Anne 57

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Duda me olhou surpresa. 

– "Ela"? 

– Lauren. 

– Você sabe dela? 

– Sei. ele me contou, há algum tempo. 

Ela suspirou. 

– Sim, ele fazia isso com ela. 

Ela desviou o olhar, e eu fiz o mesmo. Estava claro que Duda também não gostava de Lauren, e estava claro que tinha motivos para isso.

– Bom... - Comecei, querendo mudar o assunto - Não posso comprar nada aqui, nem que eu quisesse. Acho que vou acabar gastando quase tudo o que tenho no presente dele. 

– Ah, sim... - Ela falou, se lembrando de alguma coisa e mexendo em sua bolsa. Quando tirou sua carteira e a abriu, me entregou um cartão e um papel pequeno. - Bruno pediu para que eu entregasse isso a você. A senha está anotada nesse papel. 

– Eu ganhei um cartão de crédito? 

– Ele pediu pra que tudo que você comprasse fosse pago nesse cartão. 

– Não vou usar isso. Eu só quero comprar um presente pra ele. 

 – Se você voltar sem nada eu corro o risco de ser demitida. 

Olhei-a espantada. 

– Isso é sério? 

– Bom, não. Mas ele vai mesmo ficar irritado. 

Suspirei. 

Como não tinha nada em mente, aceitei olhar algumas lojas de roupas femininas enquanto tentava ter alguma ideia do que dar a Bruno. Era bastante difícil pensar em alguma coisa, já que o presente em questão deveria ser dado a alguém que realmente já tinha de tudo.

Duda parecia me manipular a comprar coisas, dizendo que ela mesma precisava de roupas, mas só não saindo das lojas de mãos vazias porque carregava algumas das minhas sacolas. 

Comprei vestidos mais elegantes - me perguntando qual seria a maldita ocasião em que iria usá-los - além de alguns pares de sapatos, duas bolsas e mais casacos para o inverno. 

Jurei para mim mesma que xingaria Bruno até a morte quando o encontrasse. 

– Isso é ridículo. - Concluí. 

– Isso é exatamente como Bruno é. - Disse Duda, pagando ela mesma as compras com o cartão que agora era meu - Qualquer uma na sua posição aproveitaria a situação com um sorriso de orelha a orelha. Pelo menos eu aproveitaria. 

Eu sabia disso, mas não deixaria claro a ela que o motivo pelo qual eu não aproveitava a situação se dava pelo meu desconforto em, mais uma vez, parecer uma usurpadora ao lado de Bruno. 

Além disso, tínhamos todo um passado que envolvia gastos dele comigo, e talvez por algum trauma ou fosse o que fosse, vê-lo gastar rios de dinheiro por minha causa como se eu fosse seu fardo era um pouco humilhante. 

– Isso já é o suficiente. Se ele disser que eu deveria ter comprado mais coisas, vou fazê-lo engolir um desses sapatos. 

Duda riu despreocupada, e sempre que ela fazia isso eu me sentia automaticamente mais leve. 

– Você age de uma forma diferente da que eu pensei que agiria. 

Achei melhor não tentar entender o que ela quis dizer com aquilo. Como parecia não ser algo ruim, deixei para lá, me focando agora na primeira loja que vi à minha frente.

Era uma relojoaria exclusiva para homens. Olhei interrogativamente para Duda, como se pedisse um consentimento. 

– Já disse que pode comprar qualquer coisa. E não estou exagerando quando digo isso. 

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora