C A P Í T U L O 128

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SAMANTHA PRICE

     O tribunal está absorto no silêncio. Tenho a impressão de que todo mundo está sentindo pena de Christian, principalmente porque ele continua chorando. Ele tenta parar, eu sei que tenta, e passa a mão no rosto para esconder as lágrimas, mas não consegue.

     Vê-lo desse jeito está me matando por dentro.

      Aperto a mão da minha mãe com tanta força, que posso estar machucando-a, mas é o que posso fazer para evitar de me levantar, e fazer besteira em ir "socorrer" Christian. Ele não merece passar por tudo isso, mesmo que seja para o bem da justiça.

     A mãe dele, Donna, está andando de um lado para o outro. Ela parece aflita, provavelmente porque ouvir o filho falar sobre como foi drogado e teve suas roupas arrancadas sem consentimento...isso deve ser pesado.

     Mexendo as mãos uma na outra, Donna para de frente para Christian.

     — Odeio ter que ir deitar pra dormir sozinho. — Christian conta, os olhos vermelhos voltados para as pessoas presentes no tribunal. — Porque eu penso tanto no que ela fez, que me deixa inquieto. Quando eu tento não pensar e fechar os olhos pra dormir, ainda consigo ouvir a voz dela na minha cabeça. — Ele funga, depois olha para as próprias mãos. — Quando eu digo que isso me incomoda, algumas pessoas dizem que é frescura, que foi apenas coisa de ex ciumenta e que eu não deveria fazer caso. Mas não, isso é loucura, e eu não gosto. Ninguém deveria gostar de ter sido drogado, mesmo que por uma garota consideravelmente bonita.

     Sinto uma lágrima escorrer pela minha bochecha quente. Passo o dedo para pegá-la antes que caia do rosto, e então respiro fundo.

     — Senhor Anderson — Donna começa —, em algum momento, depois de acordar ao lado da senhorita Armstrong, você chegou a pensar na ideia de ter sido drogado?
     — Não. — Christian responde, controlando melhor o tom de voz. — Não, eu não pensei nisso. Que tipo de pessoa pensaria uma coisa dessas? Eu, pelo menos, prefira acreditar que a Tess não chegaria a esse nível.
     — Mas não é verdade que, uma semana antes, Thereza Armstrong não havia tentado embebedar Samantha Price, sua namorada, como tentativa de humilhação?

     A advogada morena da Tess se levanta abruptamente da cadeira.

     — Protesto por suposição! — Ela diz
     — Protesto negado. — O juíz Franklin bate o martelo, e a advogada, com irritação discreta, volta a sentar-se ao lado de Tess.
     — É, ela tentou. — Christian responde a pergunta da mãe. — E postou nos stories do Instagram.
     — Sabe me dizer se ouve alguma tentativa de drogar a Samantha também?
     — Não... não, isso não. — Christian nega com a cabeça.
     — Mas ela tentou a embebeda-la?
     — Isso.
     — Não seria, então, a primeira vez que Thereza Armstrong tentou embriagar um pessoa propositalmente. — Donna anda de um lado para o outro, pensando. — Na noite do ocorrido, quando se juntou a senhorita Armstrong para beber, se lembra de ter visto ela bebendo com você?

     Christian franze as sobrancelhas, piscando algumas vezes. Ele fica confuso por alguns segundos, e então levanta a cabeça para encarar a mãe.

     — Eu... não me lembro.
     — Certo. — Donna diz — Você sabia que a Thereza estava acompanhada aquela noite, por um cúmplice?
     — Não...no dia eu não sabia.
     — Então você não tinha consciência do que estava acontecendo? Para você, aquilo não era um teatro armado pela Thereza, para que levasse o senhor até a cama?
     — Protesto por suposição! — A advogada da Tess volta a interromper.
     — Protesto concedido. — O juíz bate seu martelo.

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