C A P Í T U L O 50

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CHRISTIAN ANDERSON

     Encosto a testa na porta fechada e dou um soco leve na madeira nobre, fazendo minha mão doer. Ela está dolorida desde que porrei o Scott, e qualquer movimento com ela já dói pra caralho, tentei até não resmungar enquanto transava com a Sam. Mas, agora, a dor parece bem vinda.

     Eu tô puto. Puto pra porra. Não acredito que a Alyssa estragou tudo, justo quando as coisas entre mim e Sam estavam indo tão bem, na medida do possível. Pela primeira vez, ela transou comigo e continuou nos meus braços, me beijando, me fazendo carinho. Isso é ainda melhor do que o sexo, por incrível que pareça.

     Mas agora não faz diferença, porque, aparentemente, Alyssa não consegue suportar a ideia de me ver com a Samantha, nem que por uma noite só. Tudo bem ela não se sentir confortável com a ideia, mas dar um chilique por causa disso? Nem eu sou tão infantil assim.

     Estou tão puto, que ignoro o pedido da Sam sem nem pensar duas vezes, e subo as escadas para ir atrás de Alyssa. Estou tão, tão puto, que sinto calor e mal consigo respirar se não for rápido e forte. Empurro a porta do quarto dela, entrando de supetão.

     — Que porra foi essa?! — Grito e ela olha pra mim, assustada. Há uma marca vermelha bem forte em uma de suas bochechas, mas eu nem paro pra pensar nisso, até porque sinto a raiva tomar conta de todos os meus pensamentos "sensatos".
     — Sai daqui! Me deixa em paz! — Gritando, Alyssa se levanta da cama e tenta me empurrar para fora do quarto, mas eu a seguro pelos pulsos para impedi-la. — Vai embora, Christian!
     — Não até você me dizer por que caralhos gritou com a Samantha daquele jeito!
     — Porque ela é uma piranha! E é isso o que você faz com piranhas; você grita que elas são piranhas!

     Eu a solto e respiro fundo. Sinto uma raiva enlouquecedora que nunca havia sentido antes, percorrendo pelas minhas veias feito choque, como quando encostamos no chuveiro elétrico ligado sem querer. Passo as mãos no cabelo, puxando os fios de um jeito que nunca havia feito antes. Quero arrancar fio por fio, apenas para afastar da minha cabeça a ideia de bater na Aly. Eu nunca bati na minha irmã, nem de brincadeira e nem nada do tipo, eu até chorava com ela quando a acertava sem querer. Mas essa na minha frente não é minha irmã, porque minha irmã nunca me faria sentir vontade de bater na mesma. Minha irmã não seria uma vaca como está sendo agora.

     Não tenho mais paz...

     Eu solto meus cabelos e volto a olhar para ela, que me encara como se eu fosse uma espécie de inseto nojento.

     — Qual é o seu problema, cara? — Balanço a cabeça — A Sam é sua única melhor amiga, a mesma que está sempre aqui quando você precisa. — Preciso manter a calma, ou vou surtar. Não aguento mais os dramas dela. — Só porque ela transou comigo, não significa que ela vai deixar de se importar com você.

     Alyssa cruza os braços e desvia o olhar do meu.

     — Vocês são insuportáveis. — Ela diz — Ela fica mentindo pra si mesma o tempo inteiro, caindo no seu papinho escroto de "estou arrependido". Enquanto eu fico aqui, igual uma trouxa, esperando pelo momento em que a outra trouxa lá vai parar de abrir as pernas pro cara que traiu ela.
     — Ah, então é isso? Você está com ciúmes de mim? — Não consigo evitar de revirar os olhos. — Olha só, eu vou te dizer uma coisa, porque sou seu irmão e quero o seu bem: a Sam nunca vai sentir por você, a mesma coisa que sente por mim. E sabe por que? Porque ela não gosta de mulher, que nem você gosta.

     Sei que é uma coisa dura de se dizer para uma garota lésbica e apaixonada pela melhor amiga hétero, mas o que posso fazer? Alyssa vem se iludindo com a Sam durante quase quatro anos, nunca me deixava sequer ficar conversando com a garota, e quando eu finalmente tenho seu coração, preciso me sentir mal por estar apaixonado por uma garota que também está apaixonada por mim? Tudo bem que a Sam agora me odeia em parte, mas eu sei, simplesmente sei, que ela ainda me ama. Lá no fundo ela ainda me ama.

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora