C A P Í T U L O 73

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SAMANTHA PRICE

     Cruzo os braços e me recosto na cadeira de plástico da secretaria, meu pé batendo rapidamente no chão. A secretária sentada atrás de um balcão, logo na minha frente, estoura uma bola de chiclete enquanto lixa as unhas. O aquecedor está ligado no que parece ser o máximo, porque estou cozinhando aqui dentro, por isso ergo as mangas da minha camiseta.

     Tess está lá dentro da sala do diretor, e eu posso ouvir daqui as vozes deles, mas não consigo entender o que dizem. O diretor achou que seria uma "ótima" ideia conversar com as duas separadas, antes de conversar com nós duas juntas. Mas, na real, sei que ele só vai ouvir a Tess; os pais dela patrocinam a escola, foram eles que doaram o dinheiro que construiu o campo de futebol e o campo de baseball, além da quadra de basquete, então acho meio óbvio que ele vá puxar o saco dela. A única coisa para que meus pais contribuíram com a escola foram com os bolinhos de nozes e chocolate que minha mãe fez para uma feira de doces, e meu pai...meu pai não fez porra nenhuma.

     Olho para o relógio na parede a cima da porta do diretor; eles estão lá já faz quinze minutos. Desço o olhar para o vidro fosco da porta, vendo suas silhuetas refletidas. Aposto que a Tess está dando uma de "Pobre Thereza". De repente, a silhueta maior se levanta, vindo em direção a porta, e eu imediatamente desvio o olhar de volta para a secretária distraída. Então, a porta se abre.

     — Srta. Price, pode entrar, por favor? — Diz o diretor educadamente. Eu disse que ele ia conversar só com a Tess separadamente.

     Eu me levanto e entro na sala, sem olhar para ele, apenas olhando para a Tess. Ela tem um olhar dissimulado no rosto, enquanto sua mão pressiona uma bolsa de gelo na cabeça. Deixei um arranhão em sua boca, e outro perto da sobrancelha. Reviro os olhos discretamente, me sentando ao seu lado. O diretor se senta a nossa frente, juntando as mãos em cima da mesa e sorrindo suavemente.

     — Bom, agora que temos as duas aqui, podemos continuar a conversa. — Ele diz — Srta. Price, a Srta. Armstrong me contou que foi você quem começou a briga, isso é verdade?

     Abaixo a cabeça, brincando de batucar os dedos na madeira da mesa.

     — É. — Murmuro
     — Por que?

    Olho para Tess.

     — Porque ela é uma piranha. — Digo, o que pega o diretor de surpresa.
     — Srta. Price, por favor, não vou permitir esse tipo de palavreado durante nossa conversa. — Ele diz calmamente. Olho para o mesmo.
     — Tudo bem então...porque ela é uma mentirosa.
     — Mentirosa? E por que a Srta. Armstrong mentiria pra você?
    
     Dou de ombros.

     — Sociopatia, talvez.

     O diretor suspira profundamente.

     — E qual teria sido essa mentira? Imagino que tenha sido algo sério, para que você, uma aluna exemplar, tenha precisado usar da violência.

     Hesito antes de responder. Não é como se eu não quisesse expor para Deus e o mundo sobre o quão escrota Tess Armstrong é, mas também não acho que envolver o direto seja uma boa ideia; ele vai ter que chamar nossos pais, vai ter uma burocracia danada... não, ainda preciso conversar com o Christian.

     — Ela me fez acreditar que a pessoa que mais amo no mundo me trairia. — Digo por fim, baixinho

     O diretor me encara por alguns segundos, depois olha para Tess, que faz uma carinha de anjo e dá de ombros.

All For Love ✓2Onde histórias criam vida. Descubra agora