C A P Í T U L O 173

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SAMANTHA PRICE

     — Não acredito que você não me deixou te levar no shopping pra comprar a porcaria do vestido pro baile.

     Christian abre a porta da sua casa, e me deixa entrar primeiro. Passo por ele com um sorrio presunçoso e vitorioso, deixando um tapa em sua bunda durinha como meu prêmio por ter convencido ele de que ficar de pegação no quarto era melhor do que sair pra comprar um vestido.

     — Você é a porra de uma feiticeira ou o que? — Ele continua extasiado, brincando sobre o assunto. — Sério, que merda você fez comigo, King?

     Dou uma risada solta e completamente confortável. Isso faz com que Christian sorria, olhando somente para mim enquanto fecha a porta atrás de si.

     — Eu disse que eu não queria que você gastasse dinheiro comigo. — Digo com um sorriso brincalhão nos lábios. — Mas você é tão teimoso.
     — Aprendi com a melhor, né?

     Christian lambe os lábios de forma provocante, e devolve o tapa na bunda quando passa por mim em direção ao corredor. Eu o sigo.

     — Da pra parar de bater na minha bunda? — Uso um tom reclamão falso.
     — Por que eu faria isso? 'Cê tem uma bunda mó gostosa.
     -— Você também tem e eu não fico batendo nela o tempo todo. — Mas eu bem que adoraria.
     — Mas você bem que adoraria. — Christian olha para mim, como se tivesse lido minha mente.

     Mostro o dedo do meio para ele antes de entramos na cozinha.

     Sentada junto a mesa está Donna. Ela está tomando café numa caneca – como sempre –, mas dessa vez não está acompanhada por nenhum Kindle ou tablet. Está simplesmente sentada tomando café, em silêncio.

     Ela olha para nós dois assim que atravessamos o arco da porta, e seus olhos esverdeados parecem levemente cansados, caídos. Se estiver realmente cansada, logo sua expressão muda e ela parece acordada demais.

     — Vocês dois precisam aprender a falar mais baixo. — Donna diz acusatoriamente

     Meu Deus, a conversa sobre bunda. Meu rosto arde de vergonha, e eu não consigo olha-la nos olhos. Já Christian segura uma risada que vez ou outra escapa dos lábios, até ele sair andando em direção a geladeira, completamente aos risos baixos. Donna revira os olhos discretamente.

     — Enfim — Ela suspira —, só tenham modos. Estou em casa, e não quero ouvir nenhuma patifaria hoje. Estou morrendo de dor de cabeça.

     Enquanto Donna se levanta para deixar a cozinha, eu me aproximo da ilha de inox, me apoiando na mesma.
    
     — Ela está parecendo um zumbi. — Comento com Christian, ainda olhando para a porta por onde ela saiu. E se ela estiver ouvindo do corredor?
     — Mais? — Christian se vira com um pedaço de bolo gelado, arqueando a sobrancelha.
     — Não sou fã dela, mas você está falando da sua mãe.
     — Por isso mesmo. — Ele morde a ponta do bolo. — Eu conheço ela. E ela é como um robô zumbi, que age de acordo com a ordem natural dos robôs programados nas fábricas. Minha mãe é completamente motorizada.

     Não consigo segurar a risada ao vê-lo fazer uma careta engraçadinha. Christian sorri, e continua comendo seu pedaço de bolo até ter devorado tudo em quatro mordidas. Eu o encaro, boquiaberta.

     — O que foi? — Ele pergunta de boca cheia. — 'Cê queria um pedaço?
     — Puta merda, você come igual um animal. — Digo e dou risada de novo. — Depois eu é quem sou esfomeada.
     — Eu tenho um motivo para ser esfomeado, que é o futebol americano, linda. — Ele pronúncia meu apelido amoroso com provocação, e não no sentido sexual, mas no sentido brincalhão. — Sou uma máquina de calorias. Eu só como calorias. O tempo inteiro.

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