C A P Í T U L O 1

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CHRISTIAN ANDERSON

      Meu sono pesado é interrompido pela voz da Sam. O rosto dela aparece na minha frente, e há lágrimas em seus olhos. Ela está chorando, mas parece mais irritada do que triste, e talvez um pouco chateada. Posso ouvir ela gritar comigo; não, ela está furiosa.

     E está furiosa comigo.

     — Vai se foder! — Ela continua gritando, mas o som vem baixinho para mim.

     Depois disso, a vejo correr e ir embora, enquanto eu fico parado e não faço nada.

     Abro os olhos, mas me arrependo assim que uma luz extremamente forte faz minha cabeça doer como se mil fogos de artifícios estivessem explodindo dentro dela. Volto a fecha-los, bem rápido e a tempo da dor me fazer resmungar baixinho. Caralho.

     Minha cabeça está pesada – pesada demais. Meu corpo está pesado – pesado demais. É como se eu fosse chumbo, e até quando tento mexer os braços, sinto um pouco de dificuldade. Respiro fundo e volto a abrir os olhos, dessa vez um pouco mais devagar.

     Não vejo mais claridade forte, apenas a prateleira de troféus e medalhas encostada na minha parede azul. Mas isso não significa que minha cabeça pare de doer, pelo contrário, parece ficar mais forte. Nossa, que vontade de arrancar minha cabeça fora agora.

     Mexo meu braço esquerdo, o levantando até a altura dos meus olhos e mexendo de um lado para o outro. Permanece pesado, e quando fecho o punho e aperto estou sem forças. O que tem de errado comigo? Tento organizar meus pensamentos, ligar os pontos que me levam até aqui, mas eu não consigo me lembrar de absolutamente nada em relação a noite passada. É um branco total.

     A última coisa de que me consigo lembrar sobre ontem a noite, é de dar alguns goles numa garrafa de vodka. Merda. Não acredito que enchi a cara daquele jeito quase mortal de novo. Por que eu fiz isso? Qual é a porra do meu problema?

     Volto a abrir a mão, e jogo meu braço para o lado, prestes a tentar me espreguiçar quando percebo que bati em alguém. Ouço um resmungo feminino e meu coração dispara. Por favor, que seja a Sam. Por  favor, que seja a Sam. Por favor que seja a...

     — Tess? — Resmungo, e minha voz está mais rouca do que o normal. — Que porra...?

     Afasto bem devagar minha mão de seus cabelos negros, que estão jogados para o lado. Isso – ela aqui na minha cama, seminua – não faz o menor sentido. Mais uma vez, tento forçar minha mente a achar um explicação lógica para isso tudo, mas ainda não consigo me lembrar de absolutamente nada sobre essa noite. É como se eu tivesse apenas dormido o tempo inteiro, e nada tivesse acontecido durante esse período todo.

     Quem me dera fosse isso.

     Leva alguns minutos até eu conseguir fazer meu cérebro ligar e começar a pensar, mesmo que ainda esteja meio lesado. Não acredito que eu transei com a Tess. Entro em pânico, e meu coração bate mais forte no meu peito, sendo a única coisa no meu corpo sendo capaz de funcionar sem a capacidade de um Bicho Preguiça.

     Eu prometi pra Sam que não faria isso, e eu pensei que seria fácil cumprir a promessa, porque ela é a única garota com quem eu gostaria de continuar transando – não é exatamente muito romântico, então lá vai uma versão bonitinha: eu amava ela, e não queria outra garota para o que quer que fosse. Eu amo ela. Não faz o menor sentido que eu quisesse transar com a Tess. A não ser que eu tenha enchido a cara, porque eu só faço merda quando fico bêbado, não importa se eu queira ou não fazer a merda. Eu simplesmente faço-a-merda.

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora