C A P Í T U L O 40

6.5K 479 456
                                    

SAMANTHA PRICE

     Assim que fecho a porta atrás de mim, solto o ar que estava prendendo nos pulmões esse tempo todo. Não é nem novidade meu coração estar batendo rápido e forte contra meu peito, e minha respiração estar completamente fora do tom. Às vezes acho que meu coração tem ligação direta com a voz de Christian; toda vez que a escuto ao vivo, minha pulsação cardíaca se descontrola toda.

     Eu fecho os olhos, respiro fundo, e então desço as escadas para ir embora logo. Agora que Christian e eu somos "amigos", espero que esse lance de traição não me perturbe tanto quanto já me perturba agora. Gostaria mesmo de conseguir perdoa-lo e ficar com ele, mas meu orgulho e minha dignidade são maiores – bom, mais ou menos, já que transei com ele noite passada.

     Eu atravesso o pátio rapidamente, cruzando os braços e evitando todo mundo até eu chegar no carro de Alec encostado no meio fio. Um vento irrompe pelo ar, e meus lábios tremem. Felizmente, o carro está quentinho quando me sento no banco do passageiro e fecho a porta.

     — Valeu por esperar... — Digo sem olhar para ele, apenas encarando o jipe de Christian estacionando na nossa frente.
     — Você tá bem? — Alec pergunta, mais preocupado do que apenas curioso. — Pensei em subir quando o Christian chegou, mas não sabia se você tinha chamado ele ou não...
     — É, eu tô bem. — Sorrio pequeno para ele. — A gente só conversou.

    Alec balança a cabeça para afirmar, em seguida liga o carro e começa a afasta-lo do meio fio. Eu ainda estou repassando os detalhes da conversa com Christian na cabeça. Foi a primeira vez que tivemos uma conversa decente desde que terminamos o namoro. Pelo menos chegamos a um bom consenso, o que me deixa aliviada e menos tensa. Só estou cansada de pensar nele com a Tess o tempo inteiro, de chorar o tempo inteiro, de pensar nele o tempo inteiro; isso não vai me fazer sentir menos. O melhor é deixar o tempo levar. É sempre o tempo, nunca as ações ou a pessoa.

     Eu suspiro e olho para Alec, que dirige em silêncio, os olhos azuis focados na estrada. A luz da lua ilumina nossos rostos, e a pele pálida dele fica parecendo porcelana, enquanto a minha só fica um pouco mais morena. Me lembro do garoto gordinho que odiava o próprio corpo, que só usava moletom e trazia florzinhas pra mim quando era meu aniversário. Ainda é o mesmo garoto. Ainda é o mesmo cara que considero um irmão, quase. Quando ele tentou me beijar hoje, não pensei nem em um motivo para isso não acontecer, eu simplesmente não quis. Alec simplesmente não me deixa nervosa, não me deixa ansiosa ou curiosa para sentir sua boca na minha, não me deixa puta de tanta provocação e teimosia. Esse é o problema, e se não fosse, talvez o sentimento que ele tem por mim pudesse ser recíproco da minha parte.

     Volto a olhar para a estrada na nossa frente.

     — Por que você tá tão quieta? — Alec pergunta, e sua voz preenche o carro.
     — Não sei... — Dou de ombros — Não sei o que dizer.
     — Diz qualquer coisa. Só quero ouvir sua voz. É chato ficar o tempo inteiro em silêncio...

     Sorrio de canto, e passo a mão no rosto.

     — Desculpa ter feito você vir até aqui por causa do Christian, sério, não foi legal.
     — Ah... — O ouço suspirar, mas não me viro para ver. — Você fazia favores pra mim o tempo todo, nada mais sensato do que devolver.

     Solto um riso soprado.

     — Você é um anjo, Alec... não mereço você.
     — Por que não?
     — Sei lá...eu sou hipócrita. — Porque não consigo esquecer o Christian, completo mentalmente. — Às vezes não te dou atenção... não quero dar a impressão de que estou te usando.
     — Você não tá me usando, Sam. — Olho para ele, que está sorrindo e cutucando o topetinho com a ponta dos dedos. — Só estamos recomeçando, eu acho. Fomos amigos por muito tempo, depois não fomos mais, e agora já somos de novo. Às vezes fica estranho mesmo.

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora