CHRISTIAN ANDERSON
Não foi só a Alyssa quem ganhou castigo. Ela pode ter ganhado um pior que o meu – tipo, dois meses sem celular, sem TV, sem a liberdade de sair de casa quando quiser, sem cartão de crédito, sem Samantha (pelo menos eu também estou sem, mas permanentemente), e ela vai ter que passar o nome de quem arranjou drogas pra ela (essa é a única parte do castigo que a Aly ainda não começou a cumprir, e já está irritando meus pais com isso –, mas tudo isso não significa que eu não tenha ficado sem celular e sem videogame ainda, por ter mentido. Não contei sobre a primeira vez que Alyssa trouxe drogas para casa, porque sei que isso ia fazer com que meus pais pegassem ainda mais pesado com ela.
Mas, olhando pelo lado bom, nossos castigos vão ser "absolvidos" durante a véspera de Natal, o feriado do Natal em si e na véspera de ano-novo – achei até bem generoso dos ditadores, mais conhecidos como meus pais.
Na manhã de véspera de Natal, eu aproveito para tentar dormir até mais tarde porque (A) não estou mais de castigo, então não preciso acordar cedo pra estudar, e (B) já faz vários dias que eu não durmo até meio-dia, porque estou sempre pensando na Sam. Eu tô tão cansado psicologicamente, que capotei na cama ontem a noite e estou dormindo até agora.
Ou eu estava, até ser acordado pelo som do meu despertador. Eu resmungo, quase choramingando enquanto reviro o corpo na cama, até achar meu celular – quase sem bateria, por sinal – do outro lado do colchão. Com os olhos quase fechando de sonolência, eu desligo o alarme e depois desabo o rosto contra um travesseiro, me aconchegando todo entre o edredom grosso, pronto para voltar a dormir.
Isso até alguém interromper meus sonhos inexistentes, e entrar no quarto fazendo barulho.
— Christian. — Meu pai chama em um tom de voz autoritário, e eu ficaria arrepiado, mas estou com sono demais pra isso. — Já são oito horas, acorda.
Só? Resmungo mais uma vez, e tateio a cama na procura de outro travesseiro, que, quando achado, eu jogo sobre minha cabeça e uso para tampar os ouvidos.
— Você ainda está dormindo e seus avós vão chegar daqui a pouco. — Posso estar "dormindo", mas quase consigo "ver" meu pai olhando o relógio de couro vermelho no pulso; acho que ele não tira isso nem pra tomar banho. — Christian. — Meu pai resmunga entredentes.
Bufo e jogo o travesseiro longe, virando um pouco o troco para poder encara-lo. Praticamente esforço meus olhos a permanecerem abertos, porque estou tomado pelo sono.
— Já acordei, já acordei! — Exclamo exasperado
— Então levanta agora. — Meu pai me encara de volta, observando-me de cima abaixo de forma apática, provavelmente pensando "puta que pariu, foi essa merda aí que saiu do meu saco?" — E vê se toma um banho e veste uma roupa decente, pelo menos.Ele franze a testa, e então bate a porta ao sair do quarto rapidamente. Eu volto a tombar na cama, os braços abertos e largados para os lados, enquanto eu encaro o teto. Tinha me esquecido que meus avós vinham para o Natal, o que é meio estranho, considerando que eles não vêem até Bridgton já faz dois anos. Sempre enviamos um cartão postal de Natal pra eles, os presentes também, e eles fazem o mesmo; só isso. Acho até que esse é até um dos motivos para meus pais liberarem eu e minha irmã do castigo – temporariamente. Provavelmente também só estamos livres na véspera de ano-novo por que vamos para a cabana no lago, acompanhar os fogos de artifício no Woods Ponds.
Respiro bem fundo, lerdando deitado, até eu enfim tomar a coragem de me levantar e sair da cama. Cato uma camiseta roxo escuro pelo quarto, de mangas longas e furos por onde passo o polegar, e a visto enquanto saio do quarto pra ir tomar café antes do banho. Bocejo no meio do caminho, ainda todo sonolento, o cabelo todo bagunçado; um lixo. Esfrego o rosto com as mãos para tentar acordar, mas só uma caneca com café vai ajudar agora.
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All For Love ✓2
Dla nastolatkówLivro #2 OBS.: Sinopse possui spoiler do livro #1 Samantha Price estava de coração partido. O garoto pela qual jurava estar apaixonado por ela havia cometido um erro - o erro que ela mais temia acontecer. Depois da terrível - e quase fatídica - no...