Anne 71

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Chegamos em Los Angeles por volta das 18h, o que correspondia às 2h da manhã em Londres. A viagem havia sido silenciosa, principalmente porque eu dormi na maior parte dela. Às vezes Bruno me perguntava o que eu havia realmente achado de lá, e não precisei falar muito para que ele entendesse que aquele havia se tornado o meu lugar favorito no mundo. Por causa de algum engarrafamento que não me preocupei em saber o motivo, chegamos ao prédio dele uma hora depois, às 19h. Embora não fosse tarde, o céu já estava escuro. 

– Obrigado, Marcos. - Ouvi-o agradecer ao porteiro que trouxe minha mala para cima. 

Fiquei parada atrás de Bruno, sorrindo debilmente para o homem. Estava muito sonolenta para agradecer também. 

– Tenham uma boa noite. - Ele falou sorrindo e se virou para pegar o elevador. Bruno pegou as duas malas e caminhou paro o corredor. O segui mecanicamente. Quando dei por mim, estávamos no quarto dele. 

– Minha mala fica no outro quarto. - Falei sem pensar - Pode deixar que eu levo... 

– Não - Ele me interrompeu, afastando minha mão - Você dorme aqui, não faz sentido sua mala ficar lá. 

– Mas sempre ficou...

– Mas sempre ficou errado. Vou separar o lado direito do closet pra você. Podemos fazer isso juntos amanhã. 

Eu não ia discutir. Se ele queria perder espaço no próprio quarto, tudo bem.

– Vou tomar um banho rápido. 

Assenti com a cabeça, ainda sonolenta, sentada na cama macia. Ele entrou no banheiro e antes que eu dormisse ali, sentada à sua espera, caminhei para o banheiro do outro quarto - o que não podia ser mais chamado de meu - e tomei um banho quente e rápido. 

Vesti um conjunto de moletom branco e voltei ao quarto dele, que ainda não tinha saído. Ainda estava muito cedo, mas mesmo assim eu queria dormir. A diferença de fusos horários estava mexendo com meu relógio biológico, então me sentia constantemente sonolenta. E o edredom macio era tão convidativo... 

Sem esperar por ele, me enfiei debaixo das cobertas fofas. Suspirei ao me aquecer ali. O perfume dele estava impregnado em cada tecido que havia naquela cama. Me cobri até o pescoço e enfiei o rosto no travesseiro dele, inspirando repetidamente como uma viciada. A porta foi aberta e senti uma súbita alegria simplesmente por estar no mesmo ambiente que ele. 

Quando Bruno saiu, parecia ter esquecido alguma coisa.

As roupas.

Suspirei outra vez, olhando os mínimos detalhes de cada centímetro de sua pele exposta. Ele secava com a toalha seus cabelos úmidos, e parecia extremamente confortável em aparecer daquela forma na minha frente. Era claro que àquela altura eu já deveria ter me acostumado em vê-lo nu, mas... Bem, eu não estava.

– Devo fazer algum comentário quanto à ausência de roupas em você? - Perguntei, trazendo o edredom até o rosto e deixando apenas os olhos à mostra, ainda varrendo-o de cima a baixo.

– Depende. Se for algo que vá me ridicularizar, não. Se for pra me chamar de gostoso, então tudo bem. - Ele respondeu com um sorriso cansado mas sincero, enquanto deixava a toalha molhada embolada em uma cadeira próxima e se aproximava de mim como um leopardo se aproxima da presa. 

– Hmmmmmpf... - Consegui dizer quando ele puxou o edredom e se deitou em cima de mim. 

– Eu costumo dormir assim. Achei que seria melhor deixar esse hábito de lado até você se acostumar. Mas agora já deu tempo, né? 

– É... - Respondi desatenta, fazendo que não com a cabeça. Ele riu da minha incoerência - Não está com frio? 

– Estou. Quer me esquentar? 

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora