Bruno 3

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Saí da empresa uma hora antes: Assim haveria tempo de passar em casa e tomar um bom banho.
Minha atitude me fez ter a certeza de que estava, finalmente, enlouquecendo. Querer ficar cheiroso para uma puta? Qual era o meu problema, afinal?

– Que se foda. Vou me sentir melhor depois de um banho. - Falei comigo mesmo.

Tomei uma ducha demorada, e meu stress de todo um dia de trabalho diminuiu. Poucas coisas eram tão prazerosas quanto um banho fresco.

Mais tarde eu já estava no salão de Rayana.

Bebia minha dose diária de whisky enquanto encarava as meninas que divertiam seus clientes. Mas onde ela estava, afinal?

– Sozinho essa noite, Bruno?

Júlia falava com uma voz de manha, enquanto fazia uma massagem suave nos meus ombros.

– Olá, querida. Estava procurando Anne. Estou aqui há vinte minutos, mas não a encontro.

– Deve ser porque ela já está com um cliente.

Ah, sim. Claro. Um cliente. Por que eu não havia pensado naquilo?

– Bom, daqui a pouco ela deve estar descendo então...

– Não hoje, amor. Parece que o cavalheiro que está com ela - e devo admitir, um pedaço de mau caminho -, pagou caro pela noite inteira da menina. O que quer dizer que você só vai conseguir vê-la amanhã.

Um homem havia pagado para ficar com Anne a noite inteira? Aquilo era permitido?

– Não sabia que podíamos monopolizar as meninas aqui. - Disfarcei minha amargura com um sorriso falso.

– Meu caro, se tiver dinheiro, você pode fazer o que quiser.

– Entendi. Bom, já que Anne está ocupada, talvez outra menina possa me alegrar hoje. Ouvi dizer que vocês têm uma novata por aqui.

– Bruno, assim você me ofende! Estou sendo o mais agradável possível com você, e você sequer me considera como uma opção? - Júlia fingiu estar magoada, fazendo beicinho.

– Júlia, querida, só estou procurando novidades. Quem sabe outro dia? - Falei de um jeito falso, beijando seu pescoço.

Ela se arrepiou.

– Odeio quando você fala manso, Bruno. Seu poder de sedução é uma maldição pras mulheres.

Ao dizer isso, ela se virou e saiu para buscar a novata que eu havia mencionado.

Então podíamos mesmo monopolizar as putas daquele lugar? Por que ninguém havia me dito isso àquela altura? Eu havia pagado por uma hora inteira, certa vez. Mas uma noite? Toda?

Imaginei Anne com o homem, naquele momento.

Ele deveria estar se divertindo, afinal. Ela era muito boa e, ao contrário da maioria das garotas da Casa, não exalava vulgaridade. De uma forma estranha Anne parecia uma puta comportada, como se a promiscuidade de sua profissão fosse balanceada pelo ar inocente que emanava dela.

– Ele deve estar se divertindo, isso é claro. Só espero que esteja sendo gentil. - Murmurei para mim mesmo.

Eu não gostava de todos aqueles hematomas no corpo dela, e não queria ver novas marcas. O corpo de uma mulher devia ser bem tratado, delicado e macio, e me irritava ver marcas de violência no corpo de Anne... Ou no de qualquer mulher, claro.

– Olá. Você é o Bruno? - A menina disse, com um olhar tarado.

– Sim, sou eu. E você é...?

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora