C A P Í T U L O 39

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SAMANTHA PRICE

     Está escuro aqui dentro. Mas consigo ver a silhueta dos móveis, dos objetos, das escadas e etc, graças a luz que vem do pátio lá fora, entrando pelas janelas enormes, que vão do chão até o teto. Daqui da porta consigo ver o movimento no pátio, mas acho que eles não conseguem me ver por causa do jeito como as janelas são inclinadas.

     Dou o primeiro passo para dentro do lugar, e o piso de madeira range imediatamente. Olho para o chão, como se nunca tivesse ouvido esse som antes, e depois começo a procurar pelo interruptor que acende as luzes – deve ter luz aqui, né? As luzes do teto acendem uma por uma quando ligo o interruptor, depois de acha-lo atrás da porta. Uau.

     É um loft. E parece ser daqueles bem caros, apesar da aparência meio rústica e antiga, apesar de ainda moderno. As paredes são de tijolos aparentes, meio mal cuidados, mas de um jeito bonito e charmoso. Há alguns vasos de plantas espalhados pelos cantos, dando um ar mais vivo ao loft, assim como os banquinhos altos e com rodinhas espalhados por entre as telas de pintura.

     As telas são o que me chamam a atenção de verdade. Elas estão postas no centro do loft, de forma aleatória, mas ao mesmo tempo como se cada lugarzinho tivesse sido planejado, e cada uma em cima de seu próprio suporte de madeira. Algumas estão no chão, encostadas na parede lá no fundo. Caminho até elas lentamente, quase ouvindo as batidas frenéticas do meu coração em meio a todo esse silêncio. Com as pontas dos dedos, toco a mesa grande de madeira, cheia de gavetas e lotada com materiais de artes – pincéis de todos os tamanhos, latas de tintas de todos os tipos e quantidades, latinhas em spray, removedores de tinta, cartelinhas de papel com os tons de cores, bases para misturar tinta, canetinhas coloridas; basicamente o paraíso na terra.

     Olho para o chão e remexo os pés; estou pisando em um lindo tapete persa com aparência velha. Depois olho para o outro lado do loft, onde há uma cozinha pequena montada embaixo de um mezanino de ferro. É bem simples, mas fofo. Tem um fogão pequeno, uma geladeira simples, uma pia, um longo balcão com gavetas – provavelmente para armazenar comida não perecível e louça –, e uma mesa redonda no "meio", com algumas cadeiras ao redor.

     Logo estou subindo as escadas do mezanino, que é praticamente um quarto improvisado. O colchão grande que encontro jogado no chão é cercado por almofadas, puffs e um monte de outras coisas fofas para sentar ou deitar, talvez um bom lugar para ficar de bobeira com os amigos ou o namorado. A porta logo mais atrás do colchão deve ser um banheiro – eu espero, porque não dá pra ficar aqui dentro sem ter onde fazer xixi ou tomar banho.

     Ainda estou completamente sem reação para tudo isso o que estou vendo aqui. É tudo lindo, e perfeito, o tipo de lugar que todo artista gostaria de ter para trabalhar em seus projetos. O tipo de lugar que eu facilmente me imaginaria morando depois da faculdade.

     Já me sinto tão a vontade, que tiro o moletom grande de Alyssa, e o jogo no colchão, antes de me deitar no mesmo. Ele é macio, e meu corpo afunda de uma maneira deliciosa. Estico o braço pra trás e pego o leãozinho de pelúcia sentado entre os travesseiros, o reconhecendo rapidamente como um dos brinquedos antigos que o crianção do Christian guarda numa caixa, embaixo da escrivaninha no quarto dele. Sorrio, brincando com os pelinhos falsos, da juba falsa.

     Christian fez isso tudo? Sozinho? Pra mim? Por que é tão difícil de acreditar nisso. Sei lá, parece um sonho, e fico esperando o minuto em que meu despertador vai tocar e eu vou me sentir melancólica por nada disso ser real. Fecho os olhos e abraço o leãozinho, que tem o cheiro dele. Conto até dez, e quando volto a abrir os olhos, ainda estou aqui.

     É real.

     Suspirando, eu me sento com as pernas cruzadas em cima do colchão. O pior disso tudo, é que Christian está me dando esse presente, e eu ainda estou morrendo de ódio de tudo o que ele fez – acho que mais de suas ações, do que dele em si; não consigo odiar ele. Nenhum presente é capaz de apagar todas as merda...mas admito que é fofo. É um dos melhores presentes que já ganhei na vida, chegando a superar um pouco os kits de artes que meus pais me deram de Natal. Fico um pouco feliz do Christian ter pensado muitíssimo bem no que me dar de aniversário.

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