Bruno 9

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– Olá, senhor Bruno Coolin. - A garota disse, se insinuando. 

– Olá, mulher misteriosa. 

– Caroline, muito prazer. 

Se não fosse a ênfase no "muito" e a cara de "quero-você-entre-minhas-pernas", eu diria que ela estava apenas tentando puxar assunto. Mas a menina era direta. 

– Sabe que é um desperdício um homem como você sozinho? 

– Como sabe que estou sozinho? - Retruquei, bebendo minha dose de whisky. 

– Se não estivesse, sua acompanhante estaria agarrada ao seu pescoço pra se certificar de que ninguém viria até aqui tentá-lo. 

– Da forma como você está fazendo? 

Ela sorriu. A menina, Caroline ou Cristiane - não me lembrava muito bem - tinha um sorriso largo e bonito. Tinha cabelos lisos pretos com franjinha, olhos negros como jabuticabas e pele morena em um corpo fenomenal. Vestia um vestido muito justo azul que delineava todas as gloriosas curvas que Deus havia lhe dado. 

Conversamos por algum tempo e, conforme o tempo passava, eu ia me esquecendo do motivo de estar naquela palhaçada. As várias doses de whisky ajudaram, e Cristiane também me acompanhava, bebendo Marguerita e todas aquelas coisas feitas para mulheres. A conversa dela não era muito interessante, mas nada naquele lugar era. Felizmente o álcool tirou esse pensamento da minha cabeça, e depois de algum tempo a tal menina já se jogava sem pudores para cima de mim. 

– Aqui é muito chato... Que tal um lugar mais reservado? - Ela disse, já envolvendo os braços em meu pescoço. Eu estava leve e, depois de tantas investidas daquela morena escultural, levemente excitado. 

– Lugar reservado? - Perguntei - Aqui? Não acho que exista essa possibilidade. 

– Então acho que podemos procurar um outro lugar. Sabe, longe daqui. - E piscou para mim, lambendo de uma forma bastante promíscua o canudo da bebida em suas mãos. 

– Me dê um segundinho, querida. - Eu respondi, levantando e indo à busca de Duda. 

Ela estava bebendo água mineral enquanto conversava com um rapaz bem mais novo que ela. Chamei-a rapidamente e ela veio ao meu encontro. 

– Por onde andou? - Perguntou. 

– Pelo bar. Escuta, preciso ir. 

Ela entortou o nariz. 

– Quantas doses você bebeu? 

– Não muitas. Então, posso ir? 

– Claro que não! Você tem que dar uma resposta àqueles cavalheiros. - Ela apontou para um canto onde seis ou sete homens, todos de terno e gravata, conversavam e davam olhadelas em nossa direção. 

– Ok. - Falei com convicção - O que você achou? Vale a pena ou não? 

– Eu... Bem, eu acho que seria bom pra empresa... 

Não esperei que ela terminasse, já indo ao encontro do grupo de executivos. Senti Duda correndo logo atrás de mim em seus saltos altos. 

– Senhores, foi um prazer conversar com os senhores essa noite. Sinto-me muito feliz em dizer-lhes que nosso acordo está fechado. Foi também um prazer fazer negócio com os senhores. 

Eles começaram a falar alguma coisa, mas eu estava com pressa. 

– Infelizmente preciso ir embora. - Interrompi-os - Uma emergência, mas nada do que se preocupar. Minha secretária aqui - e dizendo isso, puxei Duda para minha frente - tratará dos detalhes com os senhores. Uma boa noite, cavalheiros. 

Sorri e saí andando. Duda puxou meu braço, falando agora ao meu ouvido: 

– Ok, espertinho. Eu vou ser muito legal e fazer o seu trabalho. Mas me diga aonde vai! 

– Vou pra casa. Tem uma morena fenomenal ali louquinha pra me dar, e eu não vou ficar conversando com esses pinguins velhos feios a noite toda. Não se preocupe, eu pego um táxi.

Duda me encarou sem dizer nada, e pude ver em seu olhar um traço inconfundível de pena. Era uma pena genuína, vinda de uma mulher feliz e realizada, com família e filhos, e mesmo em meu estado alcoolizado eu pude ver toda a pena que aquela mulher, com uma vida muito melhor que a minha, sentia de mim. 

Era um olhar que alguém feliz dava a alguém essencialmente miserável, e não me restou nada a não ser sentir pena de mim mesmo também. Virei de costas e caminhei. Eu queria sair daquele lugar, queria ir para longe daquele olhar que me fazia sentir vergonha de mim. Eu era infeliz e isso estava bastante claro, mas naquele momento, não queria pensar. Porque pensar exigia muito da minha força de vontade. 

O caminho mais fácil era para a saída da festa, onde a tal morena e um táxi já estavam à minha espera. Entrei no carro um pouco cambaleante e a única coisa que falei durante toda a viagem foi meu endereço para o homem que nos guiava pelas ruas escuras. Assim que entrei no meu apartamento logo atrás de Cristiane e fechei a porta, meu pescoço sofreu um ataque quase mortal da boca dela, que sugava cada pedaço de pele que eu tinha ali. Sem muitos rodeios ela alcançou meu zíper e o abriu enquanto me jogava contra a parede. Lutei para manter o equilíbrio já bastante prejudicado pelo álcool. 

 – Oooow, calma aí querida... 

Não sei se eu estava lento demais ou se a garota era extremamente rápida, mas depois do que pareciam ser uns cinco segundos ela abaixou as minhas calças junto com a boxer e deixou-as à altura dos meus tornozelos. Como se fosse a coisa mais banal do mundo, ela segurou meu pau com a mão direita e, olhando para mim com cara de depravada, começou a chupá-lo. E então eu não queria mais pensar. Ia deixar a coisa toda nas mãos daquela mulherzinha promíscua enquanto aproveitava. 

Não queria retribuir o prazer que recebia e esperava que ela não exigisse isso de mim. Naquele momento eu me permitiria ser completamente egoísta. Estava com os olhos fechados e com a cabeça apoiada na parede atrás de mim. Senti a garota levantar e sussurrar ao meu ouvido: 

– Quando é que você vai me mostrar o seu quarto?

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora