Anne's POV

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– É...

– Como não notou antes?

– Eu não sei. Provavelmente por achar ser impossível. 

– Os sintomas são bem óbvios. - Ela sorriu, achando realmente graça naquilo - Não sei como Bruno não notou. Ele é observador. 

Bruno. Ele não havia notado. Mas era hora dele saber o que eu sabia. 

– Não sei se devo contar a ele... - Comecei, pensando realmente pela primeira vez na possibilidade da notícia não ser recebida da forma positiva que minha imaginação ilustrava. Duda me olhou como se eu tivesse falado algum absurdo. 

– Como assim? Ele tem que saber! 

– A reação dele...

– Seja ela qual for, ele tem que saber! Ele é o pai. Você não fez isso sozinha.

Bruno é o pai. Do meu filho.

– Duda ele confiou em mim quando eu disse que não aconteceria... 

– Acidentes acontecem. Se você não esqueceu de tomar nenhuma pílula, então foi alguma outra coisa. Alguma coisa que vocês têm que descobrir juntos. 

– Mas... - Comecei, mas me calei quando tive a impressão de ver a paciência de Duda diminuindo. 

– Do que você tem medo afinal? - Ela perguntou, genuinamente confusa. Ela não sabia, mas eu estava receosa quanto a muitas coisas.

Bruno poderia se sentir enganado. Será que ele poderia achar que eu havia feito aquilo de propósito, unicamente para garantir que ele não me deixasse? Será que ele poderia achar que aquilo era algum tipo de golpe por interesse? Ou pior, achar que eu já estava grávida antes de encontrá-lo? Será que ele poderia pedir para que eu não tivesse aquele filho? O nosso filho?

– Você está bem? - Duda voltou a me perguntar, mas dessa vez, minha linha de raciocínio não foi interrompida. 

Eu não estava bem. Por que estava tendo aquelas dúvidas absurdas? Por que estava deixando que uma insegurança tão antiga voltasse com tanta força em um momento tão importante da minha vida? Bruno e eu trabalhamos nisso por algum tempo, eu não deveria cometer esse deslize. Por que eu estava pensando naquilo? Ele me amava. Deixava isso claro quase todos os dias, mesmo com minhas múltiplas personalidades por causa da gravidez. E mesmo que fosse uma gravidez que ele não soubesse, e mesmo que aquilo não tivesse sido planejado... Ele nunca, nunca reagiria daquela forma. Ele não era assim. Eu o conhecia. 

Duda se materializou na minha frente, me oferecendo um copo d'água.

– Você não está bem. Toma isso. 

Aceitei a oferta e bebi a água de uma vez. Ela me encarava como quem encara uma... grávida esquisita. Eu não poderia verbalizar aqueles medos a ela. Eu me sentiria constrangida até mesmo de cogitar aquelas possibilidades em voz alta. 

Principalmente para Duda.

Não sei o que você tem em mente, mas pelo que conheço de Bruno - que não é pouco - eu posso te dizer isso... 

E então, o celular dela tocou outra vez. E o que quer que ela fosse me falar ficaria para outra hora.

– Todo seu. - Ela falou, me estendendo o aparelho. 

– Quê? - Reagi assustada - O telefone é seu! Ele quer falar com você! 

– Ele quer falar sobre você. E tenho certeza que com você ele não vai ser um troglodita. 

Encarei-a, ainda receosa. 

– Ele nunca foi um troglodita... - Comecei, mas fui interrompida por um sorriso de vitória em seu rosto. 

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora