C A P Í T U L O 54

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CHRISTIAN ANDERSON

     Sam não me solta. Sam não me empurra. Sam não me bate. Sam me beija; ela simplesmente me beija de volta. Tenho certeza que é o álcool falando...por nós dois. Mas não importa se estamos ambos bêbados, o que importa aqui é que estamos nos beijando pra valer, e na frente de todo mundo.

     Ela agarra minha camiseta pela ponta dos dedos, mas não consegue se mexer muito, porque ainda estou a prendendo pelos pulsos contra meu peito. Sua língua se move em ritmo com a minha, e seus lábios envolvem os meus sem parar, deixando-me sem fôlego. Uso a outra mão para apertar sua cintura, trazendo-a para mim e tentando mante-la colada com meu corpo a cada segundo.

     Ao nosso redor posso ouvir as pessoas gritando, provocando, provavelmente estão se divertindo com meu momento de alívio. Ou com a cara de bunda do Alec, eu sei lá.

     Lentamente, empurro Sam para trás e ela encosta na mesa de ping pong; nossa pequena plateia vibra, e isso me faz acordar um pouco para a situação em que estamos nos beijando. Solto seus lábios, fazendo estalo, e Sam me encara com a respiração ofegante. Quando também solto seus pulsos, penso até que ela vai me bater ou me empurrar para longe e sair correndo, mas ao invés disso Sam continua bem pertinho de mim, olhando nos meus olhos. Eu alterno entre olhar para seus olhos também, e para sua boca macia e úmida, só até parar e olhar ao redor.

     Algumas pessoas seguram os celulares nas mãos, filmando ou tirando fotos do nosso showzinho ridículo, talvez fazendo até mesmo os dois. Todo mundo parece animado com o que está acontecendo; por que sou sempre eu quem tem que arranjar a briga que anima a porra da festa? Olho para Alec, que parece um búfalo ao respirar fundo várias vezes enquanto nos encara furioso. Imagina se ele visse a ex namorada sendo beijada por outro cara na frente de todo mundo, sendo que você ainda é complementamente apaixonado por ela? É ainda mais doloroso do que o que ele viu aqui.

     Volto a olhar para Sam, que agora parece meio intimidada por tudo ter rolado na frente de um monte de gente. Seguro sua mão e ela olha para mim.

     — Vem comigo... — Digo e então saio a puxando para longe dali.
     — Ih, rapaz, vai foder! — Alguém grita, e sinto vontade de bater no sujeito, mas não paro pra isso.

     Sam e eu percorremos a casa inteira atrás de refúgio contra olhares indesejados, dando tempo da festa voltar ao seu "normal" e a música também voltar a tocar. Acho finalmente um quarto destrancado, e já vou entrando logo, sequer pensando se tem alguém transando aqui dentro. Acendo a luz e, para nossa sorte e surpresa, o quarto está vazio. Tranco a porta para garantir que continuemos apenas nós dois, mesmo sabendo que o mais provável de acontecer agora é a gente brigar e não transar.

     Eu fico parado de pé, observando enquanto Sam caminha devagar até a cama, onde se senta na beiradinha. Ela fica olhando para as próprias mãos no colo, batucando os pés no chão sem fazer barulho. A música lá fora está abafada, mas ainda faz alguns móveis vibrarem aqui dentro, por causa da força das batidas eu acho. Me encosto na porta e encaro Sam, esperando que ela comece a dizer algo. Mas ela não diz.

     — Desculpa... — Sou eu quem falo primeiro, tentando não soar baixo demais para que ela me escute.
     — O que você fez foi muito idiota. — Ela murmura de volta, ainda sem olhar pra mim.
     — Eu sei...mas não me controlei quando vi você beijando ele. Foi a cena mais escrota que eu já vi na minha vida, e eu odeio aquele babaca por isso.

     Sam levanta a cabeça e ri soprado, olhando ao redor do quarto para me evitar. Pelo menos parece que ela está me evitando; já aconteceu tantas vezes, que já até sei quando ela está me evitando ou não.

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora