C A P Í T U L O 93

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CHRISTIAN ANDERSON

     Um som irritante invade meus sonhos, ecoando pela minha cabeça bem distante, como se fizesse parte do sonho, mesmo eu tendo a certeza de que não é – o som é extremamente familiar. Suspirando, eu me reviro na cama, procurando da onde está vindo a música. Acabo tendo que abrir os olhos contra a vontade, e, pela escuridão do quarto, percebo que ainda é noite.

    Coço os olhos, me abaixando para pegar o celular carregando no chão. Franzo a testa enquanto tento enxergar o que está escrito na tela, depois afasto o celular que nem um velho usando o Facebook, ainda tentando ler  – astigmatismo é minha sofrência diária. É a Sam me ligando e por isso, somente por isso, eu atendo.

     — Oi, linda... — Resmunguei sonolento, voltando a deitar direito na cama.

     "Oi..." Posso sentir o sorriso em sua voz baixa, e por isso eu sorrio também. "Acordei você? Tá com uma vozinha de sono..."

     — É, acordou. — Dou uma risadinha — Mas tudo bem.

     "Desculpa, é que eu cheguei agora, e eu tava sem bateria por isso só consegui ver suas chamadas perdidas agora também. Não queria ter acordado você."

     — Eu já disse que tá tudo bem, relaxa. Não me importo de acordar no meio da noite, se for pra ouvir sua voz. — Digo baixinho, com calma, porque estou morrendo de sono. Desejo que ela estivesse aqui comigo, com a cabeça deitada no meu peito, me ouvindo falar pessoalmente. É muito gostoso fazer isso, melhor que sexo, melhor que ficar bêbado, melhor que fumar maconha – porque já fumei, mas não tô afim de pensar nisso agora.

     "Ah...nossa, assim você me deixa sem graça", Sam ri baixinho.

     — É minha missão de vida na Terra. — Ponho o celular em viva voz, o deixando de lado enquanto abraço o travesseiro, fingindo que é ela. — Já deitou pra dormir?

     "Ainda não", a ouço suspirar. "Ainda preciso trocar de roupa e tomar meus remédios. Mas tô morrendo de cólica...por isso ainda não me mexi pra nada."

     — Já tomou seu remédio?

     "Pra cólica? Sim...mas não funciona muito. Geralmente tenho cólicas fortes, já até me acostumei."

     — Você devia ver isso. — Franzo a testa como se Sam pudesse ver. — Pode ser sério.

     "Não, eu sei que não é nada", ela responde, completamente despreocupada. "Minha mãe diz que sentia o mesmo, e que só melhorou depois que ficou grávida de mim."

     — Então você precisa ficar grávida pra melhorar? — Solto uma risadinha sem graça, fechando os olhos por um momento; mal consigo mante-los abertos.

     "Prefiro morrer sentindo cólica pelo resto da minha vida."

     Dessa vez eu dou uma risada mais alta, até mesmo abrindo os olhos outra vez.

     — Mas é sério, você tá bem?

     "Tô sim...deve ser efeito colateral da pílula que tomei mais cedo, ou deve ser porque estou perto de menstruar, sei lá."

     — Eu devia perguntar quando vai descer? — Nunca precisei me preocupar com a menstruação de uma mulher, porque nunca tive uma namorada e eu Alyssa e eu não falamos sobre isso quando ela está no período. — Sei lá...como a gente mantém uma relação sexual ativa, eu deveria saber, certo? Ou tô errado? Meu Deus, eu não faço ideia.

     Sam começa a rir, e o som me faz sorrir de novo.

     "Relaxa, eu aviso quando descer", ela garante. É até melhor assim; não quero ter que baixar um daqueles app de calendário menstrual no celular. "Mas acho que até domingo desce, porque já não vem tem um ou dois meses..."

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