CHRISTIAN ANDERSON
Alyssa está quieta durante o caminho de volta para a casa, depois da escola. Geralmente ela está sempre quieta quando está comigo, mas hoje está mais quieta do que o normal, com a cabeça encostada na janela enquanto parece pensar. A briga com a Lauren parece ter sido foda mesmo.
Queria poder dizer alguma coisa que a faça se sentir melhor, mas (A) nós não estamos tão próximos quanto antes, e (B) eu sou péssimo com palavras. Se não fosse pelo meu avô, eu não teria nem escrito aquele bilhetinho pra Sam.
Eu liguei pra ele ontem a noite, e o velho me passou algumas dicas, me ajudou com palavras. O sonho dele sempre foi ser escritório, então ele sabe bem como usar as palavras, apesar do bilhetinho ter ficado meio brega. Fui eu quem deu a ideia, é claro. Meu avô disse que esse foi meu "presente de aniversário".
Meu aniversário. Puta merda, eu estou fazendo 17 anos hoje, e minha irmã também está. É esquisito mudar de idade, tipo, eu sempre esqueço que minha idade mudou, bem capaz de eu dizer que ainda tenho 16 anos quando alguém perguntar. E, como todos os outros aniversários, Alyssa me acordou exatamente a meia-noite, soprando um treco barulhento de festa no meu ouvido – justo quando eu estava conseguindo ter uma boa noite de sono.
Meu dia começou como qualquer outro. Recebi algumas mensagens de parabéns, me permiti comer um cupcake de aniversário que estava na geladeira, na escola recebi parabéns de quase todo mundo que me conhece, o treinador me fez dar 20 voltas no campo – "só porque é seu aniversário", ele disse, "não significa que vai receber tratamento especial, Anderson –, recebi mais alguns parabéns, e agora estou voltando pra casa. Só porque é meu aniversário, não significa que vá ser um dia espetacular.
Eu bem que queria que fosse um dia diferente, onde tudo fosse só arco-íris desde o momento em que eu levantasse da cama, até onde me deitaria para dormir outra vez. Mas não é bem assim que a banda toca por aqui. Agora, quando meus pais chegarem do trabalho, vamos ter um jantar em família para "comemora" que minha irmã e eu estamos ficando velhos. Vai ser um porre, como sempre. Talvez fosse melhor se meus avós não tivessem cancelado ontem, porque, aparentemente, meu avô não está em condições de viajar muito longe. Só espero que não seja nada muito sério.
Olhando pelo lado bom, pelo menos vou poder esquecer tudo enchendo a cara na festa de Dia dos Namorados do Nate. A festa não é pra mim, nem para minha irmã, é uma festa para o dia "comemorativo" num geral, mas Nate jura que vai ter bolo e que todo mundo vai ser obrigado a cantar parabéns. Pelo menos já é muito mais do que meus pais já fizeram para nós no nosso aniversário.
Olho para Alyssa de canto. Nunca a vi tão desanimada no nosso aniversário, quanto estou vendo agora. É sempre ela a mais a animada entre nós dois.
Não digo nada, porque sei que não tenho o que dizer, e continuo dirigindo.
♥
Assim que entro com o carro na nossa rua, vejo o carro da Lauren estacionado no meio fio da nossa casa, a mesma estando sentada no capô. Ela parece ficar ansiosa quando vê meu jipe se aproximar, e então estacionar de frente para a garagem.
Assim que desligo o motor, Alyssa praticamente voa pra fora, correndo até Lauren. Eu permaneço dentro do jipe, olhando para as duas pelo espelho retrovisor por alguns segundos, até resolver lhes dar um pouco mais de privacidade.
— Não demora muito, que daqui a pouco papai e mamãe vai estar chegando. — Aviso antes de entrar em casa e fechar a porta, deixando as duas sozinhas para conversar.
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All For Love ✓2
Teen FictionLivro #2 OBS.: Sinopse possui spoiler do livro #1 Samantha Price estava de coração partido. O garoto pela qual jurava estar apaixonado por ela havia cometido um erro - o erro que ela mais temia acontecer. Depois da terrível - e quase fatídica - no...