C A P Í T U L O 158

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SAMANTHA PRICE

     Já estou vestida e pronta para ir embora. Acordamos cedo para apontarmos tudo antes de abandonar esse paraíso cheio de boas lembranças – uma ou outra lembrança ruim que veio de intruso, mas é só ignorar.

     Minha mala já está pronta, eu só precisei guardar as últimas roupas limpas que estavam na máquina ontem. Depois eu desço com tudo, e Charles leva para o carro. Vou até minha mãe, que está na cozinha terminando de organizar tudo, embora Charles tenha dito que ela não precisa fazer isso.

     Os dois estão num bom humor de revirar o estômago de qualquer um – porque sabemos o motivo do bom humor deles.

     — Tem certeza que não quer comer nada, Sam? — Minha mãe pergunta outra vez.

     Ela de mexe para lá e para cá, guardando louças e lavando uma ou outra coisa suja. Só consigo pensar nela gemendo, pedindo para Charles continuar... continuar fazendo aquele negócio que eles estavam fazendo. Eca.

     — Não, obrigada. — Enrugo o nariz de leve. — Acordei meio...enjoada.

     Eu até acordei com fome, mas quando desci pra cozinha Charles e minha mãe já estavam de pé, e com energia de sobra – o que é surpreendente, levando em conta que eles estavam metendo com tudo. Os sorrisinhos deles se tornou enjoativo pra mim, e isso ainda vai demorar pra sair da minha cabeça.

     Minha mãe me olha com a sobrancelha loira levantada, e um olhar de quem vai começar a falar demais.

     — Se sua menstruação não descer em duas semanas, eu juro por Deus que eu te mato. — Ela diz com seriedade.
     — Não é por isso que estou enjoada... — Murmuro bem baixinho, para que ela não escute.

     Mas ela escuta.

     — Como é?
     — Nada! — Respondo imediatamente, levemente arregalando os olhos. — Quer saber, eu vou ver se não esqueci de nada. Com licença...

     Forço um sorriso nervoso no rosto, me virando para sair da cozinha. Dou de cara com Charles na porta, quase trombando nele, que sorri gentilmente antes de passar para ir até minha mãe atrás de mim. Estremeço de cima a baixo.

     Volto para o quarto, realmente para ver se não deixei nada pra trás, e encontro a Beth. Ela está sentada na cama, amarrando a corrente azul com brilhinho na coleira combinando do Conde. Ele fica quietinho, de língua pra fora.

     — Nós já estamos indo embora? — Beth pergunta ao me notar no quarto.
     — Não, só vim ver se não esqueci nada.
     — Tudo bem.

     Beth está sorrindo mais do que o normal desde hoje cedo, completamente o oposto de quando chegamos em Southampton. No início da semana ela estava desinteressada em tudo o que fazíamos, embora tentasse se esforçar para gostar, sei que a companhia da minha mãe a incomodava. Só ontem ela ficou mais "solta", porque saímos sozinhos. Agora ela deve estar feliz porque vai "se livrar" da madrasta por um tempo.

     O engraçado, é que ela estava empolgada antes de sairmos de Bridgton, mas foi ficando mal humorada conforme mais perto de Nova York nós estávamos. Talvez ela tenha percebido na metade do caminho que Charles estava dando mais atenção para minha mãe.

     Eu a observo cuidando de seu cachorro por alguns segundos, e então me sento do ouro lado da cama.

     — Por que você sente ciúmes deles? — Pergunto em voz alta.

     Eu estava louca para perguntar isso há dias.

     Beth olha para mim, piscando de forma confusa, sem dizer nada durante uns segundos. Quando estou prestes a perguntar outra vez, ela me responde.

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