Acordei estranhamente ansiosa na quarta-feira, começando a lembrar com mais frequência do tempo que ainda restava para sábado. De alguma forma, me acalmei um pouco assim que Hérica nos informou que tudo o que faríamos aquele dia se resumia a provar o buffet. Tudo já havia sido organizado por ela e Jhulie. Por isso, Bruno e eu só tivemos que ir até o local marcado - um tipo de salão de festas um pouco longe dali - para decidir o que entraria ou não no cardápio. Elas foram conosco, apenas para ajudar em alguma eventualidade.
Passamos horas provando doces, chocolates, salgadinhos, canapés, frios de diversos tipos, porções de massas, pratos de sopas e mais outras coisas. Jhulie ajudou na tarefa, talvez porque quisesse parecer útil ou talvez porque sua gravidez a estava deixando com fome. Bruno parecia interessado nesse assunto, e me lembrei por seu gosto pela culinária. Como minhas costas começavam a doer agora com mais rapidez, sentei em uma das cadeiras e permiti que ele resolvesse aquele assunto, escolhendo o que quisesse. Eu realmente não me importava com nada, contanto que ele não faltasse ao casamento.
Naquela noite, Bruno e eu tivemos uma pequena discussão. Ao pedir meu documento de identidade e minha certidão de nascimento para finalizar os últimos documentos que faltavam para tornar o casamento possível, descobri que ele havia decidido, sozinho, que nos casaríamos em comunhão total de bens. Eu não entendia absolutamente nada sobre assuntos jurídicos de matrimônios, mas sabia o suficiente para ter certeza de que casar com Bruno, assinando um papel que dizia que toda a fortuna dele era minha também, era, no mínimo, injusto.
– E o que você sugeriria? Separação total de bens? - Ele debochou.
– Seria mais plausível, não?
– Não!
– Me explique então de que maneira eu tenho alguma influência sobre a SUA fortuna.
– Se estou me casando com você, quer dizer que quero que as nossas vidas se unam. O que é meu é seu, e essa é a minha ideia de união.
– E por que eu não posso me unir a você sem precisar tomar as suas coisas...
– Você não está tomando nada. Eu estou dividindo...
– É injusto e claramente vantajoso unicamente pra mim! Só eu ganho com isso!
– E eu não perco nada! Por que você é tão teimosa?
– E por que você sempre decide as coisas sozinho?
– Mas você concordou em deixar os assuntos jurídicos sob minha responsabilidade!
– Mas eu não lembrava que tínhamos que decidir o tipo de regime de bens!
Discutimos por algum tempo, até que minha cabeça começou a doer e Bruno pareceu profundamente arrependido de ter começado uma discussão, preocupado demais com o meu estado de nervos e como aquilo poderia afetar a gravidez. Quando eu já estava deitada e sendo devidamente paparicada, ele tentou me convencer em um tom mais calmo de que não havia porquê optarmos por outro tipo de regime de bens, e que, caso eu continuasse com a mesma opinião, poderíamos mudá-lo depois do casamento.
Para tornar as coisas mais fáceis, eu aceitei. Sabia que se continuasse com a minha ideia o casamento provavelmente acabaria não acontecendo dali a três dias. Além do mais, Bruno estava certo: Ele não tinha muito a perder, porque se dependesse só de mim, divórcio não era uma opção. Na quinta-feira eu já não conseguia esconder minha ansiedade, que foi agravada quando Bruno comunicou que iria fazer a prova do terno e que eu não poderia ir junto.
– Por que não? - Perguntei com cara de choro.
– Também quero ser uma surpresa pra você no dia. - Ele falou com um sorriso no rosto enquanto me abraçava.
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De repente, amor
Romance♦ De repente, amor. Bruno é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Anne é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como...