Anne's POV

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Mas eu tinha que me controlar. 

– Tudo bem aí? - Diego perguntou, como se pudesse ler meus pensamentos. 

– Nervosa. - Foi tudo que falei. Ele entenderia. 

– Não fique. Nada vai dar errado. 

– Acredite, muita coisa pode dar errado. - Falei, de repente pensando em realmente tudo que podia estragar aquele momento, mas resolvendo verbalizar o menor dos meus medos - Eu posso tropeçar no vestido e dar com o nariz no chão. Eu sou bem assim. 

– Peça pro seu condutor te segurar. 

Estaquei, ainda encarando Diego como se ele não tivesse dito nada. Quem iria me levar até o altar? Por que eu não havia pensado naquilo antes? Aliás, por que eu nunca pensava em nada antes de me dar conta de que era tarde demais para solucionar o problema?  

– Diego... Quem... 

– Não se preocupe. Você não vai entrar sozinha.

De repente, senti uma vontade quase incontrolável de chorar. Senti saudade dos meus pais, e desejei, com toda a força da alma, que eles estivessem ali. Nem que fosse para me dizer, com a certeza que eles sempre pareciam ter, que eu seria feliz. Apesar disso, tentei controlar as lágrimas e parecer forte, mesmo que só por fora. Aquele era um momento muito grande para acumular tristezas e incertezas, e eu sabia que precisava estar inteira para o que estava por vir. E com o pensamento nos meus pais, desejando que eles estivessem presente até mesmo em espírito, engoli o choro e respirei fundo, saindo do closet de cabeça erguida, sentindo uma coragem que há poucos segundos não estava em mim. 

... 

Cheguei à frente do jardim da casa de Hérica e Robert no carro que Diego dirigia. A cerimônia seria nos fundos, perto do chafariz, por isso não havia perigo em ser vista por ninguém: Todos já estavam em seus lugares. 

Caminhei para o lado da casa, sempre encarando o chão, e os batimentos do meu coração pareciam acelerar a cada passo dado. Jhulie caminhava ao meu lado, tão linda em um vestido longo e vermelho que, por um momento, meu brilho de noiva enfraqueceu. Mas eu não me importava. 

– Vejam se não é a noiva. - Ouvi alguém dizer, e ao levantar o rosto, vi Arthur em um terno incrivelmente elegante, me encarando com os olhos brilhantes e sorrindo de orelha a orelha. 

– Oi... - Falei, e minha voz falhou. Talvez eu não tivesse empregado a força suficiente para emitir algum som. 

Arthur e Diego simplesmente desapareceram, e quando me dei conta, estava sozinha com Arthur. 

– Cara dama, aceita minha companhia ao longo do percurso? - Ele perguntou em um tom pomposo, estendendo o braço e piscando divertido. 

– Você vai me levar? - Consegui pronunciar, engolindo e sentindo minha garganta se fechar de cinco em cinco segundos. 

– Só se você quiser. 

Entrelacei meu braço no seu, ainda sendo oferecido, e suspirei. Magicamente, uma música começou a tocar, e mesmo que meu coração estivesse quase saindo pela boca e não conseguisse prestar atenção em nada direito, eu podia dizer que não era a marcha nupcial. Era algo mais suave, menos pesado. Era um som maravilhoso. 

– Arthur... Não me deixe cair.

– Não se preocupe, cunhadinha. Consigo te segurar com dois dedos. - Ele falou, rindo de novo e olhando para frente. - A propósito: Você está maravilhosa. 

Não consegui responder, já que minha garganta parecia se apertar mais a cada segundo passado, mas ele não parecia estar esperando por alguma palavra minha. Quando ele começou a caminhar, fiz tudo que podia fazer naquele momento: O segui, rumo ao que estava me esperando.

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora