– Eu posso preparar alguma coisa pra você.
– Por que está me tratando como a sua boneca?
Ele me encarou surpreso.
– Eu não estou...
– Por que me trouxe pra cá?
– Não é óbvio?
– Não, não é.
Eu fazia força para que os tremores no meu corpo não afetassem minha voz, já que eu queria passar um mínimo de segurança.
– Eu quero que você fique aqui.
– Por quê? Pra tornar a brincadeira de me ignorar mais divertida?
– Não.
– Então por quê?
– Porque você tem que ficar aqui.
– Por que você não me dá motivos?
Ele suspirou.
– Eu preciso falar com você.
– Sobre o quê?
– Sobre mim.
Não, eu não fazia ideia do que ele tinha para dizer, mas o que quer que fosse, devia ser algo importante. Só pelo fato de Bruno se prestar a manter uma conversa comigo, coisa que ele parecia tentar evitar a qualquer custo nas últimas horas, eu poderia dizer que suas palavras deviam ser dignas de atenção.
– Troque de roupa. Jeans não são confortáveis para dormir.
– Eu não estou com sono. Você me deixou dormir demais.
Outra vez, ele suspirou.
– Por favor?
Continuei encarando-o por algum tempo, mas finalmente tomei a iniciativa de atender ao seu pedido. Virei-me pronta para ir até meu quarto e pegar alguma peça de roupa, mas ele interrompeu meus movimentos quando se dirigiu novamente a mim.
– Não, não quero que você use aquelas roupas.
Encarei-o outra vez.
– Então o que quer que eu use?
Como resposta, ele tirou a parte de cima do seu conjunto e me estendeu o casaco, tão grande quanto o que eu havia vestido na noite anterior. O perfume era o mesmo, o que fez com que meu coração desse um discreto pulo fora de compasso.
Sem mais delongas, entrei no banheiro do quarto e fiz a troca de roupas mais rápido do que o normal.
Pendurei minha blusa e minhas calças atrás da porta e saí, encontrando-o novamente virado para a janela, e a semelhança da cena me trouxe a lembrança fresca da noite passada na memória. Fui me sentar na cama e esperei que ele se aproximasse. Quando finalmente se sentou ao meu lado e de frente para mim, mais próximo do que meu autocontrole poderia lidar, as palavras que eu vinha tentando formular saíram de minha boca sem que eu pudesse tentar segurá-las.
– Eu não vou ficar aqui. - Comecei - Não sei o que você pretende com esse jogo, mas é melhor eu ir embora antes que...
– Você não vai a lugar nenhum.
Sua postura ficou imediatamente tensa, e tanto seus olhos quanto seu tom de voz acusavam que aquilo não era um pedido, mas sim uma ordem. Olhei-o espantada, pensando na resposta que daria a ele.
– Se eu for embora, o que você vai fazer? - Instiguei-o.
– Eu vou atrás de você outra vez, e juro que te acho.
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De repente, amor
Dragoste♦ De repente, amor. Bruno é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Anne é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como...