Bruno 1

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– Merda. 

Preciso de sexo.Eram 22h. O Último Tango em Paris havia acabado de passar na TV, e eu começava a falar comigo mesmo. 

– Ótimo Bruno. Fique maluco e fale sozinho. 

Fazia quatro semanas que eu não fazia sexo. Nos meus padrões, esse era um tempo longo. No entanto, a única vontade que antes era constante na minha vida atualmente também estava decaindo na minha lista de prioridades. 

– Bom, já vi que aguento quatro semanas sem. Mas mais que isso também não dá. Vesti meus jeans, uma blusa preta e minha jaqueta. 

Segui no Volvo para o lugar onde, durante meses, me sentia quente e aconchegado quando procurava uma mulher. 

A rua estava deserta e silenciosa como sempre. Um pequeno letreiro rosa-neon muito discreto brilhava em cima de uma porta bem ornamentada. 

"Rayana's". Entrei no local sem bater. Era familiar, eu já havia estado ali muitas e muitas vezes. Um ambiente escuro, decorado em madeira, abrigava homens de classe alta e mulheres lindas e bem vestidas. Grande parte dos clientes eram senhores ditos respeitosos fora daquele ambiente. A luz fraca era agradável, deixando o lugar misterioso e quente. Músicas aleatórias, mas sempre sensuais, ajudavam na ambientação. 

O bar central acomodava duas lindas meninas que preparavam drinks. Alguns homens puxavam assunto enquanto elas faziam seus trabalhos. Aos cantos, muitos sofás e mesas estavam ocupados por casais, uns mais discretos, outros completamente sem pudor. – Bruno! É mesmo você? Me virei e vi um rosto conhecido. 

– Olá, Rayana. 

– Por onde andou? Pensei que tivesse nos abandonado. 

– Estive fora por algum tempo. Problemas na empresa. - Menti. 

– Vai ter que compensar os dias que ficou ausente então. Com uma piscada, Rayana me puxou para o bar, ordenando à moça morena que me servisse uma dose de whisky. 

– Olá, Bruno! - Três garotas me cumprimentaram às minhas costas. Virei e vi três beldades. Júlia, uma morena linda e muito pequena, Angela, com traços latinos e Sophia, loira e escultural. 

– Oi, meninas. Como estão? 

– Bem. Mas sentimos saudades suas. - Respondeu a loira, com uma certa tara no olhar. 

– Esteve frequentando outros "ambientes"? - Júlia perguntou. 

– Não, estava viajando a trabalho. - Menti novamente. Não queria falar que meu sumiço se dava à minha total falta de vontade em sexo, e que agora precisava tirar o atraso. 

– Bom, você precisa relaxar então. - Angela falou, aproximando-se para me fazer uma massagem nos ombros. 

– As três estão livres, Bruno. - Disse Rayana, como se as meninas não estivessem ali. 

Elas sorriram com malícia. Foi quando vi uma garota que, até então, nunca havia visto na Casa de Rayana. Uma menina aparentemente normal, ordinária. Cabelos longos castanhos, pele muito branca, um pouco mais alta que Júlia e parecendo estar completamente deslocada. 

 – Rayana, quem é ela?

Ela e as meninas se viraram para olhar para o fundo do salão. 

– Ah, quase tinha me esquecido! Aquela você não conhece, chegou há duas semanas. Chama-se Anne. Uma novata. 

Era até estranho encontrar alguém naquela casa a qual eu já não havia pego. Estive com todas, absolutamente todas as mulheres que moravam naquela casa - inclusive Rayana, que não se prostituía, apenas coordenava os negócios. 

– Anne. - Repeti seu nome, olhando com curiosidade - Ela é boa? 

– Bem, durante essas duas semanas, ainda não ouvi nenhum cliente insatisfeito. - Ela sorriu - Ela parece tímida e quieta, mas é como dizem... As tímidas são as melhores na cama. 

– Uhm... Ela está livre? 

– Claro, por isso está aqui embaixo - Ela sorriu para mim com simpatia e dispensou as três meninas que acompanhavam nossa conversa com um aceno de mãos. 

Elas se foram, e Rayana chamou Anne. A menina atendeu ao chamado e veio em nossa direção. Ela vestia uma blusa branca de botão com mangas até os pulsos, uma saia jeans apertada e curta, um cinto preto, meia-calça preta e um sapato discreto de salto. Lembrava vagamente uma rainha de rodeio. Ela não estava vulgar, embora tudo nela fosse justo e curto. Estava simplesmente bela. 

– Anne... Quero que conheça um antigo cliente nosso. Este é Bruno. 

– Olá - Disse a garota, sem o menor entusiasmo, completamente diferente das três meninas que tinham acabado de nos deixar.

– Olá, Anne. Seu nome é tão gracioso quanto você. 

– Obrigada. – Vejo que é nova por aqui. 

– Sim. Cheguei há umas duas semanas, acho. Notei que os olhos dela eram de um castanho diferente. Pareciam feitos de chocolate cremoso, difícil explicar. Seu corpo inteiro exalava um perfume suave e muito agradável. No pescoço, pude notar alguns hematomas e marcas de mordidas. Tentei não ficar olhando. 

– Está gostando daqui? 

– Bom, é melhor do que a minha antiga vida, de qualquer forma. - Ela falou um pouco distraída, olhando em volta. 

Seu tom não era nada alegre. Parecia que ela simplesmente tinha que aceitar a vida que levava. Eu imaginava que nenhuma mulher gostaria de levar essa vida. No entanto, as outras meninas da Casa de Rayana fingiam gostar de tudo aquilo. Para mim, algumas sequer se sentiam mal fazendo o que faziam. E, no entanto, essa garota simplesmente não se comportava como elas. Era muito fácil perceber que Anne não era feliz. Rayana olhou-a com um olhar de reprovação, e ela se apressou em corrigir: 

– Mas ainda estou me acostumando, tenho certeza que daqui a algum tempo tudo vai estar mais confortável pra mim. Todos aqui são muito gentis. 

– Tenho certeza que sim. - Falei, ainda encarando seus olhos de chocolate - Você está livre agora? Quero te experimentar. 

Ela se mexeu desconfortavelmente, como se eu a tivesse xingado e ela tivesse que aceitar o xingamento. 

– Anne, Bruno é um cavalheiro. Tenho certeza que você vai gostar muito dele. - Rayana disse, novamente com um olhar fuzilante para a garota que agora assentia. 

– Claro. - Ela abaixou a cabeça - Estou livre. Eu vou... Vou pro meu quarto. Me dê cinco minutos, estarei esperando lá. Terceira porta. Tudo bem? 

– Claro, Anne. Estarei lá em cinco minutos. Dito isso, a menina virou-se e subiu as escadas próximas à parede à nossa esquerda, para seu quarto. Eu a segui com os olhos. Aquela seria a puta mais esquisita que eu comeria. 

– Desculpe, querido. Anne ainda não se acostumou com tudo isso. 

– Tudo bem. Eu preciso de novidades.

Eu queria novidades. Fui à Casa de Rayana aquela noite não esperando por uma novata, mas sim por uma simples trepada. Mas o destino foi gentil comigo, colocando Anne à minha disposição.

Ela era nova. Seria uma experiência nova. Eu não conhecia aquela puta, e o desconhecido era excitante. 

 – Depois dou meu veredicto sobre sua nova aquisição, Rayana. Bebi a dose de whisky e me afastei do bar, rumo ao quarto de Anne.

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora