Anne's POV

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Não consegui raciocinar por algum tempo. 

– Vamos ver o resto. - Ouvi outra vez sua voz atrás de mim, muito perto do meu ouvido. Tremi um pouco, caminhando de maneira mecânica para a escada. Chegamos ao andar de cima em um tipo de varanda para a área da piscina. Imaginei como seria uma festa naquele lugar. 

Mais à frente, entramos em um corredor amplo e comprido. Havia três portas à direita. A primeira pertencia a uma suíte de casal bastante confortável e já toda mobiliada. A segunda pertencia a um banheiro social, todo em mármore claro, com absolutamente tudo que um banheiro poderia ter. A última escondia um tipo de sala de vídeo, onde uma das paredes consistia, inteiramente, em um tipo de rack com um home theater e a maior tv que eu já havia visto em toda a minha vida. A outra parede era, de um lado ao outro, ocupado por um largo e gigantesco sofá preto, de aparência incrivelmente fofa, com travesseiros por todos os lados, inclusive jogados no tapete felpudo. Era praticamente um cinema particular. Ao final do corredor ficava a escada que daria para o andar de baixo, no hall de entrada, onde nossa bagagem continuava esperando. 

Exatamente em frente à sala de cinema, um corredor perpendicular mostrava mais três portas: duas do lado direito (com as janelas visíveis à frente da casa) e uma do esquerdo. Abri a primeira porta à direita e encontrei uma suíte de solteiro, neutra. Também totalmente mobiliada. 

Ao abrir a segunda porta, meu coração deu um salto. As paredes do quarto eram, na sua metade superior, brancas, e na inferior, de um amarelo muito suave. Os móveis incrivelmente delicados eram tão brancos e pequenos que pareciam sujáveis e quebráveis ao menor toque. No canto mais iluminado e suspenso por dois degraus havia um berço claro coberto por um mosquiteiro elegante e branco. Em volta, vários ursos de pelúcia e bonecas de todos os tipos davam ao ambiente uma aparência de conto de fadas. Aquele quarto pertencia, definitivamente, a uma princesa. 

– Amarelo é neutro. Não vamos precisar pintar de outra cor se das próximas vezes vierem meninos. 

Continuei pregada ali, encarando tudo de boca aberta. Já não me importava parecer uma idiota. Eu estava deslumbrada com aquilo, e não pretendia fingir naturalidade.

– Ahn... - Ele recomeçou, já que eu continuei na mesma posição por algum tempo, talvez sem respirar - Quer ver o nosso quarto?  

Não me mexi. Eu ainda analisava cada detalhe, por menor que ele fosse. O sofá com babados, a mesinha e cadeiras no estilo vitoriano, os cristais que pendiam do teto. O armário entalhado com minúcias, o tapete fofo redondo e até, meu Deus, um unicórnio colorido de balanço! 

– Amor? - Bruno insistiu, talvez com medo de que eu estivesse morta. Encarei-o um pouco aturdida. - Falta o nosso quarto... 

Me mexi por impulso, caminhando até a porta do outro lado da parede e abrindo-a sem esperar por ele. 

Era um quarto grande. Gigantesco. Seria fácil brincar de pique-pega ali dentro. Na parede oposta, de frente para a porta, ficava a cama de casal com lençóis em tons de bege e marrom. Ela era elevada em dois degraus, dando àquela peça um efeito superior ao resto do quarto. Havia muitos travesseiros arrumados de forma reta sobre o colchão, combinando com o edredom fofo. Atrás da cabeceira, apenas uma linha fina de luz dava um ar mais iluminado e claro à parede onde a cama ficava. Duas poltronas e uma luminária grande se dispunham a um canto para leitura. A tv fina, fixada à parede à frente da cama, era maior que a da sala. A parede à esquerda era lisa, com uma porta apenas, dando para o closet quase três vezes maior que o do apartamento antigo de Bruno. Na parede à direita, uma outra porta abria-se para um banheiro igualmente grande e espaçoso, com louças e mármores que se misturavam entre tons de preto, tabaco, bege e branco. A banheira era grande e redonda e ficava em um dos cantos. O box, imediatamente ao seu lado, era espaçoso e podia comportar facilmente dez pessoas ali dentro. Havia duas pias de mármore escuro separadas, uma para cada um dos ocupantes do quarto. O vaso sanitário era da mesma mármore. Havia ainda um banco de três lugares, duas bancadas e, como se não fosse suficiente, um minúsculo jardim. Voltei para o meio do quarto, e esse processo exigiu dez passos contados. E então, parei. Eu não sabia como agir. Não sabia o que fazer ou o que dizer. Não sabia sequer para onde olhar. 

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora