C A P Í T U L O 161

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CHRISTIAN ANDERSON

     Passo a mão pelos cabelos uma quinta vez. Não faço ideia do que fazer com eles, se eu deixo penteado pra trás, se passo gel, ou sei lá o que. Um cara não tem muita coisa pra fazer no cabelo, o corte é que o define, não o penteado. E no momento já faz meses que não vejo o barbeiro; meu cabelo está batendo na nuca e minha franja cobrindo a testa.

     Alyssa diz que os cachinhos nas pontas são charmosos, mas eu acho que já está na hora de passar a tesoura nesse ninho rebelde. Minha mãe também acha.

     Bufo para o espelho, abaixando os braços. Meus cabelos ainda estão meio úmidos, espalhados pela cabeça mesmo depois de eu ter tentado passar o pente. Não adianta; vai continuar bagunçado.

     Desisto de tentar arrumar, e parto para o próximo passo: passar perfume. Nem posso me dar ao luxo de demorar pra me arrumar, porque consegui acordar atrasado mesmo com o despertador – é impressionante!

     Espalho um pouco de perfume no pescoço, nos braços, do tronco pra baixo...talvez um pouquinho na calça – nada exagerado. A Sam gosta quando estou bem perfumado, embora a mesma nunca tenha dito isso, eu sinto quando ela fica me cheirando no pescoço.

     Depois do perfume, escovo os dentes e faço a barba rala – a "barba". Saio do banheiro e volto para o quatro, para terminar de me vestir. Escolhi uma camiseta de flanela, de abotoar e listrada, já pensando na Sam tirando-a do meu corpo. Deixo os dois primeiros botões abertos, e troco a correntinha de prata por uma folheada a ouro, maior e mais fina.

     Quando termino de calçar meu All Star branco, fico de pé e vou me olhar no espelho. Espero não estar arrumado demais, porque vou levar ela pra comer pizza. Não é o encontro perfeito, chique e caro que muitas garotas sonham, mas a Sam não é desse tipo. Ela curte simplicidade.

     E eu tô duro esse mês – de grana, não do jeito que eu gostaria de estar duro.
    
     Visto minha jaqueta de couro enquanto vou deixando o quarto, descendo as escadas a passos largos. Quando estou abrindo a porta para sair, a voz da minha mãe me alcança no corredor, e eu sou obrigado a virar e encara-la.

      — Onde é que você pensa que vai? — Ela pergunta num tom ríspido e estressado.

     Deve estar de TPM, ou coisa parecida.

      — Sair com a Sam. — Digo tranquilamente — Avisei que eu ia sair com ela.
      — Hum.

     Minha mãe põem a mão nos quadris, e percebo como seus olhos me examinam da cabeça ao pés. Ela já está de roupão, daqueles que tocam o chão e escorregam pelo piso enquanto caminha. O cabelo preso e a caneca de chá fumegante em sua mão me dizem que ela já estava planejando se deitar. Ainda é cedo pra dormir, mas minha mãe não funciona igual um ser humano normal.

     — Você tem um péssimo gosto pra roupas. — Ela murmura — Não chegue tarde demais, ou eu vou arrancar seu couro fora.

     Minha mãe vira o rosto de lado, esperando por um beijo na bochecha. Suspirando, me inclino em sua direção e faço como desejado.

     — Juízo, Christian. — É a última coisa que me diz antes de subir as escadas.


    Dirijo até a casa do pai da Sam. Enquanto aproximo o jipe do meio fio, começo a ficar nervoso. Odeio me encontrar com o pai dela; esse cara me odeia. Fora que também não sou nenhum fã dele, e ele sabe disso, o que só me deixa mais nervoso. Eu tirei a virgindade da filha dele, dentro da casa dele, não tem como...

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora