– Eu queria merecer você. Sei que te devo muitos pedidos de perdão, e sei que não mereço ser perdoado em nenhum deles. - Eu comecei, enquanto tentava ficar um pouco mais calmo ao insistir para mim mesmo que ela não fugiria de mim - Mas você tem que ser minha... Só minha...
Eu sabia que estava sendo um babaca por não parar de dar ordens, sendo que eu não tinha direito nenhum disso, mas não era como se eu estivesse tentando mandar nela. Anne sempre teria escolha comigo, em qualquer que fosse a questão.
Eu me impunha daquela forma não por abuso, mas sim por desespero.
Era como se meu instinto de sobrevivência falasse mais alto, e por isso mesmo eu tinha que parecer forte e decidido. Se ela me deixasse, se eu tivesse que tentar viver sem ela outra vez, seria como ter arrancado de mim uma parte vital, que me mantinha de pé.
Eu não podia permitir que arrancassem meu próprio coração.
Não era como se eu estivesse lutando por algo que eu desejava.
Embora eu a desejasse, era mais do que isso. Havia a necessidade de tê-la comigo. Eu simplesmente não seria forte o suficiente para vê-la se afastar de mim, porque esses meses me mostraram o quanto eu precisava dela. Me mostraram que minhas tentativas de simplesmente ficar longe dela eram tão inúteis e dolorosas quanto as próprias tentativas de deixar de sentir o que eu sentia.
Era verdade, eu não sabia lidar com aquilo. Meu orgulho, por assim dizer, ainda estava ferido. Algo dentro de mim ainda fazia com que eu me irritasse com o fato de ter visto a mulher que eu agora admitia precisar se oferecendo para qualquer um. Era verdade que aquilo era minha culpa, mas meu lado irracional simplesmente odiava vê-la tão disponível a outros homens.
Ela tinha que ser minha. Só minha. Eu a faria feliz e satisfeita sozinho. Eu podia fazer isso, ela não teria que se prestar àquilo outra vez. Eu cuidaria dela, como nunca cuidei de ninguém, e faria suas vontades. E acataria as suas decisões, porque no final das contas, eu sempre estive submisso a ela. Ela sempre me teve nas mãos, e era incrível como nunca se deu conta disso.
– Eu prometo que vou fazer de tudo pra merecer as suas desculpas. Só queria que você soubesse que eu me arrependo, de todo coração, por cada segundo que fiquei longe de você. Me arrependo porque eu acabei me matando aos poucos, mas agora me arrependo o dobro por saber que te fiz sofrer também. Eu sei que faltei com a minha palavra quando disse que ficaria por perto, e eu sinto tanto... Mas, por favor... Você tem que me dar uma outra chance pra estar com você. Sempre.
Eu imploraria, se fosse preciso. A essa altura, orgulho era um luxo que eu não podia me dar, e se ela simplesmente se negasse a ficar, se decidisse sumir da minha vida, eu pediria de joelhos. Não importava até onde eu me rebaixaria, se fosse fazer com que ela me desse uma chance, a chance que eu precisava para mostrar que eu não era um infeliz insensível, eu faria qualquer coisa.
Qualquer coisa. Por ela. Para ela.
Anne agora mantinha uma expressão tão neutra, tão vazia, que eu cheguei a me perguntar se ela ainda estaria viva. Minhas dúvidas foram respondidas quando ela começou a balbuciar palavras desconexas, em voz baixa.
– Por que... Por que está dizendo essas... O que você quer com...
Embora sua expressão ainda continuasse vazia e seus olhos estivessem um pouco fora de foco, mesmo fitando diretamente os meus, fui pego de surpresa ao constatar que uma quantidade considerável de lágrimas começava a se acumular lentamente neles. Como reação a isso, me movi rapidamente para frente, tomando seu rosto em minhas mãos e falando muito próximo a ela.
– Por favor, não chora...
– O que você quer?
Era tarde. O pequeno lago, antes em seus olhos, agora escorriam livremente pelas suas bochechas, dando imediatamente um tom avermelhado ao seu nariz e olhos. Merda, como eu odiava vê-la chorando.
– Eu quero a sua companhia. Quero a sua pele, o seu olhar. Quero as suas imperfeições e cada pedaço do que te faz ser você. Quero o seu mau humor, a sua teimosia e a sua timidez ao meu lado todo dia, toda hora. Quero o seu sorriso e a sua confiança, mesmo que isso leve algum tempo. Eu espero.
Ela ainda me encarava com aquele rosto lindo, mesmo sem transparecer emoções, e eu continuava encarando-a com todo o amor que transbordava de mim. Eu ainda mantinha seu rosto preso entre minhas mãos, de uma forma suave, e era impressionante como aquele simples toque já fazia com que eu me sentisse tão melhor.
Fui tomado outra vez por uma quase incontrolável vontade de beijá-la, enquanto tentava secar com meus polegares as lágrimas que ainda escorriam por seu rosto. Eu queria simplesmente poder encostar meus lábios nos dela, mas temia sua reação.
Anne não parecia muito ciente do que estava acontecendo, ainda olhando para mim de uma forma distraída, então eu tinha que me certificar de que ela não reagiria de forma inesperada com o beijo.
– Ninha...
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De repente, amor
Romance♦ De repente, amor. Bruno é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Anne é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como...