ANTES...
QUATRO ANOS ATRÁSAs estradas a caminho do lago Woods Pond são uma porcaria. O concreto é rachado, e há buracos aleatórios no meio do caminho, que às vezes nos faz sacodir repentinamente de um lado para o outro, e eu acabo batendo com o braço contra a porta do carro. Marcie, nossa empregada/governanta parece fazer de tudo para evitar os buracos, mas nem sempre é possível.
Não me lembro das estradas serem assim em Seattle. Na verdade, nada em Seattle era como é aqui em Bridgton. Aqui quase todas as ruas possuem esse mesmo asfalto de merda, e as casas são pequenas ou simples demais. Não há prédios nem arranha céus modernos, só pequenos prédios de construções antigas. Os maiores prédios são dos hospitais; o Memorial Bridgton e o Hospital Infantil. Também tem a prefeitura. Não tem shopping, tem feira. Não tem Burguer King, só McDonald's. Não tem 7-Eleven, mas tem uma lojinha qualquer que chega perto disso.
Morar em Bridgton é como morar no interior. Mas não estamos no interior, estamos numa cidade pequena do Maine. Quer dizer, é quase a mesma coisa, só que não é. Dá pra entender? Acho que dá.
Distraído, olho pela janela. Estamos cercados por árvores altas e verdes. É noite, e está escuro lá fora. Quando tento olhar para através das árvores, não vejo nada além de escuridão e sombras. Tento olhar o céu, mas as árvores na beira da estrada limitam minha visão. Tudo o que consigo ver é um pouco de nuvens, e, às vezes, a meia-lua brilhando lá no alto.
É só mais uma típica noite, num típico halloween.
O halloween aqui não é muito diferente do de Seattle. Não sei porque achei que fosse ser diferente. Claro, só se torna um tantinho diferente porque aqui a gente não conhece quase ninguém, e os vizinhos são estranhos para nós, por isso a Marcie nos acompanhou durante a ida de porta em porta. Mas fora isso, a bagunça é a mesma, as crianças e as pessoas fantasiadas são as mesmas, e o espírito é o mesmo. Fico aliviado por isso.
Só que agora, Marcie está nos levando para nossa primeira festa do ano. A primeira festa para qual fomos convidados pela garota popular da escola, a Tess. Quer dizer, eu fui convidado, porque somos amigos e temos outros amigos em comum. Mas acho que não tem problema trazer a Alyssa junto, já que somos irmãos e etc.
Era assim que eu pensava até o início da semana, mas, desde a madrugada passada, sinto que estou convivendo com outra pessoa. Alyssa Anderson, minha irmã gêmea dois minutos mais velha, me contou que gosta de garotas também. E, porra, ela fez isso no meio da noite. Tipo, me acordou e deitou do meu lado para dizer que é lésbica.
Ainda não descobri como me sinto em relação a isso, mas naquela hora eu disse para ela que eu a amo. É claro que amo, é minha irmã – é a pessoa que mais amo no mundo. Só que ela jogou um peso do tamanho de um hipopótamo nas minhas costas, e...cara, sei lá. É estranho. Não o fato de uma garota gostar de garotas – não vejo problema nisso –, mas o fato da minha irmã gostar de garotas.
A promessa que lhe fiz ontem a noite ainda está martelando minha cabeça. Estou me perguntando se foi uma boa ideia, porque sinto que não posso cumprir essa promessa. Alyssa não sabe que tenho um crush pela Sam King, porque tive vergonha de contar. Mas eu sei que a Aly tem um crush pela loirinha esquentadinha, porque essa foi uma das coisas que ela resolveu contar para mim ontem. E agora eu tenho uma promessa que não pode ser descumprida: não posso chamar a Sam para sair. É uma tortura, porque gosto muito dela.
E tem mais! Eu vi a Sam primeiro. Foi eu quem falou com ela primeiro. Tudo bem que ela me ignorou, mas isso não é tão importante aqui. Os detalhes são dispensáveis. Eu gostei dela primeiro, isso é o que importa. Alyssa nem tem coragem de falar com a Sam...o que faz um pouco de sentido, mas mesmo assim. A Sam nem parece gostar dela também, porque está sempre envolta naquela cara de cu, e ignora minha irmã do mesmo jeito que ela me ignora. Rá! Ela não gosta de nenhum dos dois!
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All For Love ✓2
TienerfictieLivro #2 OBS.: Sinopse possui spoiler do livro #1 Samantha Price estava de coração partido. O garoto pela qual jurava estar apaixonado por ela havia cometido um erro - o erro que ela mais temia acontecer. Depois da terrível - e quase fatídica - no...