C A P Í T U L O 74

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•Para uma melhor experiência deste capítulo, ouça Someone To You – BANNERS.

CHRISTIAN ANDERSON

     — Chris, oi. — Sam sorri, e deixa a mochila em cima da mesa de madeira quando se aproxima mais.

     Ouvi-la me chamar de "Chris" e não de "Christian" me deixa levemente desconfortável; me acostumei com o fato dela ser a única pessoa na escola que não me chama pelo apelido o tempo inteiro. Ainda sim, continuo sorrindo, porque estou feliz em vê-la.

     Fiquei com medo de que ela não viesse pra cá depois da aula, com medo de que também não viesse pra cá com frequência e que hoje não fosse diferente, mas aqui está ela. Tenho noção de que estou sorrindo como um idiota, e sim, eu quero continuar.

     Passo a mão no cabelo, molhando os lábios com a língua ao dar mais alguns passos em sua direção.

     — Eu...eu trouxe pizza. — Digo, olhando brevemente para a cozinha por cima dos ombros. — A sua favorita.
     — Havaiana? — Seus olhos se iluminam ao dizer o nome de seu sabor favorito – e exótico – de pizza, deixando-a ainda mais bonita. Céus, eu sou obcecado por essa mulher.
     — É. Havaiana.

     Sam sorri ainda mais, passando por mim para ir até a cozinha. Eu a sigo, e me senti de volta a mesa, junto com ela, que já está abrindo a pizza. Eu comprei uma metade havaiana, metade pepperoni, porque, cai entre nós, pizza com abacaxi é nojento. Mas se a Sam gosta, eu compro, só para vê-la feliz.

     — Parece que faz séculos que eu não como uma pizza. — Ela diz, pegando um pedaço sem nem se preocupar em sujar as mão com gordura. Gosto de como ela não liga pra coisas fúteis como essas; se fosse a Tess, estaria comendo de garfo e faca. Sorrio e pego um pedaço pra mim também. — Hummm...meu Deus, que delícia. — Sam geme de boa cheia, lambendo os lábios.
     — Você tá gozando com um pedaço de pizza? — Pergunto em um tom brincalhão, depois dando uma mordida no meu pedaço de pepperoni.
     — Por que? Tá com ciúmes da pizza?

     Dou risada, quase engasgando quando vou engolir o pedaço que está na minha boca. Sam ri comigo. Logo depois ela se levanta, e vai até a geladeira, pegando duas garrafas de refrigerante de cereja para nós.

     — Valeu. — Digo assim que ela me entrega uma das garrafas. Como sempre, abro a tampinha ao bate-la na barra da mesa; foram anos de prática até consiguir fazer isso sem quebrar a garrafa junto.

     Sam fica olhando para mim, segurando a garrafa com força entre os dedos, mas não a abre para bebe-la. Ergo uma sobrancelha enquanto dou um gole no liquido rosa escuro.

     — Não vai beber? — Pergunto
     — Hã? — Sam pisca, confusa, e então balança a cabeça. Seguro o impulso de rir, e apenas sorrio. — Ah, vou, claro.

     Suas bochechas ficam vermelhas, da cor do molho dessa pizza, e ela desvia o olhar do meu quando isso acontece. Eu fico a observando abrir a garrafa, sorrindo de canto, meu dedo circulando na boca da minha garrafa de forma distraída.

     Estava louco para ter um momento a sós com a Sam desde que falei com a Tess na escola, e a vontade só aumentou mais ainda depois que elas duas caíram na porrada no meio do corredor – melhor; depois que a Tess levou porrada, porque a Sam saiu intocada, só ignorar os arranhões nos braços. Não estava esperando que fosse rolar aquela briga toda depois da verdade, mas, ei, é a Sam King; é óbvio que ela ia lascar um tapa na cara da Tess.

     Sam continua comendo a pizza, vez ou outra bebendo um pouco de refrigerante. Eu apenas continuo a observando, porque não consigo tirar os olhos dela. Ela é linda, puta que pariu, tão linda. Fico sem fôlego só de imaginar que agora podemos nos acertar de novo, um alívio que me estava me sufocando todo esse tempo, quase como um sentimento de culpa. Não, não, era um sentimento de culpa, de fato, não tem essa de "quase"; me sentia numa masmorra de torturas toda vez que via a Sam pelos corredores da escola, tão distante; isso era culpa.

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