C A P Í T U L O 182

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SAMANTHA PRICE

     Nem sei que horas são quando acordo na manhã de domingo.

     Estico os braços, abrindo a boca num longo bocejo. Foi um sono tão gostosinho, não quero levantar da cama, e ao mesmo tempo não consigo voltar a dormir. Eu já tentei.

     Ao invés de sair da cama, me viro e pego o celular no chão. Mandei uma mensagem para o Christian quando cheguei ontem, e fui dormir sem uma resposta. Meio que estava esperando uma agora, mas...nada. Ele não respondeu. Só visualizou. Que estranho.

     O Christian sempre responde minhas mensagens na hora. Raramente, quando não responde na hora, é porque não visualizou. Mas agora ele visualizou e me deixou sem resposta.

     Mando outra mensagem, só pra testar.

Bom dia!
Tá acordado?

     Nada. Nem resposta, nem visualização.

     Depois dessa, eu até levanto da cama.

     Vou no banheiro fazer xixi, e depois vou para a cozinha tomar café. No caminho olho para o sofá, buscando Charles e minha mãe, mas só há uma manta embolada jogada de canto. Ontem a noite, quando cheguei da escola, os dois estavam dormindo no sofá juntinhos, agarrados feito dois adolescentes. Eles devem ter ido pra cama no meio da noite.

     Entro na cozinha, e encontro minha mãe sentada na mesa, tomando café e comendo torradas com queijo branco.

     — Bom dia! — Ela sorri gentilmente
     — Bom dia... — Murmuro sonolenta, me arrastando para sentar numa cadeira. - E o Charles?
     — Dormindo.
     — Hum...a noite então foi agitada. - Provocando
     — Não são nem dez horas ainda, Sam, por favor...

     Dou uma risadinha rouca.

     Pego suco e algumas torradas para mim, junto com uma tigela de iogurte grego com mel. Estou morta de fome, e quero encher o estômago antes de começar a processar as coisas da minha vida. Por exemplo, como ter sido rejeitada pela Johanna. Porra, por que já estou pensando nisso?

     — E aí, como foi o baile ontem? — Minha mãe pergunta animada. — Se divertiram? Nem vi que horas você chegou.
     — A gente veio cedo. — Conto — O Christian precisou voltar pra casa.
     — Por que?

     Dou de ombros.

     — A mãe dele tava ligando e mandando mensagem, então ele achou melhor vir embora. Mas, num geral, foi um bom baile.

     As lembranças de ontem a noite me fazem sorrir um pouco – as lembranças boas. Christian e eu até que nos divertimos, como se não fossemos repetir a dose tão cedo. Dançamos pra caralho, só não deu tempo de uma dança lenta de verdade, mas não tem problema. Tirando o problema com a Johanna, com a Lauren e o Nate, vou levar a última noite no coração pelo resto da minha vida.

     — Teve rei e rainha do baile, ou vocês não fazem mais isso em bailes da escola? — Minha mãe leva a caneca de café até os lábios.
     — Ah...quem me dera não tivesse mais isso? — Reviro os olhos — Mas o rei da noite foi o Nate.
     — Mesmo? Charles vai adorar! — Ela ri — E a rainha?
     — Foi a namorada dele.

     Suspiro, pensando nos dois. Espero que o Nate fique bem. Eu sei como é se sentir insuficiente depois de descobrir que foi traído, mesmo que minha experiência tenha sido pura enganação. Eu ainda achava que era corna, e aquilo machucou.

     — Mas a noite não foi legal pra eles. —Digo, e mordo um pedaço da torrada com queijo branco.
     —  Por que?

     Começo a explicar para minha mãe o que aconteceu, e ela escuta tudo silenciosamente, bebendo seu café e ficando mais chocada a cada revelação.

     — Coitado do Nate! — Ela lamenta com tristeza — É horrível ser traído, e ele com certeza não merecia isso. Ele parecia gostar muito dessa menina.
     — É, e gostava...
     — Vocês são tão novinhos pra passarem por esse tipo de decepção amorosa. Mas é assim que funciona a vida, né? Essas coisas acontecem pra fortalecer a gente. É claro que nem todo mundo aguenta o peso, mas isso não os torna impotentes, apenas humanos.

     Dolorosamente volto a pensar na Johanna e no estágio e no meu quadro rejeitado...

     — Mãe, lembra daquele estágio com a Johanna Symoné? — Pergunto com um gemido.
     — Ah, claro! A sua heroína! — Ela sorri largo — Peço a Deus todos os dias para que minha filhinha possa realizar seus sonhos.

     Solto outro gemido de lamentação, e deixo meu corpo derreter na cadeira.

    — Eu não consegui o estágio. — Resmungo — A Johanna não gostou do meu quadro.
     — Ah... — Minha mãe pousa a caneca de café em cima da mesa lentamente. — Sinto tanto, querida. Sei como você desejava esse estágio.

     E eu desejava muito. Era um sonho de vida, além de que poderia ser algo que me abriria portas, e, quem sabe, não me ajudaria a decidir o que vou fazer da vida depois da formatura. Agora estou perdida quanto a isso.

     — É...

     Minha mãe levanta da cadeira, e da a volta na mesa para me abraçar.

     — Você é uma artista incrível. — Murmura com a voz abafada. — Não deixe que digam ao contrário, nem que façam você se rebaixar. Tenho certeza de que o destino vai lhe dar uma segunda chance, querida. O destino tem planos para todo mundo.

     Tem nada. O destino é um grandíssimo filho da puta.

     Mais tarde, eu reúno vontade pra arrumar meu quarto. Está uma bagunça, revirado de pernas para o ar, e eu quero organizar algumas coisas, porque quero estar preparada para quando minha mãe quiser finalmente se mudar para a casa de Charles. Isso vai acabar acontecendo, consigo sentir. Não vou nem pendurar minhas fotos e desenhos na parede, como esteva planejando, porque depois vou ter que tirar mesmo.

    Junto as roupas sujas para lavar, e dobro as que estão limpas. Também troco a roupa de cama, e tiro o lixo de papel espalhado pelo chão.

Ainda estou no meio de uma limpeza concentrada, quando ouço uma mensagem chegar no meu celular. Como Christian até agora não me respondeu, eu largo tudo o que estou fazendo para ir ver a mensagem, com a esperança de que seja ele.

Me sento na cama, pego o celular, e... definitivamente não era a resposta esperada.

Eu leio a mensagem dele várias vezes, mas ela ainda não faz sentido para mim. Sinto aquele aperto no coração, mesmo que isso também não faça sentido. Eu penso nele, e o aperto no coração piora. Espera...isso...o que?

Releio a mensagem pela quinta vez. Ainda não faz sentido.

C: Meu avô morreu.

O avô dele... ah, merda.

Fim do livro 2.
Samantha e Christian voltarão.


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