C A P Í T U L O 56

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SAMANTHA PRICE

     Quando acordo no dia seguinte, meus olhos começam a estranhar o teto de metal e seus suportes com grades. Pisco algumas vezes, bocejando, e só então me dou conta de onde estou. E de com quem estou.

     Mexo meu corpo lentamente, mas sou impedida de me virar pelo peso do corpo de Christian me abraçando por trás. Sua cabeça está aninhada na minha nuca e no comecinho das minhas costas, e seus braços abraçados ao redor da minha cintura. O braço que passa por baixo de mim deve estar dormente, mesmo eu sendo bem magrinha; ainda tenho peso, ok? Christian está roncando baixinho no meu ouvido, e o som é gostosinho e muito familiar, apesar de estar com a cabeça latejando de ressaca.

     Não consigo olhar por muito tempo para a claridade vindo das janelas, então baixo os olhos para os braços de Christian ao redor de mim. O que passa por baixo está largado, tocando a ponta dos meus cabelos, e o outro está segurando minha cintura, puxando-me contra si. Me pergunto como fomos parar nessa posição, se dormimos em outra completamente diferente. De qualquer forma, isso não importa agora, porque só de ter dormido com ele já sinto meu coração ficando um pouco mais quentinho.

     Quando estávamos namorando, só passamos a noite juntos uma vez, quando eu perdi minha virgindade, e mesmo assim ele foi embora muito cedo. Não ter passado mais noites com ele me deixa mal por não ter aproveitado o suficiente, mas o que eu podia fazer? Somos adolescentes, era de se esperar que não iríamos conseguir passar todas as noites na mesma cama, igual a um casal de adultos. Fiquei até surpresa da minha mãe ter me deixado dormir fora ontem – eu não falei com quem seria, só que com uma "amiga", então isso deve ter ajudado um pouquinho.

     Eu sei que estou enganando a mim mesma dormindo com Christian, mas eu não podia deixar ele sozinho depois das coisas que me contou. Não foi pena, foi compaixão. Ele me contou coisas que nunca contou antes, e isso fez as borboletas no meu estômago acordarem, exatamente como quando passamos a conversar por causa daquele trabalho idiota. É como se apaixonar pela segunda vez, sem nunca ter se desapaixonado antes. Christian está me reconquistando, e eu tenho medo disso, porque definitivamente não quero voltar a namorar com ele. Eu não quero me magoar de novo.

     Já disse muitas coisas em relação a Christian Anderson que depois não importaram mais, como quando eu dizia que ele não era meu crush, mas na verdade era. Só que dessa vez estou falando sério; não quero namorar com ele de novo. Seria uma espécie de suicídio cardíaco.

     Suspiro e em seguida prendo o fôlego, suavemente deslizando minha mão em seu braço. Costumava fazer muito isso quando ele pegava no sono enquanto assistimos alguma série na TV. Ele tem muitos pelos nos braços, o que é meio estranho, porque ele depila o peito e as pernas, mas deixa nos braços. Pelo menos é um charme, e eu gosto muito.

     Corro os braços até seu bíceps, me virando delicadamente para não acorda-lo. Christian se mexe e resmunga, mas mantém os olhos fechados. Relaxo e continuo passando a mão em seu corpo, até seu ombro e descendo pelo peito; ele precisa raspar de novo, porque já estou sentindo espetando. Às vezes parece que ele tá sempre espetando. Por que depilação com gilete não pode durar pra sempre? Sorrio e continuo olhando para sua expressão serena enquanto dorme. Será que está sonhando com algum coisa?

     Por fim, eu deixo um beijinho nem sútil em seu ombro e dou um jeito de sair de seus braços ainda sem acorda-lo. Para minha sorte, Christian continua dormindo todo largado, uma perna caindo para fora do colchão e os braços jogados para um lado só. Sorrio de canto, e passo meus cabelos para trás, prendendo num coque antes de ir para o banheiro. Meu rosto ainda está inchado de sono, vejo pelo espelho, e minha bochecha tá com uma marca amassada cortando até meu queixo. Caralho, o sono foi bom mesmo. Faço xixi rapidinho, escovo os dentes com uma escova que deixei aqui pra mim – tem outra no armário, caso Christian queira usar –, e então desço pra comer alguma coisa.

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