Anne 65

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– Posso ajudar em alguma coisa? 

– Não precisa, meu bem. Está tudo praticamente pronto. 

– Tem certeza? Nenhum detalhe... 

– Mãe, Ninha sabe fazer uma sobremesa espetacular. - Bruno me interrompeu, e eu corei. 

– Realmente, não precisa ter trabalho à toa, querida. 

– Não é trabalho! - Falei de uma vez - Eu gosto de cozinhar. 

– Porra, vocês se merecem. - Arthur disse, levantando da cadeira e indo para a sala. 

Hérica pegou os ingredientes que eu precisava e então repeti a receita preparada no dia anterior, no apartamento de Bruno.

Robert pediu licença para se retirar, indo se juntar a Arthur na grande sala de estar. Hérica parecia muito interessada no modo de preparo da minha sobremesa, então expliquei tudo nos mínimos detalhes para que ela decorasse. Quando o forno apitou com um dos pratos da ceia dentro, ela se afastou de mim. 

Eu estava esfarelando os suspiros quando senti a respiração leve no meu pescoço.

– Vou conversar com meu pai sobre alguns assuntos relacionados à empresa. Vai ficar bem aqui? 

– Vou. - Suspirei, já sentindo a pele de meu pescoço arrepiada pela aproximação.

Ele também sentiu, e no momento seguinte beijou suavemente o lugar arrepiado, se afastando em seguida e me deixando sozinha na cozinha com Hérica.

Não demorou muito até que Jhulie chegasse outra vez, agora vestindo um vestido azul curto e com babados combinando com sandálias muito delicadas. Ela toda lembrava uma borboleta. 

– Jhulie, você tem algo pra dizer? - Hérica perguntou de forma simples, enquanto regava o pernil com molho de abacaxi.

– Mãe, essa sua percepção exagerada estraga com todas as minhas surpresas. 

– Bom, não precisa falar agora. Só queria saber se realmente tinha alguma coisa. 

– Você sabe que tem. 

Observei as duas conversarem, e me perguntei se Hérica e Jhulie tinham algum tipo de comunicação por telepatia. 

Minha sobremesa foi levada à geladeira, e então fui ajudar Jhulie com os talheres, copos e pratos. Ela foi organizando a grande mesa da sala de jantar de um lado enquanto eu a imitava do outro. Depois que todos os magníficos pratos enfeitavam toda a extensão da mesa, Hérica foi informar ao resto dos Coolin que a ceia de Natal estava pronta, e segundos depois todos já estavam se sentando em seus lugares. 

Me sentei na frente de Bruno, nos assentos posicionados no meio da mesa. O jantar foi tranquilo e divertido, sendo recheado por vários contos de Arthur sobre assuntos aleatórios. A cada palavrão, Hérica o repreendia. Jhulie o chamava de troglodita e Bruno só ria. Todos pareceram gostar da minha sobremesa, e no final tive que recitar a receita também para Jhulie. A família conversava entre si, então fiquei sabendo um pouco sobre cada um dos membros Coolin. 

Robert era o poderoso chefão. As empresas espalhadas pelo mundo eram dele, e talvez fosse isso que ajudava a dar aquele ar de poder a ele. Construiu sua família com Hérica nos Estados Unidos, e quando todos já estavam criados e bem de vida, decidiu se mudar para a Inglaterra. Arthur se mudou para a Alemanha, ficando responsável pela principal filial da empresa de seu pai por lá. Jhulie havia conhecido Diego ainda nos Estados Unidos quando tinha dezoito anos, e dois anos depois, ao se casar com ele, se mudou para o país de origem do marido, desempenhando na França o mesmo papel que Arthur. Bruno, como eu já sabia, havia ficado por Los Angeles. Hérica era a dona de casa que tinha que lidar com a pressão de ser a sra. Coolin, mesmo sem entender absolutamente nada de publicidade. 

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora