Anne 13

270 28 0
                                    

Sem muito cuidado, Bruno me virou de uma vez, colocando minhas costas na cama e trazendo meu corpo mais para o meio do colchão, de forma que ele pudesse se ajoelhar à minha frente, entre minhas pernas abertas. Eu mal tive tempo de me estabilizar depois do orgasmo, quando ele estocou em mim outra vez, com mais força, enquanto fazia movimentos circulares em meu clitóris com o indicador.

– Eu já tive meu orgasmo – falei, um pouco ofegante, empurrando-o contra o colchão e virando nossos corpos, mudando novamente de posição, de forma que meu corpo ficasse por cima do dele. 

Segurei com força seu membro e o guiei para minha entrada. Um segundo depois, já estava montada nele, deslizando meus quadris em um ritmo lento e prazeroso, fazendo com que ele entrasse e saísse devagar de mim.

Concentrei-me nos mínimos movimentos daquele ato. Suas mãos acariciavam levemente meus braços, apoiados um em cada lado de sua cabeça, depois os lados de meu tronco, meus seios, minha barriga, minhas coxas, pernas e pés, enquanto seus olhos, muito abertos, percorriam meu corpo e paravam em meu rosto. 

As ondas que sua língua fazia dentro da boca cada vez que eu movimentava nossos corpos, já tão suados que chegavam a brilhar, e o modo como ele mesmo levantava seus quadris contra o meu, reforçando nosso ritmo. 

Era como uma dança, e talvez eu estivesse apenas sendo muito romântica, mas nossa sincronia era tão linda, e a troca entre nossos olhares tão intensa, que parecíamos amantes em um ato extremamente apaixonado.

Senti-o apressar o ritmo, então deixei que ele ditasse os movimentos, caindo sobre seu corpo enquanto meu rosto ia para sua orelha e seu pescoço. Ele segurou com força minha cintura, mantendo-me imóvel, e plantou seus pés no colchão, investindo dentro de mim para cima com tanta força que fazia com que meu próprio corpo voasse um pouco, afastando-se minimamente do dele, para depois cair outra vez, deixando nossas peles novamente em contato. Por muito tempo, os únicos sons que eu podia ouvir eram nossas respirações pesadas e o som de dois corpos se batendo com força, como tapas.

– Vem, Bruno... Com força...

Senti-o perder completamente o controle, e com uma última investida – tão forte que ele teve que me abraçar para que eu não pulasse – foi a vez dele gozar dentro de mim, enquanto eu sentia sua respiração muito forte, ao mesmo tempo em que ele repetia coisas como "minha", "pra mim" e "linda".

Ficamos imóveis naquela posição por alguns minutos, sem falar nada. Quando pareceu finalmente voltar a si, ele saiu com cuidado de dentro de mim, fazendo com que palavras incompreensíveis de revolta saíssem de minha boca. Virei-me na cama, deitando de costas e relaxando o corpo ainda tenso, vendo Bruno ir até a lixeira e jogar a camisinha usada lá. 

Depois, um pouco trôpego, engatinhou pela cama até me alcançar, abrindo minhas pernas como antes e acomodando-se entre elas, com o rosto repousado em meu peito. Meus dedos migraram automaticamente para seus cabelos outra vez, mexendo despreocupadamente em suas mechas rebeldes acobreadas, enquanto eu sentia literalmente o calor emanando da pele dele e indo de encontro à minha.

– Você me fez quebrar minha promessa – ele começou.

– Você não fez promessa nenhuma.

– Eu disse que não ia mais fazer isso com você.

– Então o que você sugere? Que você pague meus programas e que a gente mate as horas jogando xadrez?

Ele permaneceu calado.

– Se você for pagar pela minha companhia, vai ter que me deixar fazer o meu trabalho.

– Se eu pagar pela sua companhia, eu decido o que fazer com ela.

Me calei imediatamente. Era óbvio que ele estava certo, mas aquilo fugia dos padrões do meu trabalho. Quando um homem pagava pela minha companhia, eu sabia que aquele tempo seria preenchido com sexo, e nada mais além disso. 

Preencher o tempo com conversa não era nem um pouco desagradável. Pelo contrário, se algum cliente me apresentasse essa proposta, eu aceitaria sem pestanejar. 

O problema estava no fato de que o cliente a me oferecer isso era justamente o único pelo qual eu sentia alguma coisa.

– Tudo bem – falei, sem mais argumentos. 

A verdade se resumia a fatos muito simples: Se ele queria pagar pelos meus programas e ainda assim não fazer nada comigo, não era obrigado a fazer. Como homem, ele teria suas necessidades, mas elas poderiam ser facilmente resolvidas com outras meninas da casa, e levando-se em consideração que o "cliente" em questão era Bruno, ele poderia resolver esse impasse com provavelmente qualquer mulher do mundo, sem nem ter que pagar por isso. 

O fato de eu odiar todas as opções que o fizessem ir para cama com qualquer outra mulher era um mero detalhe que, cedo ou tarde, eu me obrigaria a esquecer.

Ficamos em silêncio por muito tempo, e ao me dar conta de sua respiração calma e profunda, pude constatar que ele havia dormido. Vê-lo ali, dormindo despreocupadamente em meus braços, completamente entregue, despertou em mim uma alegria repentina, embora eu mesma não soubesse do motivo. 

Fiquei pensando em como seria bom tê-lo assim todos os dias, não em meu quarto de trabalho, mas sim em um quarto meu, onde eu pudesse tê-lo sem restrições e sem vergonha. Imaginei como seria poder caminhar ao seu lado na rua sem o medo de ser reconhecida e sem a incerteza do que aconteceria se eu tentasse pegar na sua mão. 

Como seriam nossos domingos juntos, ou como seria conhecer sua família. Passar o Natal com ele, ou o Ano Novo, cuidar dele depois de um resfriado ou ter um gato de estimação, que nos manteria em uma discussão infindável porque eu gostaria de batizá-lo com um nome extremamente ridículo. 

Sem perceber, me peguei imaginando e criando uma vida ao lado dele, não perfeita, mas feliz, e me deixei levar pelas várias suposições que os caminhos de minha imaginação me traziam.

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora