Bruno's POV

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Eu pensei que minha "neura" com relação ao professor latino-filho-da-puta passaria com o tempo, mas estava enganado. A cada dia eu ia trabalhar odiando-o e imaginando de quantas maneiras diferentes ele poderia tentar seduzir a minha esposa. Era um ciúme doentio, imaturo e um pouco preocupante, eu admitia, mas estar longe enquanto o alvo do meu ciúme estava encochando Anne dentro da piscina da NOSSA casa ajudava a tornar tudo um pouco pior. Talvez o tempo pudesse ter ajudado a melhorar esse meu problema, mas isso não aconteceu. Não aconteceu porque eu não esperei. 

Na semana seguinte à sua primeira aula, cheguei uma hora mais cedo no trabalho propositalmente. Porque naquela segunda-feira, propositalmente, eu sairia uma hora mais cedo. Haviam se passado apenas três aulas. Eu chegaria de surpresa na quarta aula, imaginando encontrá-lo se esfregando na minha mulher enquanto a seduzia no seu maldito sotaque espanhol, e, por isso, já imaginando as várias formas de matá-lo no caminho para casa. Naquele dia minha mãe não estaria lá fazendo companhia para Anne. Aquele dia seria perfeito para um flagrante. Não que eu não confiasse dnela. Era NELE que eu não confiava. Ela estava emocionalmente abalada - e "hormonalmente" também -, e homens sãos uns filhos da puta oportunistas e espertos. Principalmente homens latinos, musculosos e professores de hidroginástica. 

Ao chegar na frente do portão de casa, mais ou menos às 19:30h, não entrei com o carro na garagem. Estacionei na calçada para não fazer barulho e alertá-lo da minha presença. Caminhei rapidamente, sem entretanto correr. Era uma forma que meu cérebro tinha achado para me fazer acreditar que eu não estava ansioso. Havia um carro na garagem. Provavelmente do sujeito. Entrei em casa, joguei minha pasta em qualquer lugar junto com a gravata e com o paletó, e rumei diretamente para a piscina. Estava pensando em uma entrada teatral, com um pé na porta e ameaças de morte, mas talvez eu estivesse exagerando. Talvez fosse melhor esperar para ver a cena com a qual eu me depararia. 

– Senhor Coolin! 

A empregada me recepcionou com surpresa, já com sua bolsa no ombro, pronta para ir embora. Talvez porque estivesse acobertando aquele safado, ou talvez porque eu nunca chegava em casa a tempo de encontrá-la ali mesmo.

– Boa noite, Emma. Anne está na piscina?

– Sim senhor.

Não dei explicações, simplesmente seguindo para lá. Ela veio atrás de mim, calada, parecendo calma demais para quem estava sendo cúmplice de uma safadeza daquelas. E então, ao entrar no aposento, encontrei Anne dentro da piscina com as mãos em um tipo de boia de espuma e o sujeito logo atrás dela. Muito próximo. Quase colado. Quase estuprando-a. Ok, eu estava exagerando. 

– Boa noite! - Gritei com minha voz mais máscula e grossa, e quase engasguei com a força que fiz. Ambos tiveram que se virar para me encarar, porque estavam de costas para mim. Ao me ver, Anne abriu um sorriso largo e inocente.

– Você chegou cedo! - Ela falou como uma menina feliz, mas pela primeira vez eu não estava olhando para ela. Estava olhando para o maldito latino. 

Ele era loiro. Loiro e mais bronzeado que eu. E tinha olhos verdes. E tinha uma argola de cigano, ou qualquer porra assim, em uma das orelhas. Era também mais alto que eu, e mais musculoso. E tinha, no máximo, 30 anos. E parecia um modelo saído da capa de uma revista de boa forma. Ah, sim: E estava grudado na MINHA mulher. Ela se virou para ele e informou-lhe que eu era o marido dela. Eu gostei daquilo. 

– Boa noite! - Ele falou, todo educado e sorridente. O desgraçado. 

– Então finalmente nos conhecemos. - Respondi, tentando parecer durão. 

– Pois é. A Anninha fala muito em você. 

Anninha? ANNINHA? QUE PORRA ERA AQUELA DE ANNINHA? 

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora