– Ei, Ninha! O que foi? - Diego veio sentar do meu lado, realmente sério.
– Nada. - Falei, me abanando com um guardanapo.
– Sua boca está completamente sem cor! O que foi?
– Nada!
– Arthur, chega aqui! - Ele gritou para o cunhado, que apareceu magicamente ao meu outro lado.
– O que você tem? - Ele perguntou, pegando de um dos garçons algo que parecia uma porção de penne aos quatro queijos e me oferecendo.
– Por favor, parem com isso... - Consegui falar, sentindo minha cabeça ferver e minhas mãos suarem - Você estão chamando atenção...
– Ok, então come isso. Sua pressão não está boa.
Com o único intuito de afastá-los, peguei o garfo tentando não tremer e enfiei um bolo de penne dentro da boca. Poderia ser isopor, e eu não saberia dizer a diferença.
Eles encostaram nas cadeiras, fingindo naturalidade mas ainda olhando discretamente para mim. Para minha surpresa, o mal estar que eu sentia foi melhorando aos poucos, e talvez fosse mesmo de um pouco de sal que eu estivesse precisando.
Respirei fundo algumas vezes, pensando em tudo que pudesse ajudar a me acalmar.
Primeiro, Bruno tinha dito para Lauren esquecê-lo. Eu tinha ouvido perfeitamente aquelas palavras, mesmo que tivesse que sair correndo depois.
Segundo, há alguns minutos atrás ele estava se declarando para mim e me pedindo para ficar com ele para sempre.
Terceiro, ele não me deixaria para ficar com outra: Eu carregava a filha dele, e pelo que me lembrava, ele era completamente apaixonado por ela.
Fui me acalmando aos poucos, até conseguir diminuir consideravelmente meus tremores. Escondi as mãos embaixo da mesa, fechando os olhos e tentando não lembrar do diálogo que havia acabado de presenciar. Arthur e Diego continuavam do meu lado, agora mais calmos por se darem conta de que aquilo havia sido "apenas" uma queda de pressão. Agradeci por Jhulie não estar ali. Do jeito que ela era, era capaz de notar que havia algo de muito errado comigo.
Eu estava suando, embora o tempo estivesse até bastante fresco. Olhei em volta, me perguntando onde Bruno estava que ainda não tinha voltado. Talvez tivesse ficado mais tempo conversando com aquele homem... E talvez tivesse mudado de ideia ou marcado um encontro com Lauren, nem que fosse para conversarem.
Engoli o choro que veio na garganta e esperei. Fui pega de surpresa quando ele chegou repentinamente, fazendo com que Diego se levantasse e sentando de qualquer jeito onde ele estava, ao meu lado. Ele pegou a dose de whisky que havia deixado sobre a mesa antes de sair para conversar e tomou-a de um só gole, já pegando outra dose de um dos garçons. Encarei-o, querendo interrogá-lo, mas não podia.
– O que ele queria? - Perguntei baixo, fingindo naturalidade, mas minha voz saiu ridiculamente trêmula. Felizmente, Bruno estava bêbado demais para notar isso.
– Encher o meu saco. - Ele disse, passando outra vez o braço esquerdo por trás das minhas costas e afagando meu ombro.
– Como assim? - Insisti, tentando lidar com as batidas do meu coração, tão pesadas que pareciam socos.
– Nada importante, amor. - Ele disse, me dando um beijo leve no canto dos lábios.
– Bruno... Me diz, por favor.
Ele me encarou e eu sorri falsamente, engolindo em seco e lutando contra as lágrimas. Agarrei inconscientemente o pano da sua calça, com tanta força que meus dedos doeram.
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De repente, amor
Romansa♦ De repente, amor. Bruno é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Anne é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como...