– Arthur, não seja idiota. - Falei calmamente. Eu sabia que ele não estava falando sério.
Ele gargalhou alto.
– Eu só estava tirando um sarro, mas agora tive a certeza de que vocês transaram mesmo. Ninha, você é um perigo!
– Alguém aqui tinha que transar, Einstein. - Provoquei.
– Você e a mamãe brincam com a minha solidão. - Ele fingiu secar uma lágrima no canto do olho - Mas você eu posso mandar ir à merda.
Desviei da almofada que ele lançou em cima de mim. Quando finalmente resolveu nos deixar a sós de novo, me voltei para Anne.
– Desculpa. Só tem babaca na minha família.
– Não fale besteira. Sua família é maravilhosa.
Era verdade, e eu sabia disso. Mas se a brincadeira idiota de Arthur resultasse em falta de sexo aquela noite, ele acordaria na manhã seguinte sem as mãos.
– Quer ver tv no quarto? - Perguntei de forma cínica, beijando delicadamente sua orelha. - Lá ninguém vai encher o nosso saco.
Pensei que me ignoraria, mas quando ela respondeu "tudo bem", me coloquei de pé prontamente para ir embora dali. Desliguei a tv sem prestar muita atenção e deixei que ela fosse na frente, com os braços cruzados no peito para se aquecer.
– Vão querer jantar? - Minha mãe perguntou quando nos encontrou no hall.
– Não jantamos, mãe, obrigado. Vamos ver tv lá em cima.
– Bom, se tiverem fome de noite, tem muita coisa na geladeira.
Chegamos no quarto que apresentava agora um inconfundível perfume de limpeza. Tranquei a porta atrás de mim, arquitetando planos para aquela noite. Na verdade, não eram planos mirabolantes: No final, tudo se resumia a conseguir tê-la mais uma vez.
– Vou tomar um banho. - Falei, esperando um pouco por sua resposta. Mas ela só consentiu com a cabeça, sem dizer uma palavra. Por isso, insisti com um sorriso culpado no rosto - Quer me acompanhar?
– Não... - Ela riu, achando graça - Vai na frente. Eu vou depois.
Arthur realmente me pagaria.
Peguei um conjunto de moletom na mala e caminhei um pouco contrariado para o banheiro. Tomei um banho caprichado. Usei o melhor shampoo que estava ali - pelo menos o que eu achava melhor. Me ensaboei duas vezes e fiz a barba depois do banho. Escovei os dentes e passei uma colônia suave agradável. Pensei em tirar a parte de cima do conjunto, mas a noite estava realmente fria.
Entrei no quarto e a encontrei debaixo das cobertas, olhando para o teto. Quando notou minha presença ali, se desfez rapidamente do edredom enrolado em seu corpo e caminhou para o banheiro depois de pegar alguma peça de roupa em sua mala.
Liguei a tv e esperei pacientemente, passando pelos canais de forma distraída. Aumentei o aquecedor do quarto, pensando no desconforto que Anne sentiria ao sair de um banho quente e se chocar com um ambiente frio demais. Peguei um cobertor extra no armário e deixei ao pé da cama.
Voltei a sentar no meio dos travesseiros fofos, aumentando cada vez mais a sequência de canais. Cheguei ao ponto dos canais pornográficos, e me perguntei por que diabos minha mãe ainda não os tinha bloqueado. Eu queria acreditar que Arthur não teria coragem de pedir para que ela os mantivesse ali.
No próximo canal, um filme mostrava um convento. Algumas freiras passeavam para lá e para cá, e a cena cortou para algum diálogo entre uma delas e um padre. Eles falavam muito sobre castigos divinos e tentação, mas a conversa não fazia muito sentido.
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De repente, amor
Romance♦ De repente, amor. Bruno é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Anne é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como...