CHRISTIAN ANDERSON
"Seria mais fácil, se você usasse o restante na lava louças?" Qual é o meu problema? Por que eu não disse um "oi" igual a um cara normal? Melhor; por que eu não fiquei quieto? Quando se trata da Samantha, volto a agir como o garoto de 13 anos curioso pela garota de rabo de cavalo e All Star cor-de-rosa com rabiscos nas partes brancas; ou seja, um idiota. Bom, eu ainda sou um idiota, mas em um sentido diferente do daquela época
Lava louças? Sério? Já faz horas e eu ainda só penso nisso.
Reviro os olhos para mim mesmo quando entro no quarto, depois de voltar do porão, e tranco a porta. Que dia de merda. É torturante ter que dividir o mesmo ambiente com minha ex-namorada, que só piora as coisas ainda mais mal me olhando nos olhos ou, toda vez que se dirige a mim, falando com frieza. Alyssa só me mete em roubadas.
Tiro o boné da cabeça, jogando em cima da poltrona, e depois tombo na cama, soltando um resmungo. Fecho os olhos por alguns segundos, mas sei que não vou conseguir tirar um cochilo. Se o Nate pelo menos estivesse na cidade, eu ia ter um motivo pra sair da cabana e ir zoar com ele por aí, mas o idiota foi passar as festas de fim de ano com a mãe dele em Nova York, e ele é meu único amigo de verdade aqui em Bridgton. Sem que eu me dê conta, estou me sentando na cama e abrindo a gaveta do criado mudo bem ao lado, para pegar o desenho que a Sam deixou na minha cama – só pode ter sido ela quem deixou e fez o desenho, até porque já conheço muito bem sua assinatura como artista artista.
Tiro a folha de dentro do envelope, e suspiro pela centésima vez em que vejo o par de olhos rabiscados na minha frente; são os meus olhos. Ela desenhou meus olhos. Será que a Sam gosta tanto deles, tanto quanto eu gosto dos dela? Se eu soubesse desenhar também, provavelmente os desenharia em qualquer superfície que eu visse pela frente.
Essa simples folha de papel me deixou eufórico e surpreendentemente esperançoso. Uma parte minha, uma pequena parte, mas ainda sim uma parte, acredita que a Sam ainda vai me perdoar e voltar pra mim. Esse desenho é tudo o que tenho agora.
Me levanto da cama para procurar meus fones pra assistir alguma série no celular, ouvir alguma música, qualquer coisa que me distraia, já que meus pais se quer me deixaram tocar no piano desde que chegamos. Como estou perto da porta, acabo ouvindo Alyssa e Samantha no corredor lá fora, as duas provavelmente vindo da sala, depois de terem passado a tarde inteira assistindo filmes na televisão.
— Aaaai, minha barriga. — Alyssa resmunga
— Eu avisei pra você não encher o cu de gemada, mas você não me escuta. — Sam diz, e eu até a imagino olhando para minha irmã com uma sobrancelha arqueada; ela também me olhava assim quando eu dava uma de teimoso e não a escutava.
— Eu vou ficar beeeem. — A voz delas fica cada vez mais baixa. — Só preciso tomar um remédio pra dor de estômago e deitar.Depois disso a porta do quarto delas bate com força, ao ser fechada. Fico me perguntando se Samantha pensa em mim estando há poucos metros de distância, do mesmo jeito que eu penso. Porra, eu só preciso atravessar o quarto pra ver ela. Só isso. Será que ela pensa igual?
Sem tirar a Sam da cabeça nem por um segundo, pego meus fones, o celular e volto pra cama.
♥
Assistir Superbad de novo e de novo faz parte da minha vida desde que eu descobri esse filme. Eu nunca me canso das piadas, das músicas, dps personagens, e quando estou de muitíssimo no humor eu ainda consigo falar as falas junto com os personagens. Esse não é o caso hoje, porque mesmo que eu tente, não estou muito clima. Eu tenho estado num constante clima de "não tô afim" nos últimos dias; é como uma montanha russa que só sobe e sobe, mas nunca chega no topo, e eu fico esperando pelo momento em que vou desabar velozmente até meu cérebro virar sopa dentro do meu crânio. Essa sensação é mais conhecida como "ansiedade", ou talvez como "incerteza".
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All For Love ✓2
Novela JuvenilLivro #2 OBS.: Sinopse possui spoiler do livro #1 Samantha Price estava de coração partido. O garoto pela qual jurava estar apaixonado por ela havia cometido um erro - o erro que ela mais temia acontecer. Depois da terrível - e quase fatídica - no...