Tudo era importante, o presente e a lembrança.
Tudo era incrivelmente lindo, e para falar a verdade, eu tinha minhas convicções de que se Bruno tivesse me dado um chiclete de presente de aniversário, eu adoraria de qualquer forma.
Tudo o que ele havia me dado era importante e maravilhoso pela sensibilidade, pelo significado e, obviamente, por ter sido ele quem me presenteou.
– Ahm... - Comecei, me forçando a falar alguma coisa antes que ele ficasse irritado e fosse embora pela minha falta de gratidão - O presente... deve ter sido meio... caro.
Devia ter sido extremamente caro. Um buquê de flores convencional já não era nada barato, o que me fazia ter a certeza de que um buquê personalizado, principalmente um que carregava flores sensíveis e menos comuns, devia ter custado muito dinheiro.
– Ah não. Os marca-páginas foram de graça. - Ele falou, sorrindo de novo e fazendo uma cara que mais uma vez me lembrava de não confundir as coisas, mesmo ele sabendo exatamente o que eu quis dizer - Já almoçou?
– Eu? - Testei minha voz, agora tornando-a mais firme - Não, eu ia almoçar com as minhas amigas, mas elas... Elas te viram aqui?
– Eu entrei pela porta da frente e dei de cara com Júlia e Sophia. Aí perguntei por você e disse que estaria esperando aqui.
Bom, isso explicava muita coisa. Mas ele não precisava saber disso.
– Eu estava saindo pra almoçar agora. - Falei.
– E onde estão elas?
– Acho que desistiram. - Eu não tinha uma desculpa boa o suficiente para inventar.
– Bom, então eu posso convidá-la para almoçar? Isso se você preferir uma companhia, porque tem gente que prefere fazer essas coisas sozinho.
– Eu prefiro a sua companhia. - Falei com um pouco mais de intensidade do que devia, o que fez com que ele desviasse seu olhar do meu e olhasse para baixo, suspirando. - Eu... Eu já volto. Vou guardar meus presentes.
– Vou estar esperando.
Deixando essa frase ecoar pela minha cabeça como música, rumei novamente para a porta dos fundos da casa. Antes de entrar, me virei e notei que ele ainda me olhava.
– Obrigada. Mesmo.
Sem esperar uma resposta dele, entrei rapidamente na cozinha e caminhei apressadamente para a sala, querendo chegar o mais rápido possível no meu quarto para deixar os presentes lá.
Desejei intimamente que ninguém estivesse na sala para me ver carregando todas aquelas flores. Obviamente, meu desejo não foi atendido, então me deparei com Júlia, Sophia e as outras meninas conversando animadamente.
Quando elas notaram minha presença, olharam surpresas para mim, então reparei que Júlia começava a fazer novamente a cara de "vi-Papai-Noel" e corri antes que ela pudesse fazer ou falar - ou gritar - qualquer coisa.
Peguei um jarro que servia como enfeite em cima do móvel do meu quarto, enchi-o de água e coloquei as flores cuidadosamente dentro, para que elas não morressem ou murchassem até que eu estivesse de volta.
Deixei também o envelope com os marca-páginas ao lado do buquê e desci correndo. As três meninas continuavam no mesmo lugar, em cochichos animados entre si, e quando voltei à sala apenas para ir em direção à cozinha e sair pelos fundos outra vez, nem olhei para elas.
Bruno, notando minha presença, desencostou do carro e abriu a porta do carona para mim.
Entrei sem falar nada, ainda agindo mecanicamente, então ele fechou a porta e caminhou para o seu lado, entrando no carro logo em seguida e dando a partida.
– Já descobriu qual delas você gosta mais? - Começou, colocando o cinto e pondo o veículo em movimento.
– Não. Você fez com que eu amasse todas. Vai ser impossível escolher uma agora.
– Não era essa a intenção. Você tem que escolher uma.
– Eu não consigo.
– Eu particularmente acho que camélias combinam com você.
– Por quê?
– As pétalas são de uma perfeição quase hipnótica.
Ele respondeu isso olhando para a rua, enquanto dirigia, como se tivesse falado algo sem importância.
Bom, talvez para ele não fosse importante de qualquer forma, mas eu me senti tão maravilhada com sua pequena explicação que novamente tive que me conter para não pular em cima dele, certamente provocando um acidente.
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De repente, amor
Romance♦ De repente, amor. Bruno é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Anne é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como...