Às vezes se tornava óbvio o sentimento de culpa que ele carregava. Era como se estivesse ciente de uma dívida que tinha comigo, e parecia fazer questão de se lembrar mais do que eu mesma.
Eu acreditava. Acreditava nas suas intenções, acreditava que eu podia fazer bem a ele. Acreditava porque não era possível ver qualquer traço de mentira naqueles olhos. Eu confiava nele, estava pronta para correr o risco outra vez. Mesmo porque era a única coisa que eu podia fazer.
– Acredito.
Encerramos aquela discussão, pelo menos momentaneamente. Parecia errado optar pela preocupação quando tínhamos tantas coisas para desfrutar juntos. Mais do que isso, parecia estúpido. Eu jamais teria a certeza de que ele pertenceria sempre a mim, mas nenhuma mulher no mundo poderia estar certa disso também. Nesse aspecto, minha situação não era diferente da de ninguém.
E que falha seria se eu ficasse me lamentando quando, à minha frente, meu príncipe deixava claro que estava sempre inclinado a me fazer feliz.
Bruno me tocou um pouco mais à esquerda, dentro do meu corpo. Em um lugar conhecido, um lugar que pertencia mesmo ao seu toque. Meus olhos rolaram para trás nas órbitas, meu corpo tremendo com a eletricidade que percorria cada célula. Ele sabia onde me tocar; Ele me conhecia como ninguém. Bruno penetrou repetidamente daquela forma. Não eram necessárias muitas investidas quando ele alcançava aquele ponto particular, e segundos depois eu já estaria explodindo em um orgasmo induzido. Beijei-o com desespero, tornando o ato de respirar um pouco desafiador. Mas não importava.
A onda de prazer veio, como eu previra.
Tentei não gritar, abafando os gemidos altos contra sua boca. Os nós dos meus dedos já latejavam, e meus olhos estavam fechados com tanta força que também doíam.
Ignorei tudo isso para senti-lo plenamente mais uma vez.
Fiquei muito quieta, analisando a sensação de formigamento nas pontas dos meus dedos. Era interessante. Bruno, como eu, parecia um pouco ausente, provavelmente voltando de seu próprio clímax. Esperei em posição de mochila, ainda agarrada ao seu pescoço, não querendo quebrar a troca de calor entre nossos corpos.
Deixei de sentir o frio dos azulejos. O chuveiro foi ligado outra vez e as gotas passaram a cair nas minhas costas. Fazendo algum contorcionismo muito elaborado para que eu entendesse, Bruno alcançou o sabonete e o passou por toda a extensão das minhas costas. Estremeci um pouco com a sensação boa, desgrudando de seu pescoço para dar a ele uma melhor mobilidade. Deixei que ele ensaboasse meu corpo todo, apenas para ter a desculpa de fazer a mesma coisa com o dele. Não por luxúria, mas simplesmente porque eu queria senti-lo um pouco mais.
Depois de algum tempo saímos do box. Ele se secou, me secou - fazendo novamente com que eu me sentisse uma inválida e, ao mesmo tempo, não dando a menor importância para isso - e embrulhou a nós dois dentro de uma toalha fofa do tamanho de um lençol.
Ele me apertava em um abraço por trás e beijava meu pescoço de cinco em cinco segundos. Não falamos uma palavra sequer durante todo esse tempo.
Quando fiz menção de andar, Bruno me agarrou pela barriga e me levantou, de forma que meus pés não conseguissem mais tocar o chão, e então caminhou para fora do banheiro, nós dois ainda embrulhados na toalha como sardinhas.
Não consegui deixar de rir. Foi difícil fazer com que ele me largasse, por isso demorei um pouco para escolher uma roupa apropriada na minha mala. Finalmente constatei que havia trazido um suéter preto de gola alta, o que seria perfeito para cobrir minhas marcas.
Vesti uma das calças skinny e coloquei a mesma bota que usava quando cheguei em Londres. Antes de vestir o suéter, voltei ao banheiro para passar meu creme para hematomas, e quando entrei no quarto outra vez, o perfume não passou desapercebido para Bruno. Cinco minutos depois eu ainda estava lutando para tirá-lo de cima de mim na cama, lembrando-o que tinha que buscar produtos de limpeza para limpar a coisa nojenta que ainda estava do outro lado.
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De repente, amor
Romance♦ De repente, amor. Bruno é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Anne é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como...