Anne's POV

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Não adiantava quantas vezes ele usaria essa arma. Aquela voz mansa ronronando perto do meu pescoço falando coisas inapropriadas sempre fazia com que meu corpo virasse uma gelatina gigante. 

– Você não vai fazer nada demais, né? - Ele perguntou de repente - Não ouça a minha irmã. Ela é maluca, e tenho certeza que nenhuma ideia que ela der vai ser boa... 

– Confie em mim. - Falei de maneira simples, beijando-o outra vez - Dependendo da hora que você voltar, eu vou estar na nossa cama te esperando. 

Os olhos dele brilharam com aquilo. 

– Você acabou de me fazer não querer ir pra lugar nenhum. 

– Caralho, vocês vão ter que se aturar pelo resto da vida! - Ouvimos Arthur gritar do carro - Alguém joga um balde de água fria neles? 

– Não quero que seu irmão me odeie. Vai logo. 

Ele espalmou a mão na minha barriga e me beijou antes de se afastar, dessa vez com uma intensidade que talvez dissesse algo como "se você não estiver acordada quando eu voltar, eu vou te acordar à força". 

No fim das contas, tudo que Duda, Jhulie e eu acabamos fazendo se resumiu a conversar sobre nossas gestações e tomar vitamina de pera durante a noite toda, ouvindo música no sofá da casa de Bruno, que eu ainda me obrigava a pensar como "nossa". Ao menos aquilo havia funcionado: Canalizar meus pensamentos para outra coisa que não fosse o dia seguinte me deixou mais tranquila, ouvindo com atenção toda a experiência de Duda e o que Jhulie já tinha para contar também. Era bom ter algo para falar com elas que servisse como distração. Mas a minha "despedida de solteira" passou rápido demais. Antes da meia-noite, Duda e Jhulie já tinham ido embora - não sem antes se certificarem de que eu estava bem. 

Felizmente, toda aquela vitamina de pera com leite conseguiu me acalmar de alguma forma. Tomei um banho e fui me deitar imediatamente, desejando que Bruno não estivesse longe. Agora, sozinha ali, eu começava a me agitar de novo, e outra vez fui bombardeada de pensamentos relacionados ao casamento e tudo que poderia dar errado até ele. Felizmente, o cansaço que meu corpo sentia foi maior que meu nervosismo, então eu dormi. 

O cheiro de álcool me puxou para a realidade outra vez, e me perguntei quanto tempo eu havia conseguido dormir. Abri os olhos um pouco desnorteada, e embora estivesse escuro, a pouca iluminação do lado de fora no jardim permitiu que eu identificasse Bruno ali, meio em cima de mim, me beijando tão sutilmente que nossos lábios mal se tocavam. 

– Hmmm... 

– Merda... Não queria te acordar... - Ele falou, e imediatamente identifiquei sua voz arrastada. 

– Que horas são?

– Duas, eu acho... 

– Você está bêbado. - Falei contra sua boca, passando um braço em volta do seu pescoço. 

– Eu sei... - Ele respondeu em um tom de desculpas - Posso acender a luz? 

Abri meus olhos de uma vez no escuro, agora realmente atenta. 

– Ai, meu Deus... O que foi? - Perguntei, lembrando que Bruno bêbado sempre resultava em revelações bombásticas. Ele se esticou, alcançando a luminária do criado mudo. Eu me sentei, encostada à cabeceira da cama, começando a ficar nervosa outra vez. Encarei-o como se pudesse prever o que ele falaria, notando em seus cabelos completamente bagunçados e no cheiro forte de álcool. 

– Desembucha. - Falei de uma vez, sem me preocupar se estava sendo rude ou não. Ele me encarou surpreso, tentando sentar reto na cama.

– Eu... Quero te dar uma coisa... 

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora