Anne 66

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Olhei espantada para Diego. Por que ele havia dito aquilo? 

– Eu não... Não estou com ele por causa disso... 

– Diego - Jhulie olhou-o um pouco irritada - Faça suas piadas com quem já conhece você. 

– Querida, Diego tem um senso de humor um pouco gélido. Ele só estava brincando. Às vezes é difícil notar. - Hérica apressou-se em dizer, enquanto eu sentia meu rosto ferver.

Só então ele pareceu entender que sua "piada" não havia saído como o planejado. 

– É, é brincadeira! Eu só disse isso porque, até então, o interesseiro era eu. Mas eu estava brincando, sei que você não é. 

– Uau, ela está um tomate gigante. - Ouvi Arthur dizer. 

– Desculpa, era só brincadeira! - Diego repetiu, já parecendo um pouco desesperado.

– Tudo bem... - Falei numa voz baixa, e rezei para que eles parassem de olhar para mim.

Bruno levantou-se, cambaleando um pouco quando o fez.

– Vamos dormir. - Ele falou, me estendendo a mão, que agarrei sem pensar. Eu queria sair dali, queria sair da vista de todo mundo. - Mãe, por acaso sobrou alguma coisa daquele doce que a Ninha fez? 

Lembrei de ideia que ele tivera com relação àquela sobremesa quando estávamos em seu apartamento em Los Angeles, e me perguntei se seria possível ficar mais vermelha do que estava agora. Talvez eu tivesse me camuflado com a cor do meu próprio vestido. 

– Não, filho. Comi o último pedaço, se eu soubesse que você queria... 

– Não se preocupe, mãe. - Jhulie falou, com um sorriso sarcástico no rosto, se levantando também e olhando para Bruno, como se mantivessem uma conversa por telepatia - Ele só queria lambuzar a Anninha com aquela calda. Seu pervertido. 

– Jhulie, não seja esquisita. - Diego falou.

Mas Jhulie não estava sendo esquisita.

Como diabos ela sabia daquilo?

Bruno gargalhou e pronunciou um "boa noite" em voz alta, me puxando atrás de si. Me despedi olhando cada uma das pessoas que permaneceram na sala, e então já estávamos ao pé da escada.

Pensei que ele teria problemas com aquele obstáculo, mas me enganei.

Embora Bruno estivesse claramente alcoolizado, não chegava a estar assim tão mal. Ele abriu a porta do quarto e me deixou entrar primeiro, trancando-a em seguida. 

Eram 01:45h da manhã.

Sentei na cama, tentando me recompor de tudo que havia acontecido nos últimos minutos. Suspirei profundamente, sentindo a vida voltar às minhas veias agora que estava sozinha ali com Bruno.

Olhei-o e ele parecia concentrado em alguma batalha interna. Seus olhos estavam fechados, seu rosto sério e austero. Poderia até dizer que ele estava prestes a fazer um comunicado de vital importância para a Inglaterra inteira. Assim, quando ele abriu a boca, tive que rir. 

– Preciso mijar. 

Bruno rumou para o banheiro, um pouco trôpego, bastante alcoolizado, enquanto tirava seus sapatos no caminho e desabotoava os primeiros botões de sua camisa amarrotada.

Continuei olhando para o lugar onde ele estava. Sorri outra vez. 

Lembrei do que estava guardado e escondido dentro de minha bolsa, então me levantei indo de encontro a ela e tirando de lá o presente dele.

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora