C A P Í T U L O 172

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SAMANTHA PRICE

     Acordo cedo na segunda-feira para ir ao hospital. Hoje é o dia em que, muito provavelmente, vou tirar permanentemente a joelheira ortopédica. Tudo vai depender do que o médico disser – ele vai examinar, e se achar que meu joelho já está bom, vou poder voltar para a escola.

      Tomo banho embaixo da água quente assim levanto da cama. Consigo ficar de pé no chuveiro sem precisar de uma cadeira porque a porcaria do meu joelho está fraquejando. Estou tão ansiosa para saber qual vai ser a palavra final do médico hoje, que fico "dizendo ao meu joelho" para que se comporte hoje, sem dor, sem fisgadas; comporte-se.

     Mas foi só uma torção no joelho, o tempo de recuperação é curto assim mesmo. Vai ficar tudo bem.

     Depois do banho volto para o quarto, e me visto com um body preto de alças finas e uma saia preta estampada com o desenho de rosas cor-de-rosa. Passo pelos braços um cardigã de tricô rosinha bebê, erguendo um pouco das mangas até os cotovelos. Quando me sento na cama para calçar minhas botas de cano curto, tento dobrar o joelho para cima, o que demanda movimentos lentos da minha parte. Ele emite um som de estalo que me assusta, mas não dói, nem mesmo quando piso com o pé no chão de novo.

     Mexo a perna mais algumas vezes. A dorzinha leve que sinto em certos movimentos me preocupa, e quando me levanto, andando em direção ao outro lado do quarto, estou mancando um pouquinho ainda. Pelo menos as muletas estão encostadas na parede, sem haver necessidade de uso.

     Termino de me arrumar fazendo um rabo de cavalo, e passando gloss de morango nos lábios. Saindo do quarto pego minha mochila – talvez eu vá para a escola depois do hospital – e as muletas, embora não veja necessidade de levar as muletas.

     Meu pai está sentado à mesa, lendo o jornal impresso igual a todos os velhinhos que moram aqui na rua. Sofia está tomando suco verde e lendo uma revista sobre confeitaria. Ela está toda arrumada, usando um vestidinho amarelo formal, cabelos presos e maquiagem informal.

     — Agora você se arruma para ficar em casa? — Pergunto ao passar por ela, indo pegar um café descafeinado – o único que minha mãe me deixa tomar, ainda bem que tomo só pelo gosto.

     Sofia olha para mim, sorrindo pequeno e meio sem graça.

     — Samantha, por favor, seja educada. — Meu pai me adverte, olhando para mim brevemente antes de voltar a ler a sessão de economia do jornal.
     — Está tudo bem, How. — Diz Sofia — Pensei que seu pai havia dito que estou voltando da licença maternidade, Sam. — Ela volta a sorrir para mim, menos afetada agora. — Estou tão empolgada!
     — Ah... então você ainda é secretária dele? — Me recosto no balcão da cozinha.
     — Samantha. — Meu pai resmunga entredentes.

     Decido ficar quieta e beber meu café.

     Eu não sabia que a Sofia ia continuar trabalhando para meu pai. Cara, deve ser muito estranho trabalhar para seu próprio marido, ainda mais num cargo tão pequeno como o de secretária. Ela tem diploma, eu acho, por que não procura um emprego na área dela?

     — E o Todd vai ficar com quem? — Pergunto, tentando soar curiosa e não preocupada.
     — Enquanto eu não achar uma babá nova, ele vai ficar na creche do prédio da empresa. — Sofia fecha a revista, e se levanta para pôr a louça pra lavar.
     — O quê houve com a babá antiga?
     — A Amanda? Ela está na escola, não pode ficar com o Todd o dia inteiro. — Ela ri, enquanto eu fico chocada.

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