C A P Í T U L O 11

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SAMANTHA PRICE

     Ouço a voz de Christian invadir minha mente antes mesmo de eu acordar.

     — Linda... — Ele sussurra no meu ouvido, e depois passa a ponta dos dedos na minha orelha. — Você tá sonhando com o que?

     Solto um resmungo, tentando dizer alguma coisa, e depois abro um sorrisinho.

     — Eu tô aqui com você... — Sua voz continua ecoando em sussurros, o que me deixa arrepiada. Eu viro de lado na cama, deitando a cabeça em seu peito, e Christian faz carinho entre meus cabelos.
     — Eu te amo... — Sussurro, mas é como se minha voz não saísse. Fico esperando que ele diga alguma coisa. — Christian...? Christian?

     Espero de novo, mas nem seu corpo quente eu sinto mais. De repente, um arrepio diferente percorrer pelo meu corpo e eu começo a sentir frio. Me contraio toda embaixo da colcha grossa

     — Chris?

     Abro os olhos e me sento abruptamente na cama, ofegante. Meu coração está disparado dentro do peito. Disparado demais. Não, eu não posso, penso. E então fecho os olhos de novo, uma mão trêmula apoiando o peso do meu copo no colchão, e outra mão trêmula pressionado contra meu colo. Respiro fundo, tentando me acalmar.

     Minhas emoções são tomadas pela vida real ao meu redor, e, percebo que estou sozinha na cama. Meu quarto está um breu, porque as cortinas estão fechadas e eu nem deixei o pisca-pisca ligado ontem a noite. Me sinto presa dentro de um cubículo sombrio e assustador, embora o meu quarto na casa do meu pai não seja pequeno.

     Volto a abrir os olhos, me sentindo um pouco mais calma, enquanto meu coração desacelera lentamente. Enfio meu embaixo da colcha outra vez, deitando toda encolhida e em posição fetal, igual a um bebezinho – acho que nem o Todd dorme assim. Por alguns segundos, eu apenas encaro a porta do meu quarto, até perceber meus olhos começarem a arder e então marejar. Começo a chorar; ele não tá aqui comigo.

     Eu sei que parece meio hipócrita, levando em consideração que eu mandei o Christian ir embora do hospital, quando o mesmo havia passado a noite num sofá só para me ver, mas não consigo controlar o sentimento de saudade que cresce em mim. Eu quero estar com ele, quero dormir e acordar com ele, quero me sentir protegida por seus braços fortes e seus beijos delicados. Mas o que ele fez comigo ainda dói tanto. Parece uma ferida, e que não cicatriza nunca.

     Passo a mão nos olhos, enxugando as lágrimas que escorrem pelas minhas bochechas. É tão ruim quando você ama alguém, mas toda vez que você tenta chegar perto dela, sente como se tivesse abraçando um cacto.

     Rolo de lado, virada na direção da porta do quarto, e olho a hora no meu relógio; já vai dar meio-dia. Não acredito que consegui dormir tanto assim, considerando que minha cabeça não parava de girar ontem a noite, com os mesmos pensamentos a vulso me deixando deprimida. Acho que é melhor levantar e ligar para minha mãe vir me buscar, já que ela não conseguiu vir ontem depois do turno. A conhecendo bem, deve estar surtando.

     Tento parar de chorar enquanto pensando, ocupando a mente com outros pensamentos como...como a maldita dor no útero que eu sinto assim que me sento. Ca-ra-lho. Da onde que essa cólica do capeta surgiu?

     Resmungo de dor, alisando com a mão no mesmo lugar em que sinto uma pontada forte, como se estivessem me esfaqueando por dentro. Minhas cólicas são nível "me mate, por favor, provavelmente dói menos" desde minha primeira e adorável menstruação – tinha dois meses que eu havia feito 13 anos, e aconteceu no meio de uma festa de aniversário infantil; prefiro não comentar sobre o grito que eu dei no banheiro quando vi minha calcinha manchada, e que chamou a atenção da festa inteira.

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