C A P Í T U L O 81

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SAMANTHA PRICE

     O drive-thru está cheio, para uma noite de terça feira, pelo menos. Ele não chega a encher todas as 10 fileiras, mas enche praticamente a metade, com alguns carros solitários nas fileiras mais de trás. Christian só não pega uma vaga lá trás também, porque a fileira do meio é a melhor para assistir o filme sem ter problemas. Lá trás não serve nem pra ficar de pegação, porque tem os seguranças de olho, e na frente também não, porque a luz do telão é mais forte. O meio é que é perfeito pra tudo; pra se pegar, pra assistir o filme sem ter torcicolo ou problemas de visão.

     Christian estaciona o carro na fileira do meio, enfim, e desliga o motor.

     — E aqui estamos nós. — Christian passa o braço ao redor do meu banco, e olha para mim, sorrindo de forma charmosa e sedutora, como um galã dos anos 60. — Espero que eu consiga compensar por aquela noite.
     — Só de ter entrado no drive-thru comigo, já é uma conquista.

     Damos risada.

     — Sam... desculpa ter deixado você esperando naquela noite. — Christian abaixa os olhos para o chão do carro, e murmura como num tom de voz como estivesse com vergonha, ou apenas pensando na noite citada.

     Eu me sento com as pernas dobradas em cima do banco, e me viro para pegar em sua mão, entrelaçando nossos dedos. Ainda com a cabeça meio baixa, Christian olha pra mim e passa o polegar gentilmente por meu dorso.

     — Não é culpa sua. — Murmuro só para que apenas Christian ouça, o som das conversas e do movimento ao redor do "nosso" carro tão distantes, que é como se estivéssemos parados do outro lado da rua. — Sei que não foi sua intenção me deixar esperando; foi tudo culpa da Tess.

     Ele sorri de canto, e ficamos os dois encarando um ao outro por alguns segundos. Se estivéssemos namorando, eu o beijaria ou então ele me beijaria, e ai depois sorririamos mais ainda. Mas não estamos namorando. Dou um aperto suave em sua mão, e depois a solto para me sentar direito no banco outra vez. Christian limpa a garganta para quebrar o clima, abrindo a porta do carro para sair.

     — Você ainda tá cheia do jantar? — Ele pergunta — Ou vai querer pipoca?

     Franzo o nariz e balanço a cabeça.

     — Pipoca não. Mas refrigerante e amendoim, por favor.
     — Refrigerante de cereja?
     — Óbvio. — Arqueio uma sobrancelha e sorrio pretensioso. Christian revira os olhos, se virando para ir em direção a barraquinha de comida e ingressos. — E é amendoim sem casca! — Acrescento com um grito, ficando de joelhos em cima do banco. Christian ergue um polegar no ar para confirmar.

     Rindo para mim mesma, volto a me sentar direito, um suspiro escapando por entre meus lábios. Olho para o telão lá na frente; há uma mensagem bonitinha de espera acesa. Lá trás, bem na direção do telão, encontra-se uma cabine de onde sai a luz do projetor de cinema. Eu acho esse lance de drive-in tão retrô-chique – sim, drive-in; drive-thru é outra coisa um tanto parecida, mas no ano em que o drive-in foi construído, a prefeitura não tinha dinheiro o suficiente para as letras "i" e "n", então reutilizaram as letras do drive-thru que havia sido demolido no ano anterior, e está assim até hoje.

     Enfim, como eu ia dizendo...esse lance de drive-in é muito retrô-chique. É muito difícil de achar uma cidade que ainda tenha um drive-in, mas ao mesmo tempo é mais fácil em cidades pequenas, como Bridgton. Seja como for, há pelo menos uma coisa boa em ter nascido nesse fim de mundo.

     Logo Christian volta para o carro com amendoim e duas garrafas de refrigerante de cereja, e, ah, um saquinho de jujubas. Olho para ele, sorrindo com graça enquanto abro a embalagem de amendoim.

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