Anne 61

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Eu não saberia dizer se ele havia escutado, porque podia sentir seu estado de torpor, voltando de seu próprio orgasmo. 

Alisei os cabelos dele com os dedos, massageando levemente seu couro cabeludo que provavelmente doía pelos puxões que eu dava.

Enfiei o rosto no pescoço dele e por ali fiquei, sentindo as batidas do coração dele desacelerarem lentamente de encontro ao meu peito e sua respiração se tornar mais calma.

O silêncio era bom, principalmente quando ele estava perto de mim. Principalmente quando ele estava me abraçando, acariciando com as mãos espalmadas minhas costas, respirando na pele sensível do meu pescoço. 

Estava tão tranquila que um sonho começava a se formar dentro da minha cabeça, quando o senti levantar comigo ainda em seu colo.

Bruno ligou o chuveiro, mas não me mexi. Agarrada a ele como ímã de geladeira, deixei que a água morna escorresse pelas minhas costas, me acordando um pouco. Quando finalmente tomar banho se tornou uma tarefa muito complicada na posição em que nos encontrávamos, fui obrigada a me soltar dele. 

Nenhum de nós dois falou. O silêncio ainda era agradável, como se a primeira palavra que fosse dita quebrasse a sensação de romance e magia que flutuava sobre as nossas cabeças. Ele me secou outra vez, então me perguntei se aparentava ser incapaz de fazer isso por mim mesma. Mas não reclamei, porque tê-lo me tratando cheia de mimos era algo pelo qual eu sabia que muitas mulheres morreriam.

Nos vestimos rapidamente. Eu tentava não encará-lo, então não sabia se ele estava me observando ou não. Saí sem avisá-lo, rumo ao meu quarto para pegar uma calcinha e uma calça de pano fofa para a noite fria.

Quando voltei, encontrei-o esparramado na cama de barriga para cima, entre almofadas e várias camadas de lençol, edredom e cobertor. Me senti imediatamente culpada, odiando meu egoísmo e falta de cuidado em não pensar no cansaço que ele sentia.

Escalei a montanha de panos e almofadas, tentando não fazer com que o colchão se movesse muito, o que foi uma tarefa difícil já que dormir na cama de Bruno era quase como dormir em cima de uma gelatina gigante.

Sentei com cuidado ao seu lado e fiquei observando por algum tempo sua expressão serena, de olhos fechados e respiração calma.

Como se não fosse suficientemente cara-de-pau, ele abriu um dos olhos, mantendo o outro fechado, espiando para verificar se eu ainda estava viva, e fechando-o no momento em que me viu. 

– Eu ainda estou dormindo. Pode me beijar. Eu sei que você ia fazer isso.

Sorri com sinceridade e, como uma debiloide tive vontade de apertá-lo até seus olhos saltarem das órbitas por ser tão incrivelmente fofo.

Sem responder, me inclinei para mais perto dele e o beijei de forma suave no canto da boca. 

– Eu esperava línguas e arranhões, mas posso me contentar com isso. 

Bobo. 

Mas gostoso. 

– Durma. Eu já tomei muito do seu descanso. 

– Não foi nenhum sacrifício. Se quiser, pode abusar sexualmente de mim enquanto eu durmo.

– Vou pensar nisso. 

– Não vai me capar, não é? 

Sorri outra vez. 

– Não. 

– Que bom. 

Ao dizer isso, Bruno me virou na cama e me abraçou na nossa conhecida - e preferida - posição de concha. Meu sono agora já me tomava rapidamente, então me deixei levar mais uma vez pela sensação de tê-lo ali comigo, e me permiti relaxar. 

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora