– Estou chegando! Parem com a promiscuidade!
Antes que eu pudesse entender de onde vinha a voz desconhecida, a porta do quarto se escancarou e mostrou um homem que eu não conhecia. Ele era alto como Bruno, mas muito mais musculoso. E moreno.
E, é claro, bonito.
– Ora se não é a bicha do meu irmão! - Ele gritou, com um sorriso de orelha a orelha, abrindo os braços para Bruno e esmagando-o em um abraço efusivo.
– Ora se não é o gênio da família!
– Vá à merda, pequeno andrógino. - Ele respondeu, dando um soco no braço de Bruno e gargalhando.
Finalmente, o brutamontes olhou para mim, e então eu temi pela minha vida.
– Não acreditei quando mamãe disse que você estava acompanhado. Quem nesse mundo te aguentaria?
– Ninha, esse é Arthur. Meu irmão mais velho. Arthur...
– Ninha, sua azarada! - Ele concluiu.
– O nome dela é Anne.
Arthur pareceu ignorá-lo, andando até mim com um olhar assassino, e então desejei por tudo no mundo que ele não me abraçasse da mesma forma que havia abraçado Bruno.
Felizmente, ele parecia ter noção, então apenas me cumprimentou com dois beijos no rosto.
– Então. Qual foi o crime que você cometeu pra ter que aturá-lo?
– Na verdade, nenhum. - Respondi, rindo de seu bom humor - O escolhi por livre e espontânea vontade.
– Bruno, pare de drogá-la.
– Arthur, deixe seu irmão em paz!
Ouvi a voz de Hérica ecoar no andar de baixo.
– Por que mamãe acha que você me odeia? - Arthur perguntou, olhando para o irmão.
– Porque eu disse a ela.
Ambos riram da piada, e então senti uma enorme cumplicidade entre eles.
– Vou tomar um banho e descer pra ajudar os Coolin. Ninha, prazer em conhecer você.
– Igualmente. - Respondi com sinceridade.
Novamente, estávamos sozinhos no quarto.
– Acho que devíamos descer e ajudar seus pais também. - Falei, tentando empregar um tom casual na voz e fazer com que nossa pequena discussão fosse esquecida. - Você vai tomar banho agora?
– Pode ir na frente.
Concordei, me levantando e indo até minha mala, escolher uma roupa apropriada para passar a véspera de Natal.
– Eu tenho uma coisa pra te dar. Gostaria que você vestisse hoje a noite.
Ele já estava abrindo sua própria mala e tirando de lá uma sacola. Me senti discretamente animada ao ganhar um presente de Natal dele, sem nem ao menos me importar com o que exatamente ele havia me dado. Peguei o embrulho de suas mãos e abri-o com cuidado.
Ao desdobrar o tecido, pendia de minhas mãos um vestido vermelho sangue de mangas compridas e gola em V um pouco aberta. O vestido era justo, mas estava longe de ser vulgar. Também não era chique em excesso, mas sim elegante, e fique feliz por Bruno não me pedir para usar algo que fizesse com que eu me sentisse desconfortável na frente de sua família.
Mais tarde eu retribuiria o presente.
– É lindo. - Concluí, olhando para ele.
Ele sorriu, um pouco triste. Imaginei que ainda estivesse chateado pela recente discussão, e desejei que isso passasse logo. Eu não gostava de vê-lo daquela forma.
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De repente, amor
Romance♦ De repente, amor. Bruno é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Anne é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como...