo assim, eu estava, definitivamente, hipnotizada com o movimento que ele repetia. Uma, duas, três vezes, sem nem se dar conta do que estava fazendo comigo. Como se já não fosse o suficiente, ele soltou seu braço esquerdo da minha cintura, segurando minha mão na sua e, dessa vez, chupando meu dedo com vontade. 

Um depois do outro, ele repetiu o movimento com os cinco dedos em minha mão, e eu tentava manter minha respiração estável enquanto ele brincava compenetrado com a minha mão. 

– Você vai me deixar viciado em amêndoas, sabia?
– Bruno...
– Hum?
– Você disse... que não ia me tocar... 

Ele parou abruptamente o que fazia com meus dedos, colocando minha mão repousada no colchão, enquanto fazia menção de se levantar. 

– Desculpa, eu só estava... - Ele começou.
– Tudo bem, eu não me importo... De fazer. 

Ele ficou de joelhos entre minhas pernas, me olhando com curiosidade. 

– Como não se imp...
– Não me importo se for com você. 

Minha voz saiu fraca. Eu devia estar ficando louca em revelar aquilo a ele, mas as palavras simplesmente jorravam de minha boca, como se tivessem vida própria. Tentei diminuir a frequência de minha respiração, sem muito sucesso, enquanto esperava alguma resposta dele. 

– Não diz isso. - Ele enfim falou.
– É a verdade!
– Ninha... Por favor... - Ele repetiu, de olhos fechados - Não diz isso.
– Por quê? - Falei, em uma voz meio esganiçada. - É a verdade!
– Eu disse que não ia mais fazer isso com você...
– E eu te digo que não me importo!
– Você se importa!
– Você não responde por mim! - Toquei suavemente no rosto dele.
– Porra, Anne, não faz isso! - Ele abriu os olhos e então eu entendi o motivo por sua relutância em aceitar minhas palavras. Assim que a íris dourada de seus olhos apareceram, eu vi um desejo latente neles. 

A exclusividade de poder me tocar, diferentemente dos outros clientes, o excitava. Ele era diferente dos outros, e sabia muito bem disso. Eu o tratava de forma diferente, eu acabara de revelar a ele que só ele podia fazer o que todos faziam sem que eu odiasse cada segundo. E ele estava perdendo o controle por isso.

– Eu vou embora. - Ele disse, tirando minha mão de seu rosto e pegando a camisa amassada de cima da cama. - Vou te dar tempo pra pensar no que você está dizendo.
– Eu não preciso pensar. - Falei, em um tom ainda mais baixo agora.
– Precisa sim. - Ele colocava com violência a camisa, procurando por seus sapatos.
– Não vai. Por favor. 

Ele parou, de costas para mim, na frente da cama, com a respiração pesada pelo momentâneo descontrole, parecendo imobilizado pelo meu pedido. Fiquei encarando suas costas por um momento, ainda sentada na mesma posição, enquanto ele não se movia. Finalmente, engatinhei até ele, abraçando-o timidamente por trás e encostando nossos corpos. 

Ignorei a corrente elétrica que passou por todo o meu corpo, e continuei abraçada a ele. Aproveitei que sua camisa estava aberta para tocar em sua barriga e em seu peito com as mãos espalmadas, fazendo círculos delicados pela superfície de sua pele.  

Quando me certifiquei que ele não apresentava mais resistência, puxei devagar a camisa por seus ombros, jogando-a de qualquer jeito em cima da cama novamente. e abri o botão de sua calça enquanto depositava beijos molhados em suas costas.  

Bruno segurou minhas mãos que trabalhavam em seu zíper, agora apertando-as contra sua ereção enquanto jogava a cabeça para trás. Segurei seu membro entre as duas mãos, por cima do tecido, tentando fazer os movimentos certos, e ouvi-o gemer baixo, como se quisesse se controlar. Parei os movimentos e abaixei sua calça juntamente com a boxer que ele usava, finalmente conseguindo envolvê-lo da forma certa com minhas mãos, enquanto continuava a beijá-lo na pele das costas. Senti sua respiração pesada, enquanto ele fazia muita força para falar. 

– Eu não quero fazer isso!
– Seu brinquedinho não parece dizer isso. - Falei, entre um beijo e outro.
– Por favor... 

Virei-o de frente para mim, prendendo seu rosto em minhas mãos e encarando-o nos olhos. Nossos rostos estavam tão próximos que meu nariz tocava o dele. 

– Eu quero. - Falei, sabendo que depois me arrependeria de confessar isso a ele. 

Seus olhos pareciam presos aos meus, e a vontade quase incontrolável de beijá-lo me tomou subitamente. Reparei que a boca dele estava um pouco aberta, puxando e soltando o ar por ali, seus lábios mais vermelhos do que o normal. 

Antes que eu pudesse reagir, ele me puxou pela cintura e deslizou sua boca para meu pescoço, mordendo e beijando intensamente a pele próxima à minha orelha. 

A sensação que sua barba rala me dava era quase delirante, e a única coisa que consegui fazer foi me agarrar aos seus cabelos, enquanto aceitava sua língua brincando em minha pele.

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora