Anne's POV

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– Calma, amor... - Ele repetiu as minhas palavras, puxando-a para o seu colo e balançando-a da mesma forma que eu havia feito - Pronto, pronto... Passou... Shhh... 

E é claro, em menos de quinze segundos, ela começou a se acalmar. 

– Como eu estava dizendo - Recomecei a falar fingindo naturalidade -, ela só tem olhos pro pai. 

– Oi, Jhulie. Oi, Diego. - Ele falou sorrindo, abraçando a irmã como podia e estendendo a mão livre para apertar a do cunhado enquanto ainda balançava Valentina quase como se ela fosse uma batida de limão sendo preparada. - E você deve ser o Jackson, não é? Jackson, que àquela altura já estava entediado com toda a situação, encarou Bruno como se ele fosse só mais um grão de poeira no quarto. 

– É, ele prefere a Ninha.  

– Bom, alguém tinha que preferir... - Brinquei, observando se Valentina estava mais calma. Bruno virou-a no colo, colocando-a de frente para Jackson. Ao encontrar os olhos do primo ela parou de chorar completamente, encarando-o como se ele fosse o brinquedo mais interessante que ela já vira na vida. Ele também se interessou por ela, mais do que por Bruno, e passaram-se alguns segundos - talvez minutos - até que algum dos dois fizesse alguma coisa. Jackson então levou a mãozinha até o braço de Valentina e ficou ali, fazendo absolutamente nada em particular, só reconhecendo-a com o tato. Quando ela sorriu abertamente para ele, talvez porque estivesse achando-o muito engraçado, ele retribuiu o sorriso e "falou" alguma coisa, que foi prontamente respondido por Valentina. Jackson rebateu o argumento da prima e ela riu do que ele disse, e então éramos cinco adultos idiotas assistindo a crianças de três e cinco meses conversando em uma linguagem desconhecida sobre algo que, aparentemente, era muito interessante.

– Ai, meu Deus! - Hérica soltou um gritinho - Que coisa linda! 

– Os olhos dela, cara... - Diego começou - São demais!

– Eu, particularmente, prefiro o esquerdo. - Bruno sorriu. 

– Se não fosse esse olho esquerdo eu diria que ela não é filha da Ninha. 

A brincadeira de Jhulie levou Bruno a dizer que eu era a mãe com certeza porque ele havia presenciado Valentina saindo de mim, o que, consequentemente, levou ao assunto do parto complicado, do susto que eu dei em todo mundo e da minha quase experiência de morte.

Era um bom jeito de começar o Natal.

Arthur chegou no dia seguinte, agarrando todos os bebês que encontrava pela frente. E como consequência de sua personalidade meio explosiva, tanto Valentina quanto Jackson foram imediatamente com a cara de Arthur. Era inegável, mesmo àquela altura, que ele sempre seria o "tio favorito": Não havia como não se divertir com ele. Eu me divertia com ele.

A ceia e a reunião familiar foram, como de costume, na casa de Robert e Hérica. Aparentemente ela tinha se dado uma máquina fotográfica, com o único propósito de registrar os netos. Para onde quer que se olhasse, lá estava Hérica disparando um flash. Uma rápida olhada nas fotos salvas mostravam, em sua grande maioria, Valentina, Jackson, Valentina e Jackson. Valentina, Jackson e Arthur juntos. Poucas mostravam, de vez em quando, Jhulie, Diego, Bruno, Robert e eu conversando ou fazendo qualquer outra coisa.

E isso era tudo que se tinha registrado daquele Natal. 

Felizmente, todos haviam decidido não dar presentes naquela ocasião. Eu achei ótimo, primeiro porque não ligava para presentes, e segundo porque não tinha comprado nada para ninguém. Diferentemente do Natal anterior (em que todas as atenções estavam voltadas primeiro para mim - a nova namorada de Bruno - e depois, para a gravidez de Jhulie), nesse não se tinha qualquer outro assunto que não fosse relacionado aos bebês.

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora