All For Love ✓2

C A P Í T U L O 118

•Para uma melhor experiência deste capítulo ouça Hostage – Billie Eilish.

SAMANTHA PRICE

     Está quente. Muito quente. E eu estou suando, meu moletom e minha camiseta empapados de suor. Me sinto nojenta. Quando acordo, pra causa do calor, levo um tempo para entender que Christian está deitado quase em cima de mim. Ele é pesado pra cacete, está prendendo meu corpo na cama, provocando o calor que tanto sinto. Seus braços envolvem meu corpo por baixo, com a cabeça em meu peito, e os pés caindo para fora da minha cama. Adoro dormir com Christian, mas isso aqui está muito desconfortável, a começar pela quantidade de roupas pesadas que estamos usando no corpo.

     Mexo os braços devagar, para não acorda-lo, e depois passo a mão em seu rosto para tirar sua franja da testa. Christian franze o cenho, o que me faz afastar a mão rapidamente, mas ele não acaba que não acorda. Em minha experiência dormindo junto com Christian, sei que o tipo de sono dele varia – às vezes ele dorme feito uma pedra, em outras vezes, ele acorda com um estalar de dedos vindo do cômodo mais distante do quarto.

     Beijo sua cabeça rapidamente, e então começo a me mexer para sair debaixo dele e da cama também. Quando vejo que Christian não acordou, apenas virou de lado e continuou dormindo, quase caindo no chão, suspiro de alívio. Não quero atrapalhar seu sono, principalmente depois dele ter me dito que às vezes tem pesadelos e dificuldades pra dormir.

     Abro um pouco a janela para entrar ar fresco, e tiro as roupas quentes. Ainda de lingerie, eu me aproximo de Christian adormecido, e faço o possível para tirar suas roupas suadas sem acorda-lo. Demora, nas consigo tirar todas suas roupas, exceto pela cueca box preta. Penso em vestir a camiseta dele, mas ela está um pouco úmida de suor, então pego aquela outra que está guardada no meu armário todo esse tempo – a mesma que ele usou na Festa do Beijo Na Boca, e que eu roubei na hora de voltar pra casa. Ela fica grande o bastante para cobrir até metade das minhas coxas, então serve para dormir, o que tenho evitado fazer com ela para que não suje e eu tenha que lavar, assim perdendo o perfume dele.

     Antes de ir no banheiro fazer xixi e trocar o OB, me sento na cama e pego o celular de Christian para olhar a hora – não sei onde está o meu agora. Já são quase uma da madrugada, mas não me lembro de quando fui me deitar pra dormir.

     Olho para Christian brevemente, depois para o celular, e depois para ele de novo. Taco o foda-se, e entro na caixa de entrada de mensagens dele. Preciso ver se ele mandou alguma mensagem para os pais, ou então vou me sentir mal caso ele se encrenque mais por não ter voltado. Vejo que Christian não falou com os pais, mais falou com Alyssa. Espero que ela tenha avisado Hank e Donna.

     Quero olhar mais. As mensagens na caixa de entrada dele, quero dizer. Mas também não quero parecer muito invasiva, principalmente porque não há nada pra olhar no celular dele. É só paranóia de namorada curiosa. Ele nem tem muitos contatos – alguns caras do time, uma ou outra menina da nossa turma cujo nome me é familiar, o treinador Harper, os pais, amigos, Alyssa...eu. O modo como meu contato está salvo é o melhor – o apelido meloso que ele me deu, mais um coração e um emoji de foguinho –, e por isso fico sorrindo feito idiota.

     Acabo deixando o celular de volta onde eu peguei, porque realmente não tem nada pra olhar ali. Confio no Christian, e sei que não tenho motivos pra fuxicar no celular dele, mesmo que seja mais curiosidade do que insegurança. Para completar meu pensamento, com orgulho de mim mesma, eu dou outro beijo em sua cabeça. Depois saio da cama e vou ao banheiro.

     Quando estou saindo do banheiro, depois de trocar o OB e fazer xixi, escuto barulho e cochichos vindo da sala. Não tinha escutado nada antes, nem mesmo meus movimentos, porque não gosto de fazer barulho quando está tudo silencioso, e tem gente dormindo por perto. Percebo que a luz de um abajur está aceso, mas é muito fraco. Ainda em silêncio, caminho lentamente pelo corredor, escutando os cochichos ficando mais altos – "altos".