Anne's POV

131 17 0
                                    

Eu sabia que essa seria a primeira palavra que Valentina diria, primeiro porque Bruno passava pelo menos meia hora todos os dias tentando fazê-la falar, e segundo porque entre "mamãe" e "papai", bom, eu simplesmente sabia o que viria primeiro de qualquer forma. Mas mesmo assim, ouvi-la dizer alguma coisa pela primeira vez era realmente maravilhoso.

A partir daquele dia, Valentina parecia uma metralhadora, atirando "papapa"s para todos os lados. Bruno se divertia horrores, e agora tentava fazer com que ela se aprimorasse na palavra "papai", dizendo-a com todas as letras certas. Ao invés disso, dois dias depois, ela chamou por mim, o que, tenho que confessar, quase me fez chorar de emoção. 

Nesse meio tempo, tivemos o aniversário de 1 ano de Jackson. Não era preciso Jhulie nos ameaçar de morte caso não comparecêssemos à festa: Robert e Bruno conseguiram tirar alguns dias na empresa para que todos pudéssemos dar "um pulinho" na França.

Àquela altura eu já tinha passaporte - coisas de Bruno e seus pauzinhos mexidos, que optei por não perguntar e só agradecer. A viagem foi tranquila. Como a distância entre os países da Europa era realmente pequena, em pouco tempo aterrissávamos em Paris, o que foi ótimo por não dar tempo a Valentina de se entediar com o interior do avião e começar a gritar palavras irreconhecíveis, tirando a paciência dos outros passageiros. 

Paris era realmente estonteante. Ficamos lá por três dias, mesmo que o aniversário de Jackson só tivesse sido no primeiro. Passeamos um pouco e conhecemos pontos turísticos, aproveitando o clima agradável do verão. Valentina pareceu gostar particularmente dos jardins coloridos, e eu tinha certeza que se Bruno não estivesse segurando-a durante todo o tempo, ela teria brincado e se esfregado na terra e na grama à primeira oportunidade. 

Bruno ganhou um presente fora de época de Diego: Uma camisa básica preta com os dizeres "Ne plaisante pas avec ma fille". 

A piada tinha sido ótima para todos ali que sabiam falar francês, o que me deixou com cara de idiota até que Arthur e seu lado gentil resolvesse traduzir a sentença para mim: "Não mexa com a minha filha". 

E então eu tive a oportunidade de ver uma das cenas mais adoráveis que já tinha visto na vida: Bruno com cara de gângster nos seus óculos escuros, usando aquela camisa "ameaçadora" com Valentina no colo em seu esplêndido vestidinho roxo de babados, dando risinhos de alegria por causa das borboletas que passeavam por ali. 

Vomitei arco-íris a viagem inteira, e antes que pudesse me recuperar, nossas "férias" já tinham chegado ao fim.

De volta à Inglaterra, porque nada estava tão bom que não pudesse melhorar, Valentina decidiu que queria começar a dar os primeiros passinhos. Suas perninhas estavam começando a criar firmeza: Ela andava quando alguém a segurava pelas mãos, mas nunca tinha caminhado por si só até um dia que, convencida de que já estava apta a mexer as próprias pernas como um atleta profissional, resolveu correr até Bruno assim que ele entrou no quarto. 

Ela estava em cima da cama e, obviamente, caiu no colchão. Mas não se importou. Achou inclusive a queda muito engraçada. Fiz menção em ajudá-la a se levantar, mas ela conseguiu fazer isso sozinha, se apoiando nas minhas pernas, e quando já estava de pé de novo, saiu andando outra vez. E outra vez caiu.

E a queda foi repetida muitas vezes, e em todas as vezes Valentina achava muito engraçado cair. 

– Ah, vamos lá. Você consegue! - Bruno encorajou-a esperando do outro lado do colchão. 

Ela tentou de novo. E de novo. Os braços abertos de Bruno eram um estímulo, e talvez por isso Valentina não desistisse. 

Demorou um tempo, mas não muito: Quando ela finalmente ficou de pé e deu mais passos do que já havia conseguido, se concentrando na tarefa de caminhar em linha reta - ou quase -, Bruno e eu torcemos em voz alta como pais corujas que éramos, e isso deve tê-la animado. Mas fizemos a festa mesmo quando ela alcançou os braços do pai e se jogou de qualquer jeito, como se fossem sua recompensa por um trabalho árduo tão bem feito.

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora