C A P Í T U L O 34

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SAMANTHA PRICE

     Está muito quente quando eu desperto de manhã. Muito, muito quente. Abro os olhos e vejo qual é o motivo; estou deitada de bruços no chão macio do porão, e nas minhas costas sinto o peso de Christian deitado em cima de mim. O braço dele me segura pela cintura, e nossas pernas estão entrelaçadas. E eu estou completamente nua. Leva um momento até eu conseguir considerar tudo o que aconteceu durante a noite.

     Puta que pariu, eu quebrei todas as regras da Dua Lipa e ainda enfiei a indiferença no cu.

     Suspiro e passo a mão no rosto, bocejando em seguida. Não acredito que me deixei levar por ele. O que eu tinha na cabeça? Ah, tesão, é claro. Muito tesão. E muita saudade dele, no instante em que escutei sua voz soando em forma de música. Não estava respondendo por mim mesma, deixei meu lado trouxa tomar conta de mim. Me lembro de ficar repetindo pra mim mesma, toda hora, que ia ser um caso de uma noite só. Eu queria simplesmente esquecer tudo por algumas horas, e deixar me levar, só pra relaxar ao invés de ficar tensa o tempo inteiro.

     Tento me mover cuidadosamente para ir embora sem acorda-lo, mas Christian resmunga e se remexe atrás de mim. Ele deita virado para o outro lado, e eu me sento, pressionando a manta quentinha contra meu peito nu. Olho pra ele; Christian parece um anjo dormindo, com o rosto suave e o cabelo caindo nos olhos. Na minha memória, me lembro dele me olhando maliciosamente com a cabeça entre minhas pernas.

     Foi minha última recaída, eu juro.

     Passo os olhos ao redor do porão, mas está muito escuro aqui embaixo, porque o fogo da lareira já apagou. Tateio o chão em busca de qualquer coisa que me ajude a enxergar melhor, tipo um celular, sei lá, mas não tem nada. Suspirando eu me levanto igual a uma maluca pelada, e saio trombando nas coisas até finalmente achar um abajur. Essa luz é o suficiente para iluminar o ambiente. Cato minhas roupas no chão, que estão há surpreendentes grandes distâncias uma da outra – lembro do Christian jogando minha calcinha longe, mas eu nem me importei na hora. Me visto rapidinho, mas infelizmente não tem nenhum espelho por perto para eu ver meu estado – tenho certeza que meu pescoço tá marcado com um ou dois chupões, e que meu cabelo tá pro ar.

     Antes de destrancar a porta e ir embora, eu me ajoelho do lado de Christian e deixo um beijinho suave em sua bochecha. Nem sei porque fiz isso, se agora eu deveria manter uma distância de dois metros dele se eu não quiser chutar e depois ir buscar o balde de novo. Me levanto outra vez, e praticamente saio correndo antes que eu mude de ideia, e deite ali com ele outra vez.

     Na metade da escada, começo a sentir cheiro de café fresco. Merda. Merda. Merda. Merda. Paro e respiro fundo, prendendo o cabelo num coque todo desajeitado para tentar pelo menos mostrar o restinho de dignidade que me resta. Quando enfim chego na sozinha, dou de cara com Donna sentada num banquinho da ilha, lendo alguma coisa no tablet e bebendo café. Hank está fazendo torradas na pia. Fico parada na porta, sem saber o que dizer quando os dois olham para mim.

     — Samantha. — Donna abaixa a caneca de café, cruzando os dedos das mãos que ela apoia abaixo do queixo. — Tô vendo que você e o Christian passaram a noite juntos no porão.

     Sorrio. Porra...que noite.

     — É... conversando. — Digo, e minha voz está rouca de sono. E de gritar durante a noite...ai, ai, Christian. — A gente queria esperar a Aly chegar, mas acho que pegamos no sono antes da hora.

     Os olhos verdes de Donna me encaram, e o sorrisinho em seu rosto me diz que ela não caiu nem um pouco na minha mentira improvisada, mas que está disposta a entrar na minha onda.

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