– Posso te perguntar uma coisa? - Falei, um pouco tímida. Eu estava curiosa. Ele havia me deixado curiosa.
– Claro.
– Desde quando você gosta de mim?
A pergunta saiu baixa até mesmo para nossa mínima distância. Ele não pareceu se abalar de forma alguma, e continuou trilhando beijos suaves pela linha do meu queixo.
– Não sei...
– Você disse ontem pra sua família que foi no dia em que nos encontramos na praça perto da sua casa...
– Não, aquilo foi invenção. - Ele falou calmamente, voltando à minha boca e pontuando cada frase com um selinho - Eu gostava de você antes daquilo. Só não estava ciente.
– E quando ficou ciente?
– Um pouco antes do seu aniversário.
– E quando admitiu?
Eram perguntas diferentes, e ele sabia disso. Seus olhos, de volta aos meus com aquela intensidade, confirmavam esse detalhe.
– Quando fui embora.
Embora eu tivesse medo de lembrar desses detalhes com Bruno, não estava triste. Talvez a crescente liberdade entre nós estivesse deixando tudo mais confortável, pelo menos para mim. E eu queria que ele estivesse tão confortável quanto eu.
Abracei-o pelo pescoço como costumava fazer e o beijei no rosto. Ele sorriu um pouco triste.
– Mais alguma dúvida? - Ele perguntou, brincando com uma mecha do meu cabelo.
– Na verdade, sim. - Respondi, me lembrando de repente de uma coisa - Aquela citação no papel do buquê.
– Que citação?
– De Gandhi. Em lápis, no verso do papel com as flores.
– Hmmm... - Ele pareceu pensativo, tentando se lembrar - Acho que aquilo fui eu bêbado. Eu costumo ser sincero quando bebo. Acho que você já notou isso.
– Já.
– Pensei que tivesse apagado antes de entregar a você, mas eu estava mesmo bêbado. Aquele era o meu dilema. Eu não queria assumir, mas ao mesmo tempo queria que você soubesse de alguma forma.
– Eu não tinha entendido. Mas resolvi guardar o papel pro caso de você querer explicar algum dia.
– E já descobriu sua flor favorita?
– Você me fez gostar de camélias. - Sorri.
– Se estivéssemos na primavera, você estaria rodeada delas agora.
– Bom... - Comecei, um pouco sem graça - Talvez...
– Sim. - Ele me interrompeu - Você vai estar aqui na próxima primavera.
– E qual vai ser a ocasião? - Perguntei sem muita curiosidade.
– Você vai ver. - Ele falou com um ar misterioso propositalmente exagerado.
Então me perguntei como ele me traria assim, sem mais nem menos, sem ter que largar suas obrigações. Diferente de mim, Bruno tinha coisas para fazer.
– Você vem comigo, né? - Perguntei antes que pudesse raciocinar e chegar à conclusão que aquela pergunta era idiota.
Ele riu.
– Claro.
– Não vai atrapalhar as suas coisas na empresa?
– Não. Sem problemas. - Ele respondeu de forma simples, sorrindo e me dando um outro selinho.
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De repente, amor
Romance♦ De repente, amor. Bruno é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Anne é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como...